A derrota para o Palmeiras na semifinal do Paulistão Feminino encerrou o calendário de competições da Ferroviária na temporada de 2022.
Com investimentos considerados altos e na busca de ser competitiva, o ano acabou sendo frustrante para as Guerreiras Grenás, não conseguindo levantar uma taça no futebol profissional.
O início com a disputa do Brasileirão Feminino trouxe um ar de esperança de que a equipe até então comandada por Roberta Batista pudesse colher frutos, mas isso durou nas rodadas iniciais, quando chegou até a ocupar o primeiro posto.
No papel, era um elenco que poderia galgar grandes conquistas na temporada. No torneio nacional, a equipe lutou pela classificação até a última rodada, mas acabou caindo nas quartas de final para o São Paulo sem apresentar um grande futebol nos dois jogos.
Com a troca no comando técnico, Jéssica de Lima não mediu esforços para trazer a confiança que faltava ao elenco para a Libertadores Feminina e Paulistão.
No torneio continental, a dolorosa derrota para o Deportivo Cali-COL, também nas quartas, tirou a possibilidade da equipe em disputar a competição pela quinta vez consecutiva.
Restou o estadual e foi quando o elenco conseguiu ter a “mudança de chave” para que se fortalecesse e buscasse, ao menos, uma final. A heroica virada sobre o Red Bull Bragantino nos últimos minutos na rodada derradeira da fase de classificação mostrava que o grupo comprou a briga para ter, ao menos, uma disputa valendo um título.
A competitividade que faltou no início não deixou a desejar no fim. Os dois jogos contra o Palmeiras na semifinal do Paulistão – no épico 4 a 4 e mesmo na derrota por 1 a 0 – mostraram que a Ferroviária poderia ter sido muito mais capaz na temporada, não com o futebol exuberante que todos apostavam, mas de uma entrega maior.
Jéssica de Lima conseguiu colocar a confiança dentro do grupo novamente, mesmo que, em alguns setores, as peças do quebra cabeça não conseguissem encaixar.
“A Ferroviária foi extremamente competitiva. Vi meninas tendo comportamentos de duelos, tanto ofensivos como defensivos, que não tinha visto ainda. Eu pontuei pra elas dizendo que elas não sabem o tamanho delas, do que elas podem entregar. A gente fica com aquele gostinho de que poderia, mas não tira em nada o orgulho que estou sentindo delas. O que elas entregaram aqui, fizessem com que o Palmeiras mudasse a escalação, esquema tático, um monte de coisa, pois a gente impôs uma dificuldade que em outros tempos não colocaria, até mesmo no jogo anterior comigo [da fase de classificação]. Elas estão de parabéns e estou orgulhosa do que elas produziram em termos de competitividade. Um jogo como este, de fato é o detalhe, e foi. São coisas do futebol”, declarou a treinadora após a eliminação no Paulistão.
ATAQUE EM ALTA
Se no Brasileirão e Libertadores faltou poder de decisão, a reta final de temporada mostrou que a pontaria ficou afiada no ataque grená, justamente quando a equipe mais precisou para conquistar a vaga às semifinais do Paulistão Feminino.
Foram 65 gols marcados, somando a participação na Brasil Ladies Cup. O principal destaque ficou para a atacante Laryh, sendo a principal artilheira da equipe. Ao todo, em 37 jogos, ela balançou a rede 19 vezes, enquanto Eudimilla marcou 11 gols, sendo a vice-artilheira.
DEFESA EM BAIXA
Mesmo terminando com saldo positivo, a Ferroviária sofreu 40 gols na temporada nos 37 jogos em que disputou (quase 1,1 gol sofrido por jogo). Não apenas na questão dos números, mas o sistema defensivo se mostrou vulnerável em diversas partidas, mesmo com as que culminaram em vitórias.
As que chamaram a atenção foram o acachapante 3 a 0 do Grêmio e o 3 a 1 para o Palmeiras, e a própria vitória sobre o Red Bull Bragantino por 1 a 0, onde o adversário chegou diversas vezes no campo de ataque, todas elas pelo Brasileirão.
Com uma pré-temporada bem feita, Jéssica de Lima poderá tirar mais das jogadoras na temporada 2023 para que as Guerreiras Grenás possam chegar fortes e mais competitivas para brigar por títulos.