Localizado a cerca de 300 quilômetros de São Paulo, o município de Gavião Peixoto possui uma das unidades da Embraer no Brasil, e viu sua rotina de cidade do interior mudar com a inauguração da unidade em 2001.
Um colhedor de laranjas do final do século XX, numa das plantações espalhadas pelo município de Gavião Peixoto, não imaginava que aquela região haveria de se tornar um dos maiores polos de inovação do país, nem que o pacato céu do município seria palco para ensaios incríveis das aeronaves mais modernas do mundo. Tampouco acreditava que ele mesmo um dia chegaria a trocar a lida diária com laranjas pela lida diária com alta tecnologia.
A Embraer escolheu Gavião Peixoto a dedo, 300 cidades pré-selecionadas, para receber a nova unidade da empresa. Um dos motivos preponderantes para que o pequeno município ganhasse a disputa foi o fato do local ser favorável topograficamente, pois tem um solo firme, ideal para a construção civil – uma característica mais do que importante para um de 17,5 milhões de metros quadrados com direito a umas das maiores pistas de pouso do mundo.
A unidade de Gavião Peixoto foi criada principalmente para ampliar a base industrial da Embraer e expandir seu portfólio de produtos. Quem faz avião precisa de espaço para produzi-los e modela-los à prova. A decisão da construção aconteceu em um momento em que o mercado estava muito aquecido e existia a necessidade de ampliar os horizontes e os negócios, tanto para a produção de novas aeronaves, quanto para dar suporte a outros produtos.
A MAIOR PISTA DO HEMISFÉRIO SUL
Com muitas operações em terra e no ar, era necessária uma pista com espaço de respeito, que receberia pouso, decolagens e ensaios com novas aeronaves. Não à toa, a pista de Gavião Peixoto é um quarta maior do mundo e a maior das Américas e de todo hemisfério sul. Ela tem 4.967 metros de comprimento, perdendo apenas para as pistas do Aeroporto de Qamdo Bangda, na China, com 5.500 metros, do Aeroporto Ramenskoye, com 5.403 metros, e do Aeroporto Ulyanovsk Vostochny, com 5.000 metros, ambas na Rússia.
Construir a Embraer em Gavião Peixoto tinha uma contrapartida exigida por lei: trazer melhorias ao meio ambiente. Entre elas, recuperar mais de 20% da vegetação da área do projeto. A obrigação se tornou uma causa abraçada pela empresa, tanto que o reflorestamento cobriu até o que foi derrubado pelas plantações de café no século XVIII. Foram plantadas 600 mil árvores nativas, frutíferas e não frutíferas, de 135 espécies. Uma área de 357 hectares (22% do espaço total), o equivalente a 424 campos de futebol, foi toda reflorestada até 2007 – três anos antes do prazo estipulado.
IMPACTO POSITIVO
O investimento inicial de 150 milhões de dólares, que além da pista de pouso acrescentou ao projeto 6 hangares e a área industrial, também emprega muita gente. Entre engenheiros, desenvolvedores, técnicos e administradores, a Embraer mantém mais de 2.800 funcionários em Gavião Peixoto, número que representa mais da metade dos 4.500 habitantes da cidade.
E não é só o mercado de trabalho que se beneficia da presença da companhia. Em 2016, Gavião Peixoto foi considerada a cidade com a melhor gestão fiscal do país, segundo o ranking da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) – no qual subiu 397 posições. À época da divulgação do resultado, o fato foi atribuído à arrecadação de ICMS e ISS oriundas das atividades da Embraer.
PRODUÇÃO LOCAL
A Unidade Gavião Peixoto é uma potência em produção. É lá que são fabricados o KC-390, o Super Tucano e os Praetors 500 e 600. Além da produção de aviões, a Embraer também presta serviços aeronáuticos e é responsável pela modernização das caças F5, AF-1 e A1-M.