Empresa registrava prejuízos anuais desde o começo das investigações da Operação Lava Jato; no quarto trimestre do ano passado, a estatal reportou lucro líquido de R$ 2,102 bilhões, 1º resultado positivo após quatro anos
A Petrobrás fechou o ano de 2018 com lucro de R$ 25,779 bilhões, revertendo o prejuízo de R$ 446 milhões no exercício de 2017. Segundo balanço divulgado pela estatal na noite desta quarta-feira, 27, o resultado é reflexo de um maior lucro operacional, da redução do endividamento da empresa e de maiores receitas financeiras devido a ganhos com a renegociação de dívidas do setor elétrico.
Foi o primeiro resultado positivo após uma série de quatro anos consecutivos de perdasque teve início com o escândalo investigado pela Operação Lava Jato em 2014.
A empresa reportou lucro líquido de R$ 2,102 bilhões no quarto trimestre do ano passado, contra prejuízo líquido de R$ 5,477 bilhões de igual intervalo de 2017. Nos três meses imediatamente anteriores, a empresa havia reportado lucro líquido de R$ 6,6 bilhões, conforme os números atribuíveis aos acionistas.
De acordo com a petroleira, a queda no lucro líquido na comparação trimestral decorreu das menores margens nas vendas de derivados e ao impacto dos itens especiais. “Excluindo o impacto dos itens especiais, o lucro líquido seria R$ 8,035 bilhões e Ebitda ajustado R$ 31,020 bilhões”, apontou a empresa.
O lucro líquido no quarto trimestre de 2018 veio abaixo das estimativas do mercado. A média dos números de quatro casas (Santander, Itaú BBA, Morgan Stanley e XP Investimentos) apontava para um lucro líquido atribuído aos acionistas de R$ 7,8 bilhões no período. A empresa apontou, entretanto, que o desempenho no trimestre foi afetado por menores margens de vendas de derivados e pelos itens especiais.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da petroleira foi de R$ 29,160 bilhões no quarto trimestre, alta de 124,5% ante os R$ 12,986 bilhões em igual período de 2017. Ante os três meses imediatamente anteriores, a variação foi negativa em 2%.
No acumulado do ano, o Ebitda ajustado totalizou R$ 114,852 bilhões, alta de 50% ante os R$ 76,557 bilhões de 2017, como resultado das maiores margens nas vendas de derivados no mercado doméstico e das exportações, acompanhando o aumento do preço do barril de petróleo.
A margem Ebitda ajustada ficou em 31% no último trimestre do ano passado, ante 30% nos três meses imediatamente anteriores e 17% em igual período de 2017.
A receita líquida somou R$ 92,720 bilhões no quarto trimestre de 2018, alta de 21% na comparação com os R$ 76,512 bilhões nos últimos três meses de 2017, mas queda de 6% frente ao período imediatamente anterior.
No ano, a receita de vendas totalizou R$ 349,836 bilhões, aumento de 23%, refletindo os maiores preços dos derivados no mercado interno, principalmente diesel e gasolina e das exportações, acompanhando o aumento de 31% da cotação do Brent e a depreciação de 14% do real. Apesar do maior volume de vendas de diesel, houve queda no volume total das vendas de derivados no mercado interno em 3% e nas exportações em 10%, em função da menor produção de óleo.
Produção
A produção de petróleo, LGN e gás natural da Petrobrás em 2018 foi de 2,628 milhões barris de óleo equivalente por dia (boed), ficando 5% abaixo da produção do ano anterior. Deste total, 2,53 mi de boed foi no Brasil.
De acordo com a empresa, o recuo na produção total ocorreu, principalmente, aos desinvestimentos realizados nos campos de Lapa e Roncador, ao término dos Sistemas de Produção Antecipada (SPAs) de Tartaruga Verde e Itapu e ao declínio natural da produção. “Como destaque, quatro novos sistemas entraram em operação ao longo do ano: P-74, FPSO Cidade de Campos dos Goytacazes, P-69 e P-75”, pondera a empresa.
Ainda de acordo com a empresa, em 2018, os custos com participações governamentais aumentaram em consequência dos maiores preços do petróleo no mercado internacional e do aumento da produção em campos onde há incidência de alíquotas elevadas de participação especial.
Pré-sal
A produção na camada pré-sal em 2018 foi responsável por 45% do total de óleo e gás, pós-sal em águas profundas e ultra profundas 39%, águas rasas 5% e campos terrestres 11% contra 40%, 43%, 6% e 11%, respectivamente, em 2017.
“Nossa produção ficou praticamente estagnada durante os últimos cinco anos, o que é consequência de vários fatores, tais como a ausência de leilões de blocos de petróleo no Brasil por cinco anos (2008-2013), atrasos sistemáticos no desenvolvimento de projetos em parte associados às rígidas exigências de conteúdo local e o declínio natural de campos maduros”, apontou a empresa.