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Árbitros de handebol são afastados por conta de racismo contra técnico de Araraquara

Fato aconteceu na última quarta-feira, quando a equipe da Unicesumar/Sesi/Araraquara enfrentou o Centro Olímpico pelo Campeonato Brasileiro Júnior Feminino

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O técnico Robison Santos sofreu racismo em partida válida pelo Campeonato Brasileiro Júnior Feminino - Crédito: Divulgação

Um fato triste e repugnante aconteceu na partida entre Unicesumar/Sesi/Fundesport e Centro Olímpico, válido pelo Campeonato Brasileiro Júnior Feminino, por conta de atos racistas e homofóbicos contra o técnico do time araraquarense, Robison Santos.

O caso aconteceu na última quarta-feira (16), na cidade de Sorocaba, sede do evento. O diálogo entre dois árbitros que trabalhavam como mesários do jogo foram captados pela transmissão ao vivo que estava acontecendo pelo Instagram.

Foram feitas insinuações racistas e também em tom de assédio sexual sobre uma atleta da equipe araraquarense. Os árbitros também citaram as aparências físicas das jogadoras do Centro Olímpico.

Os comentários feitos durante a transmissão trouxeram grande repercussão pedindo para que a Confederação afastasse a dupla de imediato. O vídeo foi apagado pouco tempo depois.

Porém, o presidente da CBHb, Felipe Rêgo Barros, agiu e afastou os árbitros de forma definitiva da competição e cautelar do quadro da confederação. Em comunicado divulgado em seu site, a entidade preferiu não citar o nome dos árbitros. Uma denúncia será feita ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Já em nota divulgada pela Prefeitura de Araraquara no início da noite desta sexta-feira, revelou os nomes dos dois acusados que faziam o jogo: Adriano Alves Rocha e Zaine Roberto. O Centro Olímpico também se manifestou.

Confira abaixo a nota publicada pela CBHb, Prefeitura de Araraquara e Centro Olímpico:

NOTA DA CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOL

A Confederação Brasileira de Handebol comunica que tomou conhecimento dos fatos envolvendo dois árbitros da CBHb durante a realização do Campeonato Brasileiro Júnior Feminino, na cidade de Sorocaba, nesta semana. De forma preventiva, foram adotadas as seguintes providências.

– Afastou os envolvidos em definitivo da competição;

– Cautelarmente, afastou também do quadro de árbitros da CBHb;

– Determinou que a diretora do Comitê de Política para as Mulheres do Handebol, Lucila Vianna, destaque um representante do Comitê para acompanhar de perto todo o caso e emita um relatório final com análise de todo o processo e iniciativas que devem ser tomadas para evitar a repetição dos fatos.

Além disso, a Confederação comunicará o caso ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), por meio da Procuradoria de Justiça Desportiva, para que ocorra a apuração e, se necessário, o julgamento do caso de forma justa, segundo o que rege o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, sem prejuízos de outras possíveis providências judiciais que a entidade julgue cabíveis no decorrer da apuração dos fatos.

A Confederação repudia qualquer ato de preconceito e/ou desrespeito, seja dentro ou fora de quadra. Não podemos concordar ou aceitar comportamentos que não condizem com o handebol brasileiro. Como desportistas, precisamos dar exemplo e contribuir para uma sociedade cada vez mais igual e justa. 

A CBHb se coloca à disposição de todos que estão participando do Campeonato Brasileiro Júnior Feminino para contribuir com o que for necessário.

Felipe Rêgo Barros – Presidente da CBHb

NOTA DA PREFEITURA DE ARARAQUARA

A Prefeitura Municipal de Araraquara, através da Coordenadoria de Políticas Étnico-Raciais e do Centro de Referência Afro “Mestre Jorge”, e a Fundesport Araraquara repudiam veementemente a injúria racial proferida pelos árbitros Adriano Alves Rocha e Zaine Roberto durante o Campeonato Brasileiro Júnior de Handebol, que ocorre em Sorocaba, no período de 14 a 18 de setembro.

De forma racista e preconceituosa, eles ofenderam o técnico da equipe feminina araraquarense Robison Francisco dos Santos com xingamentos e várias insinuações de caráter racista. A Prefeitura repudia ainda a forma como as jogadoras de handebol foram igualmente maltratadas e ofendidas, vítimas de uma cultura machista.

A Coordenadoria e o Centro Afro, bem como a Fundesport, ratificam que todas as providências cabíveis estão sendo tomadas para que não haja impunidade. Não pouparemos esforços para combater quaisquer ações de violência e crimes de ódio que tentem ofuscar a luta de cidadãos e cidadãs que só querem ter o direito de viver em paz.

Solidarizamo-nos com o técnico Robison, com as demais jogadoras e com todas as pessoas que são inevitavelmente atingidas cada vez que um episódio como esse acontece.

É com um enfrentamento sério ao racismo e a toda e qualquer forma de discriminação que conseguiremos uma sociedade em que fatos como este não mais ocorram. Estaremos alerta na defesa dos direitos pela vida.

Coordenadoria Étnico-Racial e Centro de Referência Afro “Mestre Jorge”

Fundesport Araraquara

Prefeitura de Araraquara

NOTA DO CENTRO OLÍMPICO

O Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP), na condição de participante do Campeonato Brasileiro Júnior de Handebol Feminino, vem a público repudiar os atos ocorridos na competição, na cidade de Sorocaba, em que atletas da nossa equipe foram vítimas de comentários machistas, desairosos e inconvenientes proferidos por dois integrantes do corpo de arbitragem.

A equipe do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa não compactua com atos de preconceito sobre qualquer classe ou grupo social. 

Tais ações não condizem com os valores repassados pelos nossos profissionais aos atletas, tampouco com o esporte. Assim sendo, esta entidade adotará as providências cabíveis à Confederação Brasileira de Handebol para que tais profissionais não voltem a atuar em eventos com a participação de nossos atletas. Finalizando, o Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa coloca-se à disposição das atletas e comissão técnica para qualquer suporte necessário dentro das atribuições deste equipamento esportivo.