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Em reconstrução, Ferroviária busca “novo DNA” para a temporada 2023

Com restrição financeira, clube pretende montar elencos específicos para as disputas do Paulistão e Brasileiro da Série D

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Diretor de futebol Rodrigo Possebon ao lado de Vinícius Munhoz - Crédito Arquivo/Rafael Zocco

Após a eliminação na Série D, a Ferroviária começa uma restruturação dentro de seu elenco e também em seu projeto de futebol, visando a temporada 2023.

Com o restante do ano para se adequar a sua nova cultura, a Locomotiva pretende não cometer loucuras dentro do mercado depois de falhar em sua nova tentativa na luta por um acesso para a terceira divisão nacional.

Em coletiva realizada na Fonte Luminosa na terça-feira (19), o diretor de futebol, Rodrigo Possebon, fez uma avaliação do que foi o trabalho desenvolvido dentro dos últimos dois meses e a transformação que poderia acontecer.

Com um grupo já formado, o técnico Vinícius Munhoz iniciou o seu trabalho na metade do caminho percorrido depois da saída de Thiago Carpini, mas que culminaram na eliminação precoce dentro da competição.

“Em 60 dias, tivemos bastante trabalhos intensos para entender e compreendermos quais medidas seriam necessárias para que a Ferroviária volte a ser a nível competitivo esportivo e também saudável financeiramente. De forma simultânea a este processo de diagnóstico inicial, nós tínhamos a Série D em andamento com o grupo já formado e cientes de que a posição de tabela naquele momento era muito ruim. Teríamos que fazer uma ótima campanha pra classificar. Inicialmente, algumas medidas foram tomadas, seja no âmbito técnico, tático, em relação a ideia e modelos de jogo. Estas medidas trouxeram efeitos positivos, tanto é que entramos no G4. Infelizmente, não conseguimos a manutenção e acabamos não classificando para próxima fase da competição”, comentou.

A quinta tentativa pelo acesso falhou. No entender do clube e explanado por Possebon, a Ferroviária precisa ter a divisão em seu DNA para que o objetivo possa ser alcançado, ressaltando mais uma vez as peculiaridades que o torneio proporciona, não se tratando apenas em investir.

“O clube já vem alguns anos sem sucesso dentro desta divisão, mesmo com uma estrutura e folha financeira maior do que seus pares, fornece uma condição de trabalho muito acima da média que outros elencos de Série D, mas dentro da nossa avaliação, não é uma característica para ter sucesso. Estamos cientes disso e precisamos incorporar no DNA da Ferroviária estas características [da divisão] e botá-las em prática. Essa não é uma opinião do Rodrigo referente a divisão. São dados, estudos que nós mesmos já fizemos sobre a competição e, de forma mais incisiva, fazer o acesso e ascender em nível nacional”.

“A Série D possui elementos a serem respeitados, com características que são próprias da competição. A maioria dos gols são de bola parada e aérea, requer muito duelo físico. É uma divisão em que os campos são ruins, não se consegue ter um jogo elaborado e complexo, sendo necessário utilizar um modelo de jogo mais direto e objetivo. Outra característica da divisão é que não adianta ter um nível técnico acima da divisão. Não é o maior orçamento que tem sucesso dentro desta competição. Não é o clube de melhor estrutura e condições de trabalho que tem sucesso. Precisamos de uma vez por todas aqui dentro da Ferroviária, se tratando de Série D, mais do que entender estas características destes elementos, mas se adaptar a eles”, completou.

Sobre as mudanças dentro do departamento de futebol, Possebon diz pretende ter um elenco com maior identificação com o clube, sabendo dos objetivos traçados para a temporada e a competitividade interna pretende ser aumentada, independente da competição em que a Locomotiva for disputar.

“Existe duas premissas dentro desta reconstrução do departamento de futebol da Ferroviária, que são os elementos fome e cultura competitiva. Fome é o atleta que vem para a Ferroviária entender que a parceria entre ele e o clube vai gerar frutos na carreira dele, é entender dentro das variáveis que controla, como preparação, atitude e comportamento, ele consiga fazer no mais alto nível. A fome é ele usar todos os treinos e rotinas dentro das rotinas do clube para crescer e melhorar, e essa vai ser uma premissa inegociável daqui para frente, seja no Paulistão ou na Série D”.

A cultura competitiva é o foco em resultado. Sabemos que existe todo um processo para chegar até o dia de jogo. Nos preocupamos com isso, mas precisamos estabelecer uma cultura de competitividade aqui dentro. A gente precisa ganhar jogo, fazer resultado, fazer acesso e ir longe no Paulista. Estamos muito concentrados para conseguir chegar nestes objetivos e metas”, complementou o diretor.

Dentro da atual realidade financeira, o clube não vive um grande momento e que alguns jogadores já definiram os seus futuros para economizar o caixa.

O meia Clayton e o atacante Michel já foram anunciados pelo Manaus, enquanto o meia-atacante Bruno Xavier acertou com o Água Santa. O zagueiro Carlão deve ser emprestado, enquanto o atacante Welinton Torrão também deixou o clube.

Para a formação do novo elenco, o diretor afirmou que o clube não poderá errar na hora de contratar, mas que confia em seu departamento para ter um grupo competitivo.

“Hoje, o clube vive um momento de restrição financeira importante. Temos uma luta diária para manter salários e operação em dia. Deste processo financeiro, precisamos ter habilidade pelo momento do clube em relação a gestões de contratos e precisa ser assertivo quando faz contratações, seja em tempo de contrato e valores de remunerações. Resumindo, nós não podemos errar. A gente tem uma estrutura dentro do departamento de futebol, com a comissão técnica e uma área de departamento de mercado. Temos toda uma estrutura para acertarmos e não corrermos riscos”, analisou.

Por fim, o clube confirmou a permanência de Munhoz para a sequência desta nova reestruturação. Possebon enalteceu o treinador e diz ser de extrema importância para esta retomada.

“Ele é uma peça importantíssima dentro desta engrenagem. É um profissional de altíssimo nível. Contamos com sua capacidade técnica e liderança pra gente continuar neste processo que vem durando 60 dias”, contou.

Os jogadores remanescente seguem em período de treinamento com a comissão técnica até que se defina o futuro de cada um deles para o restante desta temporada.