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O show de horrores do novo Senado brasileiro

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Eleitos sob o mantra da renovação (85% dos 54 senadores dessa legislatura são novatos) o Senado que tomou posse na última sexta-feira (1º) escolheu uma cara nova para presidir a casa, mas não deu sinais de que cessará o festival de gafes e o show de horrores que há tempos caracteriza a Câmara Alta nacional. Ao menos é essa a impressão que fica a se considerar o desempenho das duas primeiras sessões, marcadas por bate-boca, empurrões, votação inexplicavelmente duplicada e parlamentar dizendo que iria “dar uma mijadinha” sem perceber que era transmitido em cadeia nacional.

A votação para definir o presidente da 56ª legislatura do Senado Federal do Brasil estava agendada para às 18h da última sexta-feira (2). Levando-se em conta que são 81 participantes, se cada um tivesse levado 3 minutos para votar, o processo deveria demorar cerca de quatro horas.

Mas o país só conheceu o novo líder da casa mais de 24 horas dia depois. Nesse meio tempo, os senadores: Abriram votação para decidir se a escolha do presidente do Senado seria por voto aberto (ou seja, cada senador declarando em quem votaria) ou fechado.

Chegaram à conclusão de que o voto seria aberto, por 50 votos a 2.

Discutiram por discordar da votação, adiaram a votação para o dia seguinte, recorreram ao STF, que definiu que a votação seria fechada, ignoraram a definição do STF e declararam em quem votavam ainda assim, finalmente iniciaram a votação.

Ao contar, viram que havia 82 votos, sendo que há 81 senadores. Tiveram que votar novamente, viram um dos favoritos na disputa se irritar com o voto aberto e desistir de concorrer.

Resta a expectativa sobre a eficiência dos parlamentares em votações importantes que deverão chegar à pauta.

O senador José Maranhão (MDB-PB) só queria ir ao banheiro. No segundo dia da votação para escolha do presidente, com TVs e sites de todo o país transmitindo a sessão, ele confidenciou a um colega: “Escuta, vou dar uma mijada…”. Como o parlamentar estava próximo ao microfone em que discursavam seus pares, o áudio vazou para a TV Senado, provocando risos no plenário.

REFERÊNCIA ‘TEENAGER’

O senador Randolfe Rodrigues ironizou o fato de uma das decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a votação para a Presidência da Casa citar uma entrevista de Levy Alcolumbre à Globo News.  “Eu temo que daqui há pouco matérias publicadas na Capricho virem jurisprudência judicial”, disse, em referência à extinta revista para adolescentes.

VOTO DUPLICADO

Quando os senadores finalmente começaram a votar, neste sábado, a urna com os votos secretos continha uma cédula a mais do que o número de senadores. A discussão começou imediatamente. O que fazer com os votos? Seria melhor anulá-los ou cancelar toda a votação? “É um voto fraudulento, indiscutivelmente”, afirmou o senador Esperidião Amin (PP-SC).

LEVI OU DAVI?

Em outro trecho, o senador Esperidião Amin (PP-SC) volta aos holofotes, agora do plenário. Enquanto tentava explicar como tirar votos de Renan Calheiros (MDB-AL), ele acabou confundindo o nome de Davi Alcolumbre, que viria a se eleger. “Como é que eu vou tirar voto do Renan [Calheiros]? Eu não voto nele. Quem votar em mim vai tirar sua chance de fazer 41 votos. Ou não é verdade? Ele não pode ser eleito com menos de 41 votos. E o Levi também não vai ser eleito com 41 votos. O Davi, desculpa. É tudo da mesma tribo”, disse.

JORNALISTA ESPORTIVO ELEITO SENADOR CANTA

A sessão teve até cantoria. Jorge Kajuru discursava sobre o compromisso dos parlamentares quando fechou sua fala cantando um clássico de Ivan Lins: “Depende de nós, que este mundo ainda tem jeito, apesar do que o homem tem feito, que a justiça sobreviverá”.