Manejo do greening externo aos pomares comerciais e apoio da população são fundamentais para vencer a pior doença da citricultura
Silvio Lopes, pesquisador do Fundecitrus
A Prefeitura de Araraquara, por meio da Coordenadoria Executiva de Agricultura do Município, vinculada à Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Econômico, aderiu ao programa integrado de combate ao greening #unidoscontraogreening. O programa promovido pelo Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) foi criado em 2017 com o objetivo de conscientizar e engajar não só a cadeia citrícola, mas também a população, no enfrentamento da doença.
Considerada a pior doença da citricultura mundial, o greening, transmitido pelo inseto psilídeo, causa queda precoce dos frutos, que não se desenvolvem normalmente e ficam com sabor mais ácido, dentre outros sintomas, comprometendo e reduzindo a produção. Como não tem cura, é necessário erradicar as árvores sintomáticas. A incidência de greening diminuiu 15,3% na região de Matão, região em que está incluída a cidade de Araraquara, passando de 21,63% em 2017 para 18,32% em 2018, segundo levantamento realizado pelo Fundecitrus – Fundo de Defesa da Citricultura. No entanto, o índice da doença é considerado severo e a região é a quinta mais afetada das 12 regiões que compõem o cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, atrás apenas de Brotas (58,16%), Limeira (34,01%), Duartina (32,78%) e Porto Ferreira (27,41%).
AÇÕES DE COMBATE
O controle da doença deve ser intensificado entre o final de inverno e o início do verão, período crítico quando a população do inseto psilídeo aumenta favorecida pelo início das chuvas intensas. As chuvas removem ainda os inseticidas aplicados nas plantas e reduzem a eficácia dos produtos.
“O manejo precisa ser bem feito durante todo o ano, mas nesse momento é imprescindível que seja mais frequente para proteger os pomares de novas contaminações”, afirma o pesquisador do Fundecitrus Silvio Lopes.
O controle do greening em áreas urbana e rural, que possuam murtas (também chamada de dama da noite) e plantas de citros (laranja, limão e tangerina) sem o controle recomendado, é fundamental para manter a doença sob controle dentro das propriedades comerciais. Isso porque o psilídeo, inseto transmissor do greening, se reproduz nessas árvores e é capaz de percorrer longas distâncias até os pomares.
Assim, como parte da campanha #unidoscontraogreening, o Fundecitrus tem intensificado parcerias com empresas citrícolas, citricultores e prefeituras para ações externas às fazendas.
O trabalho baseia-se no mapeamento de murtas e plantas cítricas presentes em praças, quintais, chácaras e ranchos; conscientização sobre o poder destrutivo do greening, inclusive com palestras em escolas; e proposta de substituição dessas plantas por outras frutíferas e ornamentais.
“Estamos [Fundecitrus] percorrendo todos os setores e regiões do cinturão citrícola, e a adesão, a aceitação da substituição é muito alta. Em geral, as pessoas entendem. Mas o parque é vasto. É um trabalho incessante e contínuo”, concluiu o gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres.