O time feminino da Ferroviária segue preparação para a temporada 2022 e contou com muitas novidades no elenco. Entre elas, está a atacante Eudimilla, que jogou pelo Grêmio nas últimas temporadas.
No espaço que teve durante o período de treinamentos, em Araraquara, ela atendeu a reportagem do Portal RCIA Araraquara e nos deu mais detalhes sobre como foi o seu início de carreira até a sua chegada nas Guerreiras Grenás.
Tudo começou em Santa Luzia, interior do Maranhão, cidade com pouco mais de 75 mil habitantes. De família bastante conhecida e trabalhadora, chamou a atenção do seu vizinho jogando bola na rua junto com os seus amigos.
“Eu brincava de jogar bola em frente da minha casa, junto com os moleques. Eu sempre brincava com os meninos. O meu vizinho, o ‘Sr. Bodinho’, sempre ficava olhando porque o neto dele brincava comigo e ele falava: ‘Rapaz, não tem ninguém que segura essa menina'”, lembrou.
Certo dia, Eudes, o pai de Eudimilla, foi alertado por Bodinho na porta de sua casa, falando do talento que a sua filha tinha com a bola nos pés e que teria um grande futuro. Ele também a observou jogando bola entre os meninos e o incentivo não parou mais.
Na escola, mesmo no meio dos meninos, começou a disputar diversos torneios, entre eles os Jogos Escolares, sendo artilheira em diversas oportunidades, e progrediu com a entrada em escolinhas de futebol, praticando na quadra e também no campo.
“Até os meus 14 anos, eu sempre brinquei entre os meninos. Depois de um certo tempo, apareceu times de futebol feminino e começaram a ligar para o meu pai, me chamando para jogar nas cidades próximas”, declarou a jogadora.
De tanto marcar presença, Eudes recebeu a ligação de um empresário de São Paulo, fazendo um convite para sua filha participar de um teste no Juventus e acabou passando. Só que a estadia foi curta.
“Fiquei um mês lá. Meu pai foi junto comigo e, quando ele voltou pra casa, eu quis voltar junto com ele. Eu tinha 15 anos e não conseguiria ficar sozinha. Depois, surgiu a oportunidade de ir para a Chapecoense”, revelou.
Entre categorias de base e adulto, Eudimilla defendeu as cores da Chape por dois anos. Com apenas 17 anos, disputou o Brasileiro Feminino A-2, em 2019, e chegou com a equipe até às oitavas de final, caindo para o 3B da Amazônia, nos pênaltis, após empatarem os dois jogos.
Mas foi no Brasileiro Sub-18, disputado em Flores da Cunha, no Rio Grande do Sul, que Eudimilla decolaria na carreira. A equipe catarinense caiu no mesmo Grupo B, com Internacional, Ferroviária e Corinthians.
A Chape ficou na segunda colocação do grupo com 11 pontos ganhos, ficando atrás apenas do Inter. Como apenas uma equipe por grupo avançava de fase, ficou de fora.
Mesmo assim, com o bom futebol apresentado, a comissão técnica do Grêmio acompanhou os jogos e acabou aceitando a proposta do time gaúcho. Com ela, também foi a zagueira Yasmin, hoje presente na Ferroviária.
No Tricolor, ela se destacou e, rapidamente, caiu nas graças da torcida, rendendo diversos apelidos, entre eles, o de “Eudigol”.
“A torcida sempre teve um carinho enorme por mim. Eles criavam apelidos, canções e isso tudo me deixava muito contente”, contou.
Os destaques lhe renderam convocações para a Seleção Brasileira Sub-20 e também na principal, comandada pela treinadora Pia Sundhage.
Vestindo a camisa gremista até 2021, ajudou a levar a equipe em três finais de Campeonato Gaúcho, mas acabou caindo para o Internacional. Ela esteve campo em 36 jogos, balançando a rede em 25 oportunidades, sendo a segunda maior artilheira da história do clube na modalidade.
Agora, na Ferroviária, ela chega em um setor que era carente no esquema da treinadora Roberta Batista e espera escrever um novo capitulo em sua história no futebol feminino. Com pouco tempo em Araraquara, se mostrou estar ambientada com as demais companheiras de equipe e comissão técnica.
“É um time multicampeão, tem ambição por títulos e também dentro de campo. As minhas novas companheiras de equipe foram bastante receptivas, me trataram muito bem e a cidade também é muito boa. Eu estou muito feliz neste novo ambiente”, declarou.
Na temporada, as Guerreiras Grenás participarão do Brasileiro Feminino e do Campeonato Paulista. Porém, Eudimilla vive a expectativa de poder participar pela primeira vez de edição da Libertadores Feminina. A deste ano, acontecerá entre os dias 13 e 28 de outubro, no Equador.
“É uma competição que sempre via e tinha muita vontade de jogar. Agora, eu vou ter essa oportunidade. Sempre vou dar o meu melhor. Eu tô muito feliz e motivada, com muita sede de jogar uma Libertadores. Eu tô muito ansiosa por isso”, enfatizou.
Outra expectativa da jogadora de 20 anos é de ser chamada para a Seleção Brasileira principal. Ela já teve a experiência de ser chamada por Jonas Urias e defendeu o grupo Sub-20, em treinamentos e amistosos.
“Tive já a oportunidade de representar na Seleção Sub-20 e quero também na principal. Acredito que isso sairá naturalmente. Quero desenvolver um trabalho muito bonito na Ferroviária, dar o meu melhor e isso vai ser consequência para que eu seja convocada. Sei que tem muitas atacantes de qualidade, mas espero ser lembrada pela Pia”, encerrou a atacante.
Na tarde desta sexta-feira (11), a equipe realizou jogo-treino diante do São Paulo e empatou por 1 a 1, na Fonte Luminosa.
O primeiro desafio de Eudimilla com as Guerreiras Grenás na temporada será a disputa do Brasileiro Feminino, que tem início previsto para o dia 6 de março.
ERRATA: Eudimilla não foi convocada para a Seleção Brasileira Principal, apenas para a Sub-20.
(Rafael Zocco)
