A Sucocitrico Cutrale entrou num cruzamento de más notícias que empresa nenhuma deseja, ainda que a origem delas seja sua sede em Araraquara (SP). São três, pelo menos agora, até que seus desdobramentos aconteçam.
A primeira ajuda a potencializar as altas suco na bolsa de commodities de Nova York, na semana passada, com a informação veiculada de que a Cutrale deixaria de exportar suco de laranja para o mercado americano por causa do imposto de importação de 34%.
Embora pareça pouco provável, uma vez que é o maior exportador brasileiro para aquele mercado – em torno da metade – o maior grupo cítrico brasileiro não confirmou a notícia, inclusive solicitada por pelo portal de notícias Money Times, explica seu jornalista Giovanni Lorenzon.
Mas mesmo que desminta a sua saída das exportações de suco concentrado e congelado (FCOJ), a taxação imposta pelos EUA corrói mais suas margens e a deixa com opções mais justas para desviar o produto. O mercado europeu, maior comprador do Brasil, está bem abastecido – a Citrosuco e Louis Dreyfus lideram – e ainda está importando menos.
As outras más notícias implicam na imagem corporativa, mas têm potencial para dar trabalho e resvalar nos negócios.
A mais recente pode fazer a Cutrale responder ao Ministério Público por uma série de práticas ilegais no tratamento com seus empregados, inclusive sob acusações de dispensas de mulheres grávidas, segundo denúncias da Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp).
O inferno astral do grupo se completa a partir de Londres. Domiciliados lá, José Luiz Cutrale e seu filho, Júnior, vão ser julgados pela Justiça do país, a pedido da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp) por formação de cartel e danos econômicos aos produtores de laranja brasileiros.
A ação indenizatória foi aceita pelo judiciário britânico em 5 de novembro e não se trata de primeira vez. O Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade), inclusive, já julgou procedente o mesmo caso.
NOTA DA CUTRALE
Através da agência de comunicação Kekst CNC, que representa o grupo internacionalmente, a Cutrale respondeu exclusivamente a respeito do caso na Corte de Londres:
“Estamos confiantes de que o indeferimento das ações contra a empresa é uma indicação de que este litígio não tem mérito e que, no final das contas, venceremos. A decisão de prosseguir com algumas das reivindicações foi uma conclusão sobre uma questão processual e não reflete o resultado final do caso.
Este litígio é um exemplo de busca de fórum internacional por requerentes que tentam se livrar de processos brasileiros infundados e prescritos – onde eles não têm legitimidade – e implementar a legislação brasileira no Reino Unido.
Os esforços da PGMBM são apenas uma tentativa sofisticada e bem financiada, mas infrutífera, de ressuscitar alegações que já haviam sido ouvidas no Brasil, o fórum adequado, e que repetidamente foram consideradas não apenas prescritas, mas também carecem de qualquer mérito factual.
O CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) conduziu uma extensa investigação ao longo de mais de 17 anos e não encontrou nenhuma evidência de cartel. Também não houve uma admissão de um pela Sucocitrico Cutrale ou quaisquer indivíduos. O empresário José Luis Cutrale Júnior pretende recorrer e está confiante de que o recurso terá êxito.
Embora permaneçamos da opinião de que os tribunais ingleses não são o foro adequado para a reclamação contra o Sr. José Luis Cutrale, o tribunal acabou por se ver obrigado a ouvir a reclamação contra ele como resultado das regras processuais – isto não tem qualquer relação com os méritos e continuamos confiantes de que o Sr. Cutrale finalmente terá sucesso em derrotar as reivindicações infundadas contra ele. ”