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Aniversário da cidade: não esqueço das corridas na 36

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Bene 02

Crônica: Benedito Salvador Carlos (Benê)Bene 02A largada na Bento de Abreu, entre o Primavera e o primeiro balão da Fonte

Sempre que 22 de Agosto se aproxima, aniversário de Araraquara, varias lembranças vão aflorando minha memória e um turbilhão de emoções se espalhando por meu corpo, revivendo cada uma delas como se fossem únicas.

 Graças a Deus nasci pobre, muito pobre e a experiência de ter um pai ferroviário, ter crescido em uma família de nove irmãos, foi única. O prazer de dormir todos em um quarto pequeno, de acordar feliz cantando “Quem não quer capim gordura, bate o pé reclama, quer grama” junto com Nhô Zélio e de dividir o pão do café com pouca manteiga é indescritível.

Uma única volta de bicicleta, que era o meio de transporte do meu pai, no quarteirão de domingo, êxtase puro que minhas pernas até hoje tremem. Vira e mexe, meu coração palpitante se transporta lá para o Grupo Escolar Professor Augusto da Silva Cesar, antigo prédio localizado na Rua Expedicionários do Brasil (8) com a Avenida Sebastião Lacerda Corrêa e que tinha entre tantas outras coisas, minha classe do quarto ano separada por um lençol de cor branca.

Como se os anos nunca tivessem passado, viajo sonhando ao encontro de Dona Cecília, Dona Diva, Dona Samira Gibran e ao saudoso Professor Geraldo Honorato Azzi Sachs, pegando em minhas mãos e professorando saber, dignidade e amor.

Meu carrinho de rolemã que com meu irmão Assis e meu primo Nivaldo Coelho, descíamos a Rua Comendador Pedro Morganti (11) sob o olhar assustado de Dona Sulina até parar no paredão de terra na Avenida Francisco Sampaio Peixoto (29) e ainda com Assis e Nivaldo, já com bicicletas próprias indo para as aulas do curso preparatório no prédio do Albergue Noturno, Lar  Mei Mei, na Rua Itália (7) perto da Avenida José Bonifácio aprender matemática e português com o Professor Walace Leal Valentim Rodrigues.

Meu primeiro emprego com oito anos de idade na alfaiataria do Sr. Julião Pereira, na Rua Padre Duarte (4), defronte o Jardim Público e ao lado do prédio da Chalú que simultaneamente me ofereceu a oportunidade de também servir à tinturaria da Dona Maria Japonesa, mãe de Clara, Ana Maria, Tamiko e Tadame Hayashida.

Bene 03Das corridas de moto no aniversário de Araraquara não dá pra esquecer

Tudo isso me lembro com frescor, mais nada fixou tanto na minha memória quanto as corridas de carros realizadas na Avenida Padre Francisco Salles Colturato (36), daquele som ensandecido do DKW 10, magistralmente dirigido por Marinho Camargo Filho, da Alameda Paulista, verdadeiro formigueiro humano encantado com as presenças de Penha (José da Penha Moreira), Neto (Olimpio Bernardes Ferreira Neto), Eduardo Luzia, Victorinho Barbugli, Salerno, Zé Faito, Zé Duvilio, Dinho Dall’ Acqua, Pinho, Dario Pires, Engenheiro Murilo Leonardi,  Manolo e Braz Passalacqua, que espalhavam no final de semana de cada corrida, o doce aroma da gasolina azul misturada com óleo Valvoline Racing, que entraram por meus poros e nunca mais saíram da minha alma.

Do meu Colégio Victor Lacôrte, que a sorte me ofereceu entre outros, ser aluno dos Professores Rodolpho Tellaroli, Mivaldo Messias Ferrari, Rubens Dias Maia, Sidney Rodrigues, Luzia de Mello, Ana Talarico, Helio Senne,  Alice e Osmar Malaspina.

O aniversário de Araraquara era muito mais, nem sei ao certo dizer de quantas vezes me emocionei também com a Esquadrilha da Fumaça, quantas vezes neste período fui na praça Frederico Di Marco, ver o pouso dos balões livres de Victorio Truffi.

Quantas vezes, oh meu Deus do céu, quantas vezes, para chegar nas corridas de carro, dormir na casa de minha tia Inês na Rua Voluntários da Pátria (5)  com a Avenida 38 e quantas vezes para assistir às corridas de motocicleta, na companhia de meu irmão Haroldo, emendar a semana na casa lá da Vila Xavier de meu tio Eusébio Quadrado, na companhia inesquecível dos primos Luiz Carlos, Sebastião e João Batista fazer o tempo, jogar futebol, ver uma verdadeira erudição do samba de raiz no Ponto Chic com José Roberto Tellarolli, Salomão e companhia e assistir na TV Record  “As jovens tardes de domingo do Rei Roberto, Erasmo e Wandeca”.  Velhos tempos, Belos Dias.