O araraquarense já deve ir se acostumando com mais uma novidade: o celular como nova forma de pagamento.
Eduardo Pugnali, gerente da Unidade de Inteligência de Mercado do Sebrae-SP, durante entrevista ao nosso Portal
O celular agora também é um cartão de crédito. Achou essa afirmação estranha? Pois é preciso repensar os conceitos. As novas tecnologias de pagamentos como o Apple Pay, Sansung Pay e Google Pay oferecem a opção de transações por meio do celular – basta apenas aproximar o aparelho das máquinas de cartão tradicionais que possuem a funcionalidade.
“Estamos vivendo uma transformação cultural e digital. E ela é gradativa. Parecida com a época quando os cartões de crédito substituíram o cheque” afirma Eduardo Pugnali, gerente da Unidade de Inteligência de Mercado do Sebrae-SP.
Na concersa que teve com a RCI, ele explicou que é uma tendência mundial e que a digitalização de documentos como a CNH, título de eleitor e carteira de trabalho é realizada de forma oficial no Brasil. “É uma tendência que veio para ficar. Estamos vendo a extinção do cartão de plástico e, aos poucos, vamos deixar de usar a carteira de papel. Eu hoje, por exemplo, só levo o celular”, ressalta.
O cenário de pagamentos digitais está em constante evolução e encontra em 2018 um ambiente favorável. São 220 milhões de smartphones ativos no Brasil hoje, segundo a Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas empresas, realizada em maio pela Fundação Getúlio Vargas. O que mais chama a atenção é que o número de celulares é superior ao de habitantes, estimado em 210 milhões – mais que 1 smartphone por habitante.“O pagamento digital por meio de celulares é uma tendência que surgiu há cerca de cinco anos. O maior empecilho para chegar ao Brasil eram os aparelhos celulares antigos que não possuíam a tecnologia necessária. Entretanto, as pessoas foram comprando smartphones e, com a modernização, a maior parte deles agora possui a tecnologia que possibilita o pagamento”, explica Eduardo.
Apesar do potencial do Brasil para ampliar o uso de pagamento digital pelo celular, a funcionalidade ainda é pouco conhecida pela população e pelos empresários. “O parque de leitores de cartões está quase 100% pronto para a nova tecnologia. Algumas máquinas não têm o símbolo (parecido com o Wi-Fi), mas também funcionam”, ressalta Eduardo.
No geral, todo o mercado financeiro está passando por mudanças tecnológicas. Os bancos estão se tornando digitais – alguns inovadores, como o banco “Inter”, o “Nu Bank” e o “Neon” nem possuem agências físicas. “Com a criação dos cartões digitais, uma série de etapas e custos serão eliminados. Não haverá o custo da emissão, da impressão do plástico, o custo da entrega, o desbloqueio. E cada uma destas etapas é uma brecha de segurança. Além disso, o pedido de cartão ficará mais fácil e mais rápido – praticamente na hora”, afirma Eduardo. É uma forma diferente de se pensar a relação cliente x banco e de realizar transações financeiras.
E para quem está preocupado com a questão da segurança destes tipos de transações, o especialista informa que as novas tecnologias oferecem até maior defesa ao usuário. Eduardo explica que a primeira barreira é a senha ou o reconhecimento (facial, digital, de íris) do próprio celular. Depois de desbloqueado, a tecnologia mais utilizada, a NFC (sigla em inglês para Comunicação por Campo de Proximidade) permite apenas a troca de informações sem fio e de forma segura entre dispositivos compatíveis, que estejam próximos um do outro. Apenas um dos dispositivos gera o sinal de conexão e o segundo apenas recebe. A distância média para essa tecnologia funcionar é de um raio de 10 centímetros. E, por último, é preciso inserir a senha do cartão de crédito. Desta forma, a clonagem de cartões se torna muito mais difícil de acontecer, pois o número do cartão não fica exposto, muito menos os códigos de segurança.
“Os empresários precisam estar preparados para as mudanças, treinar as equipes, buscando sempre informações sobre novas tecnologias. Porque esse é o futuro”, enfatiza Eduardo.