
Foi sepultado nesta quarta-feira (24), em Araraquara, Hermando Frare, aos 93 anos de idade. Ao longo do tempo soube apenas colher amizades, e com seu sorriso sempre em festa, recebia as amizades para um bom vinho – produzido por ele e a esposa Elidia.
Hermano Frare, contam os amigos, não era apenas o marido da dona Elidia; era também com ela o parceiro na produção de um bom vinho tinto, com garrafas espalhadas nas prateleiras de uma cozinha aconchegante sempre disposta a receber e acomodar os que gostavam de ouvir histórias. E nestas histórias faziam parte personagens que passaram pela sua vida em cidades, sítios e fazendas, tornando real este tempo de saudades.

Nesta terça-feira (23) quando foi anunciado seu falecimento, um canto da Vila Xavier parece ter perdido a graça pois a esposa Elidia perdera o parceiro que ao seu lado conviveu por exatos 70 anos: “Sinto que foi embora um pedaço de mim, sinceramente, talvez tudo de mim, pois ele sempre foi o ar que eu respirei, desde que eu o conheci”, teria dito Elidia – dentro de si.
Como bons produtores de vinho, talvez pioneiros e únicos em Araraquara, o casal preparava as unidades encomendadas pelas amizades mais próximas ou presenteavam quem do carinho deles se envolvia. Era uma mistura de carinho à primeira vista, conta o fotógrafo João Carlos dos Santos que acompanhou por longos anos o andar sereno de Hermando e Elidia.

João Carlos lembra que anualmente, a começar em julho, os dois já começavam a preparar uma festa tipicamente italiana e familiar, sempre regada a vinho e queijo para a alegria das famílias Pignatti (Elídia) e Frare (Hermando). Os parentes vinham de todos os cantos do Brasil, a casa se tornava pequena e a felicidade “saia até pelas janelas”, lembra.
Os preparativos começavam bem antes naquela bela casa da Vila Xavier, proximidades da Alameda Paulista. “Tudo era especialmente cuidado, principalmente as taças – caprichosamente cunhadas com o nome da vinícola caseira: Santa Emilia”, comentou certo dia dona Elidia.
Para a produtora, o evento era considerado o resgate de um passado encantador, pois ela quem fabricava o vinho artesanalmente e com foco no consumo familiar. “Lembro que a vinícola do meu pai se chamava Santa Emilia, talvez em homenagem a sua avó que se chamava Emilia”.

Numa entrevista dada a jornalista Célia Pires, anos atrás, Elidia contou que “quando foi batizar o vinho que produzia, não tinha essa lembrança de que a vinícola do pai se chamava Santa Emilia, mas mesmo assim deu ao vinho esse nome que até hoje traz a ela doces e ‘embriagadas’ recordações”, agora sujeitas à tristeza pela partida do companheiro.
A própria Célia reconhecia que Elidia e o esposo Hermano Frare sempre foram excelentes anfitriões, recebendo com alegria os amigos, parentes e filhos, netos e bisnetos que vêm de toda parte como Bahia, São Paulo, Santos, São João da Boa Vista, Rio Claro e até da Alemanha. “Agosto é o mês já consagrado para a reunião da família”, disse Célia na reportagem.

Nas redes sociais, entre as inúmeras manifestações de carinho, nesta segunda-feira está um texto da neta Natália Frare Camargo: “[…] É com muito pesar, que comunico o falecimento do meu avô HERMANDO FRARE. Ele faleceu nesta terça-feira às 17h, após ficar internado por 40 dias na UTI. Que Deus o receba de braços abertos para enfim descansar após cumprida sua linda missão em seus 93 anos de jornada. Deixou sua Família, diante de um Matrimônio de 70 anos e composta por 9 filhos, 20 netos, 6 bisnetos e agregados. Que Esteja na Paz do Senhor e seus afins Espirituais. […]”
O Portal RCIA deixa o registro das suas condolências aos familiares do querido Hermando Frare.