Home Ferroviária

Após derrota, Tony desabafa e tem futuro incerto dentro da Ferroviária

Um dos mais experientes do grupo, jogador deu declaração forte depois do revés diante do Bahia de Feira, que culminou com a eliminação da Locomotiva na Série D

230
Crédito: Tiago Pavini/Ferroviária SAF

A derrota para o Bahia de Feira no último sábado (9) culminou na eliminação precoce da Ferroviária no Brasileiro da Série D. Além da tristeza, o clima também foi de muita revolta por parte da torcida, principalmente, ao elenco grená e rendeu muitos protestos ainda quando a bola rolava na Fonte Luminosa.

Um dos principais líderes do grupo e mais experiente, o meia Tony concedeu coletiva após o jogo e desabafou na sala de imprensa Dorival Marcondes Machado. O jogador de 36 anos fez coro e deu razão aos presentes na Fonte, e se disse muito envergonhado pelo desempenho da equipe no decorrer da competição, mas não fugiu da responsabilidade de ser o porta-voz do elenco.

Nos sete jogos disputados em casa, a equipe somou apenas duas vitórias (URT e Caldense), dois empates (Inter de Limeira e Nova Venécia) e três derrotas (Real Noroeste, Pouso Alegre e Bahia de Feira).

“É um sentimento de vergonha. Vai demorar para passar, porque a gente joga a última rodada sem chances de se classificar. O torcedor está no seu direito de cobrar da maneira que cobrou, porque sempre que veio [na Fonte] nos apoiou, sempre esteve ao nosso lado em todos os jogos. A gente falhou e o sentimento é esse, real de muita vergonha. Desde o início quando eu vesti essa camisa, sempre entreguei o que eu pude e eu tenho o sentimento de vergonha pela minha família, pela história que tenho no futebol, mas nada de mais. Fui um jogador que sempre jogou em um nível bom, nunca fui uma estrela, mas eu tenho vergonha por tudo que conquistei e lutei, e por tudo que deixei em campo, pra ganhar, mas às vezes o resultado vem ou não vem. Mas, o sentimento agora é de vergonha, de chegar em casa e falar que ‘acabou’. Eu não sei como que vai ser, mas é um sentimento de indignação e vergonha ao mesmo tempo. Só queria pedir desculpa mesmo pelo nosso desempenho geral e eu me incluo nisso. Eu tô aqui hoje. Nos momentos mais difíceis, eu venho e não tem nenhum problema. Tudo tem os seus ônus e bônus. Todo mundo acha que o Tony, por ser o mais velho e que estava de capitão. Eu fui isso em vários clubes durante a minha carreira e a gente sabe que nestes momentos a gente tem que dar a cara. Não vou colocar os meninos pra dar entrevista aqui e tá tudo bem. Eu sofri a pancada, mas eu queria que todo mundo tivesse esse sentimento de vergonha, que nós todos compartilhássemos disso”, desabafoi.

Tony foi contratado pela Ferroviária em 2019 para a disputa do Paulistão, fazendo parte da campanha histórica que levou a equipe até a fase quartas de final pela primeira vez quando o clube havia retornado a divisão especial, em 2016.

Entre feitos históricos e eliminações, o meia se identificou com o clube, mas deixou o seu futuro em aberto. Ele revelou ainda que a família está se mudando para Araraquara, mas não o impede de atuar em outra agremiação.

“Eu não sei, mas hoje [sábado] pode ter sido o meu último jogo aqui. Meu contrato é só até o final da Série D e vou para o último jogo, se assim a comissão entender, mas eu não sei. Talvez possa ter sido o último. Isso me dói porque eu criei uma identidade e a gente vai se mudar pra cá [Araraquara]. A minha esposa vai fixar residência aqui. Isso não quer dizer nada. Se eu tiver que sair para trabalhar em outro lugar, eu vou sair, mas é a cidade que a gente escolheu para morar e é um clube que eu me identifiquei, assim como tive outros dois clubes na minha carreira, por gostar da maneira de trabalho, de achar o clube correto e honesto, que pensa em processos e faz da maneira correta. Quando o resultado não vem, é frustrante. Você vê vários clubes que fazem as coisas de qualquer jeito e isso não envolve questão salarial, mas de contratar e treinar de qualquer jeito, de não ter uma comissão técnica de qualidade. Nós temos aqui, mas não conseguiu evoluir. A minha tristeza é por conta disso. Eu não sei o que vai acontecer daqui pra frente, mas pode ter sido o fim de um ciclo”, contou o jogador.

Em seu último ato, a Ferroviária cumprirá tabela no Grupo A6 diante da URT-MG, sábado (16), às 16h, no estádio Zama Maciel, em Patos de Minas.