Deusiana pede para que os caminhoneiros não desistam
No final da tarde desta terça-feira (29) uma mulher que se apresentou como Deusiana levou grande parte dos caminhoneiros concentrados no Posto e Restaurante Morada do Sol, a emoção. Em muitos, se viram lágrimas escorrendo no rosto. Era o reflexo de uma mistura de coragem e sofrimento pois há 10 dias, transportadores de carga estão parados, reivindicando melhores condições de vida para eles e agora para a população brasileira.
Essa demonstração de reconhecimento ao papel que a classe caminhoneira está mostrando levou mais de dois mil veículos a promoverem duas carreatas pelas ruas de Araraquara e ambas se encontraram no posto para o fortalecimento do movimento que agora pede, além dos benefícios a saída do governo Temer.
“Estou aqui para falar em nome do meu filho Pedro, de dois anos de idade; ele confia em vocês e no futuro se ele disser que será um caminhoneiro, vou estar com ele, pois vejo quanto existe de luta, de coragem, em cada um de vocês”, falou Deusiana no microfone, aos participantes do movimento no pátio do posto.
Entre as informações desencontradas que aconteciam no final da tarde e começo de noite desta terça-feira circulava a possibilidade de uma negociação entre a classe e um advogado do Sindicato dos Transportadores de Cargas, o que não chegou a ser confirmado. Porém, havia revolta neste sentido: “Esses caras vêm aqui com blá-blá-blá e pensam que vão nos levar na conversa”, falavam alguns profissionais do volante.
Faixa exposta no pátio do Posto Morada do Sol
Quando começou a paralisação e já estamos no décimo dia os caminhoneiros estavam pedindo para que o governo reduzisse o preço do óleo diesel e isso até que aconteceu: houve uma redução de R$ 0,46 por litro num período de até 60 dias. Outras reivindicações foram conseguidas: fim da cobrança por eixo suspenso nos pedágios. A pressão deles agora está em cima do preço da gasolina e etanol como gratidão ao que o povo brasileiro tem demonstrado apoiando o movimento. A saída do presidente Temer é outra reivindicação que caminha ao lado da mudança na política de preços na Petrobras.
À noite, quando as carreatas chegaram ao Posto Morada do Sol, alguns caminhoneiros ainda lembravam das palavras de Deusiana: “Por favor não desistam, eu lhes peço em nome do povo brasileiro” e suas palavras pareciam se incorporar ao Hino Nacional Brasileiro cantado diversas vezes e aos refrões que foram criados pela classe.
Durante toda esta terça-feira chegaram gêneros alimentícios, produtos de higiene pessoal, roupas; numa cozinha improvisada as esposas de alguns caminhoneiros preparam as refeições. É um movimento único de solidariedade que segue nesta quarta-feira, por um Brasil melhor, sem corrupção e por qualidade de vida.
Esposas dos caminhoneiros na cozinha improvisada no Morada do Sol
