Melhores e Maiores: disciplina obsessão pelos detalhes trouxeram resultados (Germano Lüders/EXAME)
O setor de varejo passou por um período complicadíssimo durante a recessão no Brasil. Milhares de lojas foram fechadas em todo o país, as vendas caíram e muitas empresas passaram a dar prejuízo. Houve exceções, e uma delas foi a rede de vestuário Lojas Renner. Com ou sem crise, o lucro da empresa cresce ano após ano há mais de uma década.Em Araraquara pelo menos duas lojas utilizam a marca Renner, uma delas há mais de 50 anos.
Em 2017, a varejista — dona também das bandeiras Camicado, de artigos para o ar, e Youcom, de moda jovem — teve um faturamento de 2.2 bilhão de dólares e um lucro líquido de 221 milhões, valor 14% superior ao do ano anterior. Setenta lojas foram abertas. Três delas no Uruguai, numa primeira incursão da rede fora do Brasil. A companhia também aumentou o quadro de funcionários em 10%. Ao final de 2017, tinha quase 20.000 contratados diretos.
Entre as varejistas de capital aberto, a Lojas Renner é a líder em produtividade, com a maior criação de riqueza por empregado. Também é a varejista com os melhores resultados em 2017. Como consequência, suas ações valorizaram. Nos últimos cinco anos, a alta foi de 200%. No início de agosto, a Renner valia em bolsa 22,3 bilhões de reais, mais que o dobro da soma do valor de mercado de suas três principais concorrentes de capital aberto (Riachuelo, Hering e Lojas Marisa). O conjunto de seu desempenho levou a empresa a ser eleita a Empresa do Ano de Melhores e Maiores 2018.
Analistas e consultores atribuem os bons resultados à disciplina e à obsessão pelos detalhes, duas marcas de José Galló, que comanda a Renner desde 1991. Além de analisar o andamento de projetos e os números da operação no detalhe, Galló tem o costume de visitar lojas e anotar o que gostou – e o que não agradou. Também acompanha as tendências de moda e coleções de outras empresas e faz sugestões à equipe. “Quero saber se nosso pessoal de pesquisa já capturou essa tendência, pontuo que nossos móveis têm de durar mais”, diz o executivo. “Mas a decisão sobre o que fazer é deles. Minha mensagem é mostrar que, se o presidente da empresa tem essa atitude, o diretor tem de ter e o gerente-geral também.”
O grande teste da Renner acontecerá a partir de 2019. Em janeiro próximo, um novo presidente deve assumir o comando da empresa. “Já sabemos quem será e, em outubro, vamos anunciar ao mercado”, diz Osvaldo Schirmer, presidente do conselho de administração da Lojas Renner. O nome do novo indicado é mantido sob sigilo total. Está decidido desde 2015 que o sucessor de Galló virá do quadro de executivos da Renner — salvo algum acontecimento inédito.