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Tem manga na ginástica artística? Para Araraquara tem fruta sim!

Técnica faz atletas novatas cuidarem melhor dos equipamentos, aumenta o foco e ajuda na concentração. Assim, surgem atletas cientes da responsabilidade.

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As novatas da nossa ginástica com as mangas em São José do Rio Preto

Nesta sexta-feira (13), quem circulava pelo Ginásio Júpiter Olímpico com os olhos atentos percebeu uma cena, no mínimo, incomum e inusitada. Jovens atletas, meninas de 11 a 14 anos de idade, da equipe de Araraquara, carregando manga. Isso mesmo, cada uma delas levava consigo – e com todo o cuidado – uma fruta, uma manga. E ai daquele que tentasse pegar!

Ao questionar uma delas o porquê de cada uma levar no uniforme uma manga, a resposta foi curta e grossa: “quem perder tem que pagar um mico na frente de todos da equipe. E não é só isso não. Tem que pagar também com uma série de flexões”.

Na medida em que as perguntas iam saindo, mais intrigado eu fui ficando, então, para contar melhor essa história, para tentar entender o que estava acontecendo foi à vez de falar com a técnica da equipe de ginástica artística de Araraquara, Juliana Desidério, de 37 anos. Afinal, pra que serve a manga?

“Na verdade essas meninas são novas aqui, em competições como os Jogos Abertos, e aí a gente acaba apelidando elas de bichos, uma forma carinhosa de identificar as novatas exatamente como fazem com os calouros das universidades. A ideia é que elas cuidem de uma coisa, de um objeto qualquer, para que elas tenham o que se apegar durante a competição. Então, elas cuidam desse objeto, no caso a manga. Cada atleta tem a sua manga, elas dão nome pra fruta, em algumas, elas desenham um rosto e as mais velhas, as veteranas têm a missão fazer essas coisas sumirem, que é justamente para que as mais novas redobrem a atenção. Assim elas aprendem a cuidar melhor das coisas delas. Acabam não deixando nada jogado e, ao mesmo tempo, passam a cuidar do material delas, que é essencial. Uma brincadeira que passa a fazer parte da rotina delas dentro da competição. Com isso elas têm mais alguma coisa para se apegar, dispersar menos, ajudando para que fiquem mais concentradas para a competição”, explica a técnica.

Nos Jogos Abertos, as meninas tiveram essa incumbência desde quando saíram de Araraquara pra vir a Rio Preto, ou seja, cada novata com a sua manga pra cuidar.

“A gente já fez várias coisas e sempre vai rodando, porque no ano que vem elas já não serão mais as novatas e outras meninas chegam e vão passar pela mesma coisa. Já teve ano de elas andarem com galho enorme, ovo cozido, porque o ovo elas precisam ter o dobro de atenção, de cuidado, mas isso vai muito de competição para competição”, diz Juliana Desidério.

“O cuidar das coisas é muito importante e elas são meninas muito jovens e geralmente na ginástica estão sempre acompanhadas de mãe ou pai. Quando elas passam a vir numa competição como esta, vêm sozinhas com a gente. Elas são muitas e, se nós formos cuidar da mochila de cada uma, dos seus pertences, fica inviável. A gente não dá conta. Então, é para elas aprenderem a cuidar do que é delas e também para se manterem tranquilas e concentradas para competição, como se fosse um bichinho de estimação pra cuidar”, finaliza a técnica de Araraquara. (Texto e foto: Cristiano Furquim / Secretaria de Educação)