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“Parem de comprar máquinas agrícolas” diz Paulo Hermann, presidente da John Deere

Enquanto produtores de grãos lotam revendas de tratores, produtores de cana não conseguem trocar suas máquinas

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Suze Timpani – Canasol

A demanda por máquinas agrícolas está em alta quando se trata de implementos e tratores para grãos e cereais. As grandes empresas revendedoras dizem que é impossível atender as demanda do mercado. O presidente da John Deere no Brasil, Paulo Hermann, chegou a pedir para os agricultores pararem de comprar. “Não comprem máquinas, comprem apenas o que vocês precisam, não vamos entrar no efeito manada, isso vai se ajeitar mais adiante. Agora eu estou desesperado correndo atrás de componentes, peças e mão de obra para dar conta do mercado”, disse o presidente em entrevista à Jovem Pan 

Na contramão do mercado estão os produtores de cana-de-açúcar, que há alguns anos não investem em novos maquinários.

De acordo com a produtora de cana Fabiana de Pauli da cidade de Motuca, região de Araraquara, onde tem em sua propriedade cerca de 400 hectares de cana plantada, em 2018 foi quando comprou seu último trator para a cultura. “Estamos aguardando o termino da safra para termos parâmetro de quebra e preços, por enquanto vamos segurar investimento”, diz a produtora.

Ela ressalta que os preços de tratores usados, também tiveram uma alta considerável, mas, que investiu neste ano apenas em maquinários para cereais, que estão com os preços em alta.

Segundo Rodrigo Barbará Silva, coordenador comercial do Estado de São Paulo da empresa LS Tratores, diz que o mercado está aquecido para os grãos. “Caso um pedido de trator chegue hoje só poderemos entregar em dezembro. Mas para o mercado da cana, as vendas estão muito baixas. Na região de Jales, não vendemos tratores para a cultura de cana há cerca de um ano. Os produtores têm expectativas de bons preços nesta safra de 2021, mas estão aguardando a produtividade, que devido à falta de chuva deve ter uma quebra em torno de 20%”, relatou o coordenador.

Rafael Hernandes Santieri que é coordenador comercial da Coopercitrus, afirma que a venda de maquinários agrícolas para produtores de cana está estagnada. “Eles estão preocupados com a estiagem e os investimentos são baixos ou quase nada. Nossas vendas de máquinas estão direcionadas  para amendoim, café, grãos em geral e muitos tratores para a pecuária, para a cana, nada” , disse ele.

Para Fernando Mariano Furlan Mori que representa a New Holland de Araraquara, as usinas de um modo geral tem renovado sua frota, mas o produtor de cana não está nada animado. “Acredito que o produtor de cana é mais conservador, quando existe incerteza no mercado ele segura. Já os produtores de grãos são mais agressivos nos investimentos, mesmo com a alta de insumos e maquinários”, ressalta Mori.

Ele afirma também que nos últimos 6 meses os tratores usados tiveram uma alta de 30%.

ENTIDADE CANAVIEIRA

Para Luís Henrique Scabello de Oliveira, que é presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Araraquara – Canasol,  a frota de máquinas agrícolas dos produtores de cana há muito tempo não é renovada. E que isso é resultado da crise pela qual o setor sucroenergético vem enfrentando há quase 10 anos.

“O ideal é que os tratores sejam trocados depois de 10 mil horas de trabalho, o que corresponde a um trator com cerca de 10 anos de uso. Contudo, é muito comum encontrarmos máquinas com 20 ou 30 anos, e não raramente, com bem mais. Isso também se reflete nos implementos agrícolas, ou seja, grades, arados, sulcadores e cultivadores de cana”, diz Luís Henrique.

Argumenta ainda que esse sucateamento causa o aumento dos custos de manutenção, consumo de combustível e redução no rendimento das operações.

“Embora tenha havido uma boa elevação dos preços da cana-de-açúcar, a falta de chuvas vem provocando forte redução na produtividade, anulando essa recuperação”, finaliza o presidente da entidade canavieira.