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Sabedoria ancestral de Mãe Rita fecha o Dia Internacional da Mulher

Mãe Rita se destaca pelos serviços na área social, o que resulta na valorização da mulher afrodescendente no contexto da cidadania, mas de uma forma geral contribui de forma decisiva para o relacionamento humano.

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Érica Alexandre entrevistando Mãe Rita

Programa produzido pela Secretaria Municipal de Comunicação, o “Canal Direto com a Prefeitura” apresentou nesta sexta-feira (8) a última entrevista do especial “Semana da Mulher”, com participações que trouxeram histórias de vida inspiradoras para celebrar o Dia Internacional da Mulher. Na edição desta sexta, o programa contou com a participação de Rita de Cássia Pereira Barbieri, a Mãe Rita, que falou sobre espiritualidade, desafios e preconceitos enfrentados em sua trajetória.

Ela contou como foi seu primeiro contato com a espiritualidade. “Eu aprendi com a minha bisavó e com a minha avó, que é minha mãe de criação, sobre o benzimento e outros detalhes que destacam a importância da espiritualidade. Mas também venho de um berço católico, que se dividia entre essas questões. Eu nasci e vivi em uma fazenda perto de Araraquara, do nascimento até os 15 anos, quando eu vim para Araraquara. Aos 15 anos, em julho de 1978, eu entrei para o Centro Casa de Caridade Cantinho dos Amigos da Cabocla Jurema, da madrinha Hilda. E lá eu aprendi tudo sobre a mediunidade e o que era a mediunidade, porque eu não sabia. Fui aprendendo cada vez mais na prática”, relatou.

Ela também falou sobre a importância de uma conscientização da sociedade em torno do combate ao preconceito religioso. “Isso mexe muito comigo porque aos 16 anos eu passei por isso e foi muito doído. Isso dói. Foi uma intolerância religiosa, com xingamentos muito fortes, e isso mexe até hoje comigo quando toco nesse assunto. Eu respeito o axé de cada um e acho que todo mundo deveria respeitar o axé do próximo. Eu acho que isso tem que acabar e para isso acabar teria que ter mais união entre as religiões afrodescendentes, de matrizes africanas, todos juntos para enfrentar essa luta que já está aí. Passamos por muita discriminação religiosa”, pontuou.

Mãe Rita foi uma das homenageadas, em 2023, no Prêmio “Doutora Rita de Cássia Corrêa Ferreira”, que homenageia anualmente dez mulheres negras (pretas, pardas, latino-americanas e caribenhas) que se destacaram profissionalmente ou prestaram relevantes serviços na área social, tendo como objetivo a valorização da mulher afrodescendente no contexto da cidadania. A entrega do prêmio foi feita na Casa SP Afro Brasil, na Vila Xavier, onde um grande público a ovacionou com muito carinho. “Isso não tem como explicar, é muito emocionante. Tem muitas pessoas que tenho comigo como filhos há 25 anos no meu terreiro. Eu ensino muito, mas eu aprendo muito. Esse carinho que eu recebo deles é o mesmo que eu passo para eles. Na umbanda, a maioria das pessoas optam por ser padrinhos e madrinhas, e eu escolhi ser mãe porque eu não queria ser só uma madrinha, eu queria ser um pouco mais. Hoje eu consigo ser essa mãe”, comentou.

A convidada encerrou sua participação com uma mensagem para as mulheres. “Desejo saúde, paz e que continue essa luta porque nós nascemos lutando. Eu desejo a todas as mulheres muita saúde, paz, muita sorte e muita felicidade. Desejo toda vitória, toda harmonia, toda alegria, toda saúde, tudo de melhor na vida de todas nós. Isso vale para todos os dias, não só hoje. A luta continua sempre e nós só conseguiremos vencer essa luta com fé, amor e respeito. Se a gente respeitar o próximo, o próximo vai nos respeitar”, finalizou.

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