Home Destaques

Padrão de consumo muda e confirma necessidade de adaptações no comércio

Além da escolha pelas plataformas digitais, consumidores buscam lojas físicas que seguem protocolos de segurança; Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara analisa comportamento na cidade

83
Vestuário (4,80%), acessórios (2,57%), recreação e cultura (2,13%) e eletrodomésticos e eletrônicos (1,73%) foram os segmentos que mais subiram

Uma pesquisa realizada pela FecomercioSP mostrou que nove entre dez consumidores mudaram o padrão de consumo durante a pandemia da Covid-19. Seguindo as orientações de distanciamento social, muitas pessoas adquiriram o hábito de comprar pelos meios digitais, principalmente alimentos, roupas, remédios, entre outros produtos.

O estudo, que ouviu 400 consumidores paulistas entre os meses de outubro de 2020 e maio de 2021, confirma a importância de os estabelecimentos disponibilizarem suporte on-line de atendimento, além da necessidade de adaptar o ambiente físico aos protocolos de segurança sanitária. Uma vez que, se os consumidores estão comprando mais pela internet pelo medo do risco de contaminação, o cumprimento das medidas emergenciais pode auxiliar na confiança e interferir diretamente na escolha pelo empreendimento.

Diante desse cenário, João Delarissa, analista econômico do Sincomercio Araraquara, explica a relação entre a alteração no comportamento de consumo e a pandemia. “A conduta dos consumidores se altera porque as demandas básicas por bens e serviços continuam, mas a preocupação com o vírus faz com que novos hábitos surjam, substituindo os antigos. Por exemplo, pessoas que não costumavam fazer compras on-line, passaram a migrar mesmo que parcialmente para o e-commerce e quando desejam fazer as suas compras de forma presencial, optam por lojas que aderem com afinco aos protocolos. Assim, sentem-se mais seguras e confiantes”, diz.

Marly Diniz Guerra, gerente da loja Têxtil Abril, localizada no centro de Araraquara, vive esse novo contexto diariamente e ressalta que o cumprimento das medidas de segurança, além de ser um papel social, é uma maneira de garantir a movimentação dos clientes. “Entendemos que estamos atravessando uma fase muito delicada e a proteção e os cuidados para que não haja a propagação do vírus são responsabilidades de todos nós, seja das autoridades, seja dos comerciantes. Adotando as diretrizes sanitárias, podemos atrair o consumidor mais receoso”, relata.

Para o gerente da Real Mania, Felipe Pestana Torres, as compras presenciais estão mais rápidas devido à pandemia, com maior agilidade nas escolhas dos produtos pelos clientes. Ele conta que os funcionários seguem atentos às medidas dentro da loja e que tem apostado em lives nas redes sociais para vender, além de disponibilizar atendimento pelo aplicativo WhatsApp, pelo qual recebe os pedidos e segue com entregas na cidade. “Foi necessária essa adaptação com os meios digitais pelo período, mas, mesmo após a pandemia, pretendemos continuar com os serviços. É uma ampliação para os atendimentos e inovação indispensável para os dias atuais”, afirma.

NOVA FORMA DE PAGAR

João Delarisa, do Núcleo de Economia do Sincomercio

A preferência por métodos alternativos de pagamento de compras é outro processo que vem sofrendo alteração com a crise provocada pelo coronavírus. Disponível para a população brasileira desde novembro de 2020, o Pix já conta com 83 milhões de pessoas físicas e 5,5 milhões de empresas registradas. De acordo com o Banco Central, apenas em maio de 2021, mais de R$ 382 milhões foram movimentados por meio da modalidade.

Essa popularização também tem sido percebida em Araraquara, onde a nova forma de pagamento tem recebido boa adesão, principalmente pela rapidez, comodidade e por evitar o contato com máquinas e dinheiro. “Notamos um aumento significativo dos pagamentos por meio do Pix. É prático tanto para o cliente quanto para a loja, já que o recebimento é feito de maneira automática”, afirma a gerente da Têxtil Abril.

Apesar da sua utilização ainda ser maior entre pessoas físicas, o Pix vem ganhando cada vez mais espaço na relação entre consumidor e empresa. Segundo o Banco Central, em maio de 2021, foram realizadas 64,7 milhões de transações de pessoas para empresas por meio do Pix – valor 36% maior em relação ao mês anterior. Desde a sua implementação, mais de 192 milhões de pagamentos de pessoa física para pessoa jurídica foram efetuados.

Quantidade e variação mensal de transações Pix liquidadas de pessoas para empresas (P2B) – nov/20 a mai/21

Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: Sincomercio Araraquara

Além da facilidade, a utilização das máquinas de cartão envolve uma taxa em cada transação realizada e, ainda, tem o custo de aquisição ou aluguel do aparelho. O Pix, por outro lado, oferece custos mais baixos para pessoa jurídica, e algumas instituições financeiras não têm cobrado os pagamentos instantâneos de seus clientes jurídicos.

“Os avanços da tecnologia vêm provocando grandes transformações nos hábitos da população. É esperado, portanto, que as novas modalidades de compra e pagamento digitais conquistem cada vez mais território, revolucionando de forma definitiva a relação dos consumidores com o varejo”, avalia João Delarissa.