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Museu Nacional: 200 anos de histórias viram cinzas

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Museu RioTristeza em ver queimar o que a história escreveu

“O arquivo histórico do museu, de 200 anos de história, foi totalmente destruído”, disse o vice-diretor do museu, Luiz Fernando Dias Duarte, pouco depois de os bombeiros terem lançado um alerta para o risco de desabamento do edifício, em consequência do incêndio que não causou vítimas.

O presidente Michel Temer emitiu em comunicado: “Incalculável para o Brasil a perda do acervo do Museu Nacional. Hoje é um dia trágico para a museologia do nosso país. Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor para a nossa história não pode ser medido, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o império. É um dia triste para todos brasileiros.”

Antes, o Ministério da Educação já havia lamentado as consequências do incêndio no Museu Nacional criado por D. João VI e que completa 200 anos em 2018.

O ministério destacou que serão feitos todos os esforços para auxiliar a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que geria o museu, no que for necessário para a recuperação do patrimônio histórico.

A reitoria da universidade indicou que o incêndio começou por volta das 19h30 e que não há registro de vítimas. As razões do incêndio ainda são desconhecidas, segundo a agência France-Presse.

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, afirmou que um contrato de revitalização do Museu Nacional foi assinado em junho, mas não houve tempo para que o projeto pudesse acontecer e para que a “tragédia” fosse evitada.

Segundo o governante, citado pela GloboNews, houve “negligência” em períodos anteriores. Já a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, falou em uma “tragédia anunciada”.

O Museu Nacional é a mais antiga instituição científica do Brasil, voltada para a pesquisa e memória da produção do conhecimento, hoje vinculada à UFRJ, pode-se ler no site dedicado ao museu.

A sua história remonta aos tempos da fundação do Museu Real, por D. João VI, em 1818, cujo principal objetivo era propagar o conhecimento e o estudo das ciências naturais em terras tupiniquins. Hoje, é reconhecido como um centro de pesquisa em história natural e antropológica na América Latina.

ACERVO COM MAIS DE 20 MILHÕES DE PEÇAS

O museu detinha um acervo composto por mais de 20 milhões de itens, distribuídos por coleções que servem de base para a pesquisa desenvolvida pelos Departamentos de Antropologia, Botânica, Entomologia, Geologia e Paleontologia, Vertebrados e Invertebrados.

Do acervo do museu fazia parte uma coleção egípcia e outra de arte e artefatos greco-romanos, bem como coleções de paleontologia, incluindo um esqueleto de um dinossauro encontrado em Minas Gerais e o mais antigo fóssil humano descoberto no atual território brasileiro, batizado de “Luzia”.

Grande parte das coleções do Museu Nacional foi reunida durante a Regência e o Império, entre as quais as oriundas do “Museu do Imperador”, localizado em uma das salas do Paço da Boa Vista. D. Pedro II, assim como a Imperatriz Leopoldina, sua mãe, nutria grande interesse pelo colecionismo e pelo estudo das ciências naturais.

A instituição, criada há 200 anos, foi fundada por D. João VI, de Portugal, e era o mais antigo e um dos mais importantes museus do país.

O Museu Nacional do Rio de Janeiro era o maior museu de História Natural e Antropologia da América Latina e o edifício tinha sido residência da família real e imperial brasileira.

Segundo o El País, o museu tinha ainda o maior e mais importante acervo indígena e uma das bibliotecas de antropologia mais ricas do Brasil.

A instituição, ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro, era alvo de cortes orçamentais há pelo menos três anos.

O vice-diretor do Museu Nacional considerou o incêndio uma “catástrofe insuportável”. “O arquivo de 200 anos virou pó. São 200 anos de memória, ciência, cultura e educação, tudo transformado em fumaça por falta de suporte e consciência da classe política brasileira”, afirmou o responsável, destacando: “Meu sentimento é de imensa raiva por tudo o que lutamos e que foi perdido na vala comum”.