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Páscoa: amplitude de preço entre ovos de chocolate pode chegar a R$ 31 em Araraquara, diz Sincomercio

Pesquisa do Núcleo de Economia do Sincomercio avaliou valores de 176 produtos encontrados em estabelecimentos da cidade

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Com a alta dos preços dos ovos de chocolate, muito influenciada pela inflação do cacau, o Núcleo de Economia destaca a importância de fazer uma procura detalhada pelos mercados antes de realizar a compra dos produtos

Uma das datas comemorativas mais aguardadas do calendário comercial, principalmente pelo seu potencial de vendas, a Páscoa é o foco da nova pesquisa do Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara. No levantamento, foram analisados os preços dos tradicionais ovos de chocolate, trazendo um panorama sobre os produtos disponíveis no mercado este ano.

No total, a pesquisa coletou 176 preços de 9 diferentes marcas, todos encontrados nos mesmos mercados que compõem a Pesquisa da Cesta Básica. Em 2025, foi possível perceber que a quantidade de ovos industrializados à disposição dos consumidores foi reduzida em aproximadamente 15% na comparação com 2024 – quando foram coletados 207 preços, além de uma nítida redução na quantidade de ovos destinados ao público-alvo infantil frente àqueles destinados aos adultos.

Gráfico 1 – Disponibilidade de ovos de Páscoa – 2020 a 2025

Fonte/Elaboração: Sincomercio Araraquara

O levantamento apontou também que 29 opções avaliadas apresentaram amplitude de preço superior a 15%. Entre elas, as maiores diferenças percentuais foram Kinder – Masha e o Urso (100g), com 66,29%, Ki-doçura – Agarradinho (200g), com 57,41% e Lacta – Diamante Negro (163g), com 37,89%.

A ampla variação de preços entre os ovos de Páscoa neste ano revela uma grande amplitude nos valores praticados pelos supermercados. O maior exemplo é o Kinder Masha e o Urso (100g), com diferença de R$ 31,09 entre o menor e o maior preço. Em seguida, o Ki-doçura Agarradinho (200g) teve uma oscilação de R$ 24,40, enquanto o Lacta Favoritos (540g) apresentou variação de R$ 19,00. O Sonho de Valsa (357g) registrou diferença de R$ 18,91 e o Hot Wheels (166g), de R$ 18,09.

Entre os mesmos produtos coletados tanto na pesquisa atual quanto no ano anterior, 18 de 21 itens sofreram aumento de preço, isto é, 85,7% dos ovos de chocolate desta Páscoa presentes na data anterior.

Para conferir mais detalhes da pesquisa, acesse aqui.

Gráfico 2 – Cinco Maiores Aumentos Percentuais no Preço Médio entre 2024 e 2025

Fonte/Elaboração: Sincomercio Araraquara

Tabela 1 – Frequência, preço máximo, preço mínimo, preço médio e amplitudes percentuais e reais – 2025

Fonte/Elaboração: Sincomercio Araraquara

De acordo com os produtos coletados em 2025, é possível observar uma clara diferenciação de preços quando cruzamos os dados de tamanho dos ovos e público-alvo. Entre os ovos de tamanho grande (acima de 300g), a maior parte é destinada ao público adulto, com 16 produtos registrados. O preço médio nessa categoria é de R$ 88,67, e a maior amplitude de preços identificada foi de R$19,00 entre o menor e o maior valor.

No caso dos ovos médios (entre 100g e 300g), o público adulto ainda representa a maior parte da oferta, com 16 produtos, cujo preço médio foi de R$ 56,37 e a amplitude máxima chegou a R$ 15,92. Já entre os ovos médios voltados ao público infantil, foram identificados 11 produtos, com média de preço mais alta, de R$ 67,76, e amplitude ainda maior, de R$ 24,40, reflexo da diversidade de marcas e dos brindes que costumam acompanhar esses itens.

Entre os ovos pequenos (até 100g), apenas um produto avaliado é voltado ao público adulto, com valor médio de R$ 9,70 e variação de apenas R$ 0,41.

PÁSCOA INFLACIONADA

Diante de diversos dados divulgados e da análise dos produtos, a Páscoa de 2025 já pode ser considerada a mais cara da história, impulsionada principalmente pela disparada nos preços do cacau, que triplicaram em dois anos, saltando de cerca de US$ 2.900 por tonelada, em março de 2023, para mais de US$ 8.000 em março de 2025.

“O aumento é consequência direta da quebra de safra em países como Gana e Costa do Marfim, responsáveis por aproximadamente 70% da produção mundial, afetados por secas e instabilidades climáticas. O Brasil, que é dependente de importações para atender sua indústria de chocolates, sofreu com impactos imediato e que exigiram adaptações ao longo da cadeia produtiva”, explica Maria Clara Kirsch, pesquisadora do Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara

Segundo ela, para a minimização dos efeitos do custo elevado, as empresas reduziram o tamanho dos produtos e adotaram ingredientes alternativos. “Com isso, houve muitas críticas sobre a perda de qualidade”, diz.

Gráfico 3 – Contratos futuros de Cacau negociados na Bolsa de Nova York (ICE) – 2025

Fonte/Elaboração: Investing.com

ESTRATÉGIAS

Com a alta dos preços dos ovos de chocolate, muito influenciada pela inflação do cacau, o Núcleo de Economia destaca a importância de fazer uma procura detalhada pelos mercados antes de realizar a compra dos produtos. Em 2025, o consumidor deve explorar a significativa amplitude de preços entre os vendedores, que variou de forma expressiva entre um e outro.

Para os comerciantes locais, o aumento dos custos observados na cadeia de produção dos ovos de chocolate precisou ser repassado aos preços finais pela manutenção das margens de lucro. Entretanto, para atrair os consumidores nessa data, estratégias de vendas são essenciais, como a composição de kits temáticos, descontos progressivos e brindes. “Além disso, a aparência da mercadoria nas vitrines e o atendimento ao consumidor devem ser bem planejados, assim como as condições de pagamento que merecem ser diversificadas”, indica a pesquisadora do Núcleo de Economia do Sincomercio.

Coordenação de pesquisa: Elton Casagrande | Pesquisadores: Maria Clara Kirsch Junqueira e Bruno H. Camacho