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Há 60 anos, a Ferroviária enfrentava o Brasil, que se tornaria bicampeão da Copa do Mundo

Um dos grandes momentos de seus 72 anos de vida, a Locomotiva encarou a Seleção Brasileira, em Serra Negra, sendo reverenciada com o bom futebol que praticava naquela década

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A Ferroviária enfrentou o Brasil na preparação da seleção para a disputa do Mundial do Chile em 1962 - Crédito: Reprodução/Acervo/Estadão

O dia 29 de abril completou exatos 60 anos do embate feito pela Ferroviária contra o Brasil, que se preparava para a disputa da Copa do Mundo de 1962, que foi disputada no Chile.

Por possuir um futebol de muita técnica e raro aos demais clubes, a Locomotiva recebeu um convite para participar dos treinamentos da Seleção na cidade de Serra Negra, São Paulo, como forma de preparação.

A esquadra brasileira contou com dois times, azul e amarelo. Foram três tempos de 40 minutos, em que a Ferroviária enfrentou a Seleção Azul, o time considerado reserva, e empatou por 0 a 0. No jogo seguinte, as seleções se enfrentaram e também ficaram no zero.

No terceiro e último jogo, o Seleção Amarela, time titular, acabou levando a melhor e com gols de Didi, de pênalti e outro de falta, com seu famoso chute “folha seca”, venceu o escrete grená por 2 a 0.

A Seleção Amarela foi a campo com Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Jurandir e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo.

Já a Ferroviária encarou a seleção com Toninho; Ismael, Antoninho, Rodrigues e Zé Maria; Dudu e Bazzani; Mateus, Laerte, David e Beni.

Estiveram presentes no Estádio Municipal de Serra Negra 5.034 pagantes, para renda de Cr$ 1.697.700,00.

Apesar do revés, o jornal “Folha de São Paulo” destacou, no dia seguinte das partidas amistosas, a boa apresentação feita pelo time grená diante da esquadra brasileira. Confira:

“DOMÍNIO DA FERROVIÁRIA

O terceiro período do treinamento foi o que mais interesse despertou pois a seleção amarela, considerada a titular, enfrentava a equipe da Ferroviária que já havia descansado durante 40 minutos. Dudu repetindo suas atuações no Campeonato Paulista fez com que a equipe da Ferroviária se destacasse de forma exuberante.

Esse período foi bastante prejudicado pelo mau estado da cancha pois a essa altura chovia constantemente.

A Ferroviária, nos primeiros minutos dessa fase do jogo, encontrou várias oportunidades para finalizar com sucesso, aproveitando-se da falta de melhor estado físico do médio de apoio Zito, o qual abria vários corredores, por onde se infiltrava com facilidade o meia armador Bazzani. Contudo, a equipe de Araraquara não conseguia superar o arqueiro Gilmar, que cumpria sua primeira e destacada atuação desde que foi convocado para este selecionado.

Aos 5 minutos, Rodrigues, que vigiava individualmente Pelé, cometeu falta quando o mesmo procurava infiltrar-se. A falta cobrada por Didi foi convertida em gol.

Aos 7 minutos, após uma boa “tabelinha” entre Dudu e Laerte, este último arrematou, mas a bola foi defendida bem por Gilmar.

Aos 14 minutos, Gilmar teve outra oportunidade quando Beni do lado esquerdo e a 15 metros arrematou forte. Dez minutos depois, era Bazzani que se apresentava e arrematava falta para fora da meta.

Aos 25 minutos, Bazzani cortou bola com a mão, cometendo falta fora da área. Didi cobrou esta falta executando a sua conhecida “folha seca” que surpreendeu o guardião Toninho.

Até o final do encontro após a marcação do segundo tento, houve ainda domínio da equipe da Ferroviária.”

Jornal Folha de São Paulo de 30 de abril de 1962 destacou o jogo-treino entre Brasil x Ferroviária

De qualquer forma, a Ferrinha contribuiu e o Brasil conseguiu voltar com o bicampeonato mundial ao derrotar a Tchecoslováquia (hoje, República Tcheca) por 3 a 1, na grande final.

Ainda na fase de grupos, as seleções se enfrentaram e foi justamente nesta partida em que pela sofreu uma lesão e não atuou mais na Copa, dando lugar para Amarildo na equipe comandada pelo treinador Aymoré Moreira, futuro treinador da Ferroviária na disputa do Campeonato Paulista de 1977.