
Presidente da APAE por cinco anos, Nenê Ferrenha acreditou no poder de realização do ser humano, quebrou preconceitos e levou a sociedade a ter outro entendimento sobre a entidade e as pessoas com deficiências. Sua morte entristece a cidade.
Pedro Paulo Ferrenha, o “Nenê Escapamento”, faleceu em hospital de Ribeirão Preto, nesta segunda-feira (17)
Alguém disse um certo dia: “O Brasil precisa de pessoas como ele”. De fato, com Nenê Ferrenha poderíamos ter um Brasil sem máculas e ser este país por inteiro a nossa casa, mas impossível quando não se possui a fórmula para a produção de seres humanos com visão de paz e decência, voltados para o próximo.
Uma outra pessoa até se expressou de maneira emotiva: “Nenê, é um exemplo de amor ao próximo. Sua forma de trabalhar fez a sua marca em Araraquara. Quem convive com o Nenê só nos confirma que o que plantamos de bom, colhemos depois. Está sempre dando exemplo de como se viver com amor.”
Passado o tempo e num certo período da sua vida, entendemos que Nenê foi mais que isso, entrincheirando-se nos campos de batalha disposto a quebrar regras e protocolos para que a cidade entendesse a sua dor no momento de estender as mãos para os pequeninos da APAE. De forma resumida podemos dizer que foi um exemplo de pessoa.
A doce lembrança da APAE onde Nenê passou uma importante fase da sua vida
Humilde, de gestos simples, afastaria em vida pelo seu jeito de ser, o reconhecimento, a valorização e os elogios que fazemos agora, mesmo porque este é um momento para ele apenas ouvir, afinal o guerreiro descansa e sabe da importância que é cumprir uma missão com dignidade e respeito.
Para suas amizades mais próximas ele disse numa certa manhã: “Assumo a APAE, mas sei que falar de inclusão, em nossa sociedade, é um desafio”. Questionado sobre a razão de falar assim, ele respondeu com a voz rouca: “Porque simplesmente, uma sociedade possui barreiras; não possui entendimento sobre as necessidades especiais destes seres tão queridos”.
Pedro Paulo Ferrenha, o Nenê, não aceitava o preconceito, mas para vencer os desafios teria que ser o criador de um mundo de bondade para cada uma daquelas criaturas que ele sentia como parte da sua própria vida. Tornou a APAE o prolongamento do seu lar e se às vezes faltava recurso, Deus parecia ouvir o chamado quase cansado de quem clamava ajuda. Ambos se entendiam como essas coisas de pai para filho.
Tanto era sua missão que Nenê buscava incansavelmente dar a APAE, uma estrutura física capaz de atender cada vez mais e melhor aos necessitados, sabendo no seu interior que com o poder público pouco poderia contar. E se a APAE hoje é vista como modelo entre as entidades sociais – muito se deve a ele, que parte ciente da obra que deixa para vida eterna de uma cidade.
SUA VIDA
Com os seus familiates em 2017, na Câmara Municipal
Pedro Paulo Ferrenha, o Nenê, nasceu em 12 de março de 1950, filho de Darcy e Maria, uma família composta por mais cinco irmãos: Lázaro, Francisco, José Laerte, Jair e Hélio. Nenê que gostava de jogar futebol, estudou no Florestano Libutti, no IEBA e no Poli.
Ele foi por oito anos funcionário das Casas Texidal, uma importante loja de tecidos nos anos 60. Trabalhou dois anos em São Paulo e, em 1973, se tornou empresário, fundando a Nenê Escapamentos, tendo ao seu lado o inestimável amigo e irmão Arthur Wormhoudt. Casou-se com Dóris Teresinha em 1977 e deixa três filhos: Rodrigo, Diego e Gustavo, também dois netos.
Nenê foi diretor da Associação Comercial e Industrial de Araraquara (ACIA) e diretor adjunto na Associação Ferroviária de Esportes (AFE). Fazia parte do Rotary Club Oeste, onde ocupou vários cargos. Através do Rotary, chegou à APAE, prestando serviços voluntários em eventos e, em 2014, tornou-se presidente da entidade.
Em fevereiro, Nenê chegou a ficar internado no Hospital São Paulo, em Araraquara; dois meses atrás foi levado para Ribeirão Preto (Hospital São Lucas Ribeirânia) para intensificar o tratamento, não conseguindo vencer a doença que o acometeu durante anos.
A informação sobre sua morte foi dada nesta madrugada. A família ainda não tem o horário definido do velório, mas provavelmente deverá acontecer após às 12h, no Memorial Fonteri.
Siga em paz, amigo. Você deixa saudades.
O velório vem ocorrendo no Memorial Fonteri e o sepultamento será nesta terça-feira (18) as 10h30, no cemitério São Bento.