A denúncia feita por um profissional da Saúde de que a Santa Casa de Misericórdia não vem pagando em dia os salários dos seus colaboradores gerou nesta quinta-feira (03) um grande desconforto entre os trabalhadores e o hospital; o problema se agravou quando o denunciante disse que a Santa Casa atribuía sua crise aos pagamentos não feitos pela Prefeitura Municipal, que seriam repasses financeiros, provocando reação da Secretaria Municipal de Saúde que se apressou em emitir uma nota de esclarecimento.
“A Secretaria Municipal de Saúde repudia toda e qualquer tentativa de imputar à Prefeitura de Araraquara a falta de pagamento de funcionários da Santa Casa de Misericórdia. Todos os repasses estão em dia. Tudo o que foi contratualizado entre município e a entidade foi pago integralmente”, argumentou a Prefeitura Municipal, rebatendo supostas acusações.
Vale ressaltar, diz a nota da prefeitura, que aquilo que é chamado de produção extra-teto, ou seja, a produção excedente do contratualizado em 2021, está sendo apurada pela equipe técnica financeira da Secretaria de Saúde para o encontro de contas de fechamento de ano e, assim como todos os anos, será liquidado integralmente.
Já o hospital, também em nota, busca explicar os contratempos com o atraso nos pagamentos aos seus funcionários, informando que existe uma série de fatores concomitantes que concorreram, e continuam concorrendo, para compor a crise financeira atual da Santa Casa de Araraquara: defasagem da Tabela SUS; redução de receitas; a pandemia de Covid-19; e a inflação desproporcional de materiais e medicamentos nos últimos dois anos, decorrente principalmente da pandemia (para ficar só em um exemplo, a dipirona, que custava R$ 0,75, agora custa R$ 7,00, quase dez vezes mais).
Em documento a prefeitura salienta que não é apenas o município de Araraquara quem gera o extra-teto (mais internações do que o Sistema Único de Saúde contratualizou). A Santa Casa é referência regional, portanto, o extra-teto também é gerado por internações de pacientes de todos os municípios da DRS (Diretoria Regional de Saúde).
Mas ela prefeitura se exime das dificuldades financeiras que o hospital vem tendo explicando que o município de Araraquara, sem ter os dados fechados do extra-teto, que deveria ser corrigido pelo Ministério da Saúde, já repassou, além do contratualizado, R$ 500 mil reais para a Santa Casa no mês de janeiro. Do contratualizado, no mês de janeiro, a Prefeitura repassou para a Santa Casa, mais de 2,7 milhões de reais.
A Secretaria Municipal de Saúde garante que a Prefeitura ainda vem arcando com recursos próprios, em meio a uma pandemia, com a Unidade do Melhado, que funciona como hospital de retaguarda e o Hospital de Campanha. Só em 2021 o município gastou com o enfrentamento à pandemia mais de R$ 80 milhões, e vai totalizar, em 21, 45% das suas receitas em gastos na Saúde.
Sem fazer qualquer menção ao apoio que tem recebido da Prefeitura Municipal ou queixa sobre o atraso nos repasses via município, o hospital justifica essa crise financeira alegando que ela não é exclusividade da Santa Casa de Araraquara, pois atinge praticamente todos os hospitais filantrópicos do país.
Argumenta ainda que todo o contexto vem sendo sistematicamente informado aos médicos, que estão cientes da situação. “A Santa Casa de Araraquara nunca deixou de honrar seus compromissos com médicos, colaboradores e fornecedores. E não será desta vez.”, afirma a direção do hospital.
Nesta quinta-feira, final da tarde, haverá uma reunião com os médicos para mais uma vez a instituição explicar a gravidade do momento e apresentar um cronograma de cumprimento com os compromissos firmados.