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Pentapaixão: romance icônico de Dovílio Rodrigues completa 13 anos

Todas as palavras da narrativa, cerca de 21 mil, começam com a letra P. Relembre essa história, uma peculiar curiosidade da cultura araraquarense

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Cópia do jornalista Matheus Vieira, presente ganho do autor em entrevista em 2014. (Foto: Divulgação)

Sempre bem humorado e sorridente, Dovílio Rodrigues nasceu em Matão/SP. Mudou-se para Araraquara em 1950, quando tinha 14 anos. Trabalhou como barbeiro na Secretaria Municipal da Educação e foi técnico policial no Instituto de Criminalística e foi colunista social.

Mas foi no mundo das letras que seu nome avançou os limites da região. E não foi através das divertidas crônicas escritas para os jornais locais O Imparcial e O Diário da Araraquarense.

Dovílio com sua célebre obra. (Foto: Divulgação)

Entre outras peças literárias, em 2006, ele fez história ao lançar o livro Pentapaixão. Mas qual a grande peculiaridade dessa obra? Simples. Ou não. Todas as palavras da narrativa, cerca de 21 mil, começam com a letra P.

Ao descrever a trajetória do personagem principal – sua decadência moral e seu posterior reerguimento -, Dovílio esgota todas as palavras iniciadas em p em diversas áreas, como esporte, comércio, medicina e religião. “Parte do meu vocabulário veio através das palavras cruzadas”, disse o autor em entrevista ao jornalista Matheus Vieira em 2014.

O livro, com 180 páginas e 38 personagens, narra a história do pedestrianista Plínio Pirilo Perez Proença, que nasceu primogênito, de parto prematuro pélvico podálico (parto pelos pés), cercado dos cuidados de seus prestimosos pais, mas que acaba caindo na promiscuidade, levando uma vida irregular, sem objetivos.

Plínio apaixona-se cinco vezes, por mulheres completamente diferentes (daí o título do livro, Pentapaixão) e, ao final, consegue se reerguer graças ao poder da prece, tornando-se um pastor penitente. Dovílio Rodrigues, agraciado como cidadão araraquarense em 2012, faleceu seis anos depois.

Confira techo do livro:

“Paulo Pirilo pagou pedágio. Profissional, pilotava primando pela prudência, pela perícia. Plininho, percebendo pista plana, pediu pro papai para pilotar. Pai pensou, pensou… ‘Poucas pessoas pilotando pela pista…’ Pelo primeiro pedido, permitiu.

Plininho pilotava pelos pastos, pelas planícies. Porém, pouco praticava pilotagem por pista pavimentada, própria para preparar pilotos profissionais. Paulo parou, Plininho pulou, permutaram posições. Percy Penteado permaneceu pela parte posterior…

Plininho pegou Parati. Percy, preocupado, pois poderiam passar por possíveis perigos, pediu para Plininho pisar pouco. Porém, principiante para pistas pavimentadas, pé pesado, pouco prudente, pressionando pedal, pisou profundamente.

Passando por pedriscos perdidos pela pista (pouca porção), por pisar pesado, patinou perpendicularmente, passou pela pista para pedestre, perigando precipitar pelo precipício.

Pós passar pela pista para pedestre, pegou placa publicitária, posta presa por pontaletes plantados paralelos.

Praticamente perdido, pós piruetar, pendeu pela pirambeira, parando penso. Por pouco pararia pendurado, prensado por potente penedo (pesada pedra).

Prejuízos: painel partido, placa pendurada, piscas-piscas pararam piscação, porta prensada, porta-pneu possuindo pequenas pregas produzidas pela pancada, platinado perdeu platina, platô perdeu parafusos principais, pneus partidos, pintura perdida…

Paulo, Plininho, pávidos, pálidos pelo pavor passado, pularam primeiro! Porém, Percy, protegido pelo porta-pneu, pôde permanecer preservado.”

(Por Matheus Vieira)