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Após polêmica com a Ferroviária, Edinho continua afastado do projeto: “Minha relação será de torcedor”

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edinho silva carlos salmazo

 edinho silva carlos salmazoPrefeito diz que prioridade é a cidade de Araraquara

O prefeito de Araraquara, Edinho Silva, falou pela primeira vez sobre o episódio envolvendo os ex-presidentes da Ferroviária, Milton Cardoso e Welson Alves Ferreira Júnior, o Juninho, sobre uma suposta interferência do prefeito dentro do clube.

Em entrevista ao programa “Balanço Geral”, da Rádio Cultura AM, na última quinta-feira, Edinho falou sobre a volta do basquete da ABA/Fundesport na disputa do Campeonato Brasileiro.

Repercutindo sobre o ocorrido com os ex-presidentes, o prefeito deixou claro o seu descontentamento com parte da cúpula grená e lembra da ajuda que foi feita para reerguer a Ferroviária nos últimos anos.

“Dizer que tem ingerência minha dentro da Ferroviária, eu acho que é muito injusto. Eu nunca bati e nem bato na porta da Ferroviária. São os diretores que muitas vezes aparecem aqui, pedindo para eu ver um patrocínio, falar com uma empresa para que possa recebe-los ou para marcar uma audiência para apresentar o projeto da Ferroviária. Eu nunca digo não. Às vezes, o que poderia ser o meu horário de descanso ou de lazer, estou ligando para que a Ferroviária seja recebida. Muitas ajudas aconteceram na Copa Paulista do ano passado, no dia do aniversário de Araraquara [22 de agosto, na partida contra o Rio Claro, na Fonte Luminosa] para que empresas comprassem ingressos. Sou eu quem pega o telefone e saio apresentando a Ferroviária. É um esforço para que a gente possa manter o clube forte. Na minha avaliação, a Ferroviária é o principal símbolo de Araraquara. É ela quem leva o nome da cidade para o Brasil inteiro. Nós estamos vendo agora no Campeonato Paulista. Você liga a televisão e é “A Ferroviária de Araraquara”. Então, eu não me incomodo de ajudar”, disse.

Edinho insinua que estão vinculando o seu nome com a Ferroviária por pressão política, muitas vezes causada por seus opositores, seja do próprio clube grená ou de partidos políticos, e deixou bem claro que a sua prioridade é a cidade de Araraquara.

“O que eu penso é que não utilizem isso muitas vezes para me atacar. As pessoas que têm discordância política comigo, que façam o debate político, mas que não usem esse meu empenho em ajudar a Ferroviária para me desgastar politicamente em Araraquara. A minha prioridade aqui é ser prefeito. Eu tenho a confiança do povo, mesmo em uma situação muito difícil que vive a cidade e eles sabem das dificuldades que a prefeitura enfrenta. Num quadro como esse, minha prioridade é recuperar Araraquara, é fazer com que prestem um serviço de qualidade aos seus moradores”, declarou.

“Eu não vou permitir que as pessoas que queiram me atacar utilizem a Ferroviária para me desgastar enquanto eu for prefeito. Isso me deixa muito magoado e, às vezes, os ataques que vêm são daqueles que destruíram a Ferroviária. É isso que eu não posso aceitar. No ano de 2003 [durante o seu primeiro mandato, de 2000 a 2004], um grupo de torcedores, inclusive entre eles o Juninho [Welson Alves Ferreira Júnior, presidente do Conselho da Ferroviária S/A], Fernando Jóe e Rodrigo Viana, bateram na porta da minha casa num domingo à noite para que eu ajudasse a montar um projeto para que a Ferroviária não acabasse. Eu fui procurado. Eu não bati na porta do clube mesmo sendo torcedor, tendo um amor imenso pelo time da nossa cidade. A partir dali nós montamos um projeto para tirar a Ferroviária do fundo do poço e sou reconhecedor, muito grato com todas as pessoas que se envolveram e do esforço que foi feito para que ela voltasse. Agora, a Ferroviária disputa a Série A1, credenciada para Campeonato Brasileiro. Nos últimos quatro anos, disputou e ganhou títulos. Enfim, a Ferroviária existe. Com todas as dificuldades, mas existe”, contou.

O descontentamento surgiu justamente quando o destaque da Locomotiva na Copa São Paulo de Futebol Júnior, o atacante Felipe Estrella, foi emprestado a Roma-ITA.

O presidente do conselho da Ferroviária S/A, Juninho, enalteceu o trabalho feito pelo seu filho, Guilherme Alves, o qual trabalha na NG Soccer, empresa de gerenciamento de jogadores, que negociou o jogador ao clube italiano e “cutucou” outros empresários e pessoas ligadas ao atual prefeito da cidade.

Depois do mal-estar criado na diretoria, Juninho enviou uma carta pedindo esclarecendo o ocorrido.

“Em nenhum momento, em conversas em mídias sociais, ou por quaisquer outros meios, tive a intenção de ofendê-lo, ou de denegrir seu nome, de nenhuma maneira. O que disse, e isso às vezes pode ocorrer, é que pessoas podem, tentando usar seu nome, se aproximar da agremiação, na tentativa de assediar jogadores em transações comerciais. A Ferroviária hoje é um clube formador de jogadores, com uma estrutura completa e com reconhecimento da CBF – daqui para frente, o que aconteceu agora, com nosso atleta Felipe Estrella sendo emprestado à Roma da Itália, passará a acontecer com frequência. Temos que preservar sempre os interesses da Ferroviária, e de quem trabalha em sintonia com o clube. Não podemos tolerar oportunistas”, diz um dos trechos da carta, enviada no dia 31 de janeiro.

Porém, Edinho lembrou dos momentos mais conturbados da história do clube, onde encontrou “uma situação de total destruição”, o que poderia ser o fim sem a sua ajuda.

“Aí criam uma polêmica em torno de um menino das categorias de base, que eu acho que é uma coisa positiva, e fazem disso um assunto negativo. Se a Ferroviária está vendendo um menino para grandes clubes do mundo, é porque existe categoria de base. Eu lembro quando montamos o projeto da Ferroviária não tinha categoria de base. Os jogadores do clube não tinham comida. Eles faziam “vaquinha” para comprar alimentos e eles mesmos cozinhavam. As cozinheiras, por não receberem os salários, não queriam cozinhar também. Era uma situação de total destruição. Hoje as coisas estão funcionando. Tem categoria de base, está vendendo jogador e a venda ajuda a sustentar o projeto. Tudo isso está acontecendo. Por isso, é muito injusto os ataques que foram feitos. Eu não carrego ódio em minha vida de ninguém. Eu sempre quero ser a pessoa da pacificação, que unifica e não tenho dificuldade nenhuma em perdoar alguém. Por isso eu digo: minha prioridade, o meu foco, é ser prefeito de Araraquara. Ajudar a Ferroviária é importante porque ela é o time daqui. Agora, fazer disso para me atingir quando eu for prefeito, isso eu não vou permitir. Eu tenho muito trabalho. Estou trabalhando cerca de 18 horas por dia para tentar recuperar a nossa cidade. Eu não vou permitir que um episódio como esse me tire do foco daquilo que é prioridade”, detalhou.

Perguntando se está novamente no projeto, Edinho nega e diz que o momento é de pensar no futuro da cidade, principalmente no que envolve a epidemia de dengue, e que é apenas um torcedor.

“Eu não estou de volta ao projeto. Neste momento, a minha prioridade é cuidar de Araraquara. Estamos vivendo uma epidemia de dengue. Estamos com uma cidade com nível de endividamento muito alto com muita dificuldade de retomar o serviço. Araraquara tem um time chamado Ferroviária e eu não vou deixar de ir ao estádio, de torcer e estar junto. Agora, neste momento, eu prefiro canalizar as minhas energias para a cidade e acho que o projeto já andou bem. Tem um presidente altamente competente, que é o Salmazo [Carlos Salmazo, presidente do clube], junto com a sua diretoria. Então, deixa eu cuidar de Araraquara. Naquilo que for possível, eu ajudo. Mas aquele envolvimento que eu tinha, de muitas vezes sentar com a diretoria, olhar orçamentos, de que forma poderíamos correr atrás para suprir déficit orçamentário, de envolver como levar um patrocínio para fortalecer as categorias de base. Esse tipo de envolvimento, por hora, eu não quero ter. Algo que você faz de esforço para ajudar, vem dizer que isso é intromissão e ingerência, eu não quero. Podem perguntar para os diretores da Ferroviária. Qual dia que eu sentei para fazer qualquer tipo de ingerência na Ferroviária? Às vezes eu passo meses e meses sem chegar perto de um campo de futebol, porque eu não tenho tempo para isso. Eu vou apenas no jogo. Então, falar que estou ingerindo, já é demais. Então, se minha ajuda é ingerência, deixa a Ferroviária caminhar que minha relação será de torcedor”, afirmou.

Mesmo com todo o imbróglio, a Ferroviária tem correspondido e está bem no Paulistão. Líder provisoriamente do Grupo C com 8 pontos, receberá o time do Palmeiras no próximo domingo, às 17h, na Fonte Luminosa, pela sétima rodada do campeonato.

Crédito da foto: Tom Magno