
Considerada rádio da elite em 1958, a Cultura reinava absoluta na cidade e região e chegava a competir com emissoras de São Paulo. Nascia a Rádio A Voz da Araraquarense, criada por José Barbieri Neto (diretor presidente) e José Picarollo Filho (diretor comercial). Pouco tempo depois a rádio era negociada com os irmãos Leonardo, Paulo e Roberto Barbieri
Da Araraquara Repórter, serviço de som instalado em frente a Praça da Matriz na década de 50, saíram os primeiros locutores para a Rádio A Voz da Araraquarense, fundada em 1958: Rubens Santos, Padovani, Ademar Bernal Cano, Paulinho Ucci, Waldir João Picollo, Adilson Tellaroli, Dorival Falcone, Waldiney Pachiegae Victor Carlos Ferrarezi
Por volta de 19 horas, no tradicional horário da “A Voz do Brasil”, surgiram os primeiros sons da Rádio “A Voz da Araraquarense”, ondas médias, 640 quilohertz. Era o dia 23 de setembro de 1958, uma terça-feira, de quarto crescente.
Havia vários locutores a postos no estúdio da Avenida Feijó nª 534, entre a São Bento e Padre Duarte, aguardando o grande momento, mas ninguém se atreveu a falar. Foi o produtor Lázaro Rocha Camargo, que “entoou” as primeiras palavras: “Boa noite, esta é a Rádio A Voz da Araraquarense, Z.Y.R. 219, transmitindo de Araraquara em carácter experimental”.
O PRIMEIRO OUVINTE
Não há um registro oficial, mas quem conhece a história, sabe que o primeiro ouvinte da nova emissora foi o comerciante Chafick Lauand. Todas as rádios estavam transmitindo o programa da agência nacional “A Voz do Brasil” e “corujando” o dial, ele ouviu música na nova frequência. Deixou na sintonia e ao escutar o nome e o telefone – 550 – ligou para a emissora registrando o fato. Chafick era “Rei Mômo” em Araraquara e possuía com o irmão Alberto, uma confeitaria na Rua São Bento, no centro da cidade.
Departamento Artístico da emissora na discoteca da Avenida Feijó: Paulo Billy Cortez, Osvaldo Zaniollo, Wagner Belline, Adilson Tellaroli, Rubens Santos e Arlindo Baréa
A PRIMEIRA EQUIPE
A cidade possuía um serviço de alto-falantes “Araraquara Repórter”, que irradiava música, publicidade e notícias, diariamente das 19 às 22 horas, de propriedade dos irmãos Mariotini. Era parte integrante da diversão noturna o tradicional “footing” da Rua Três. Foi de lá que saíram praticamente todos os locutores, programadores e operadores de som da nova emissora de Araraquara. O gerente era Denizar Alves e o diretor comercial, Jose Picarollo Filho. A Rádio Voz, era de propriedade de José Barbieri Neto, que pouco tempo depois vendeu para os irmãos Paulo, Leonardo e Roberto Barbieri.
A primeira equipe de locutores da Rádio Voz, tinha a excelente Marly Dorsa, os irmãos Waldir e Wagner Picollo, Waldinei Pachiega, Jonas Tanuri, Arlindo Baréa, Dorival Falcone, Antonio Carlos Araujo e Márcio Falcão Mendes.
Transmissão feita das piscinas da Ferroviária no começo dos anos 60: Carminho Tucci, Horácio Campos Martinez, Adilson Tellaroli e Dorival Falcone (com o filho)
OS PRIMEIROS PROGRAMAS
Fazendo frente à programação tradicional da Rádio Cultura, a nova emissora da cidade emitia um linguajar moderna e programas que logo cativaram o ouvinte, com participação pelo telefone, ao vivo, além de noticiário atualizado. Muitas novidades podiam ser ouvidas. Rubens Santos, o “Visan” produzia o programa “Hight Society” citando os eventos frequentados pela nata da sociedade araraquarense. Era uma coluna social através do rádio.
Outra inovação foi o “Brinde aos Dançantes”, um programa só de músicas orquestradas, sem intervalos comerciais, levado ao ar nas madrugadas. Às 22 horas, Falcone mandava abraços e músicas de Serestas no seu “Programa da Amizade”. E quem não se lembra do “Vovô conta Histórias”, radiofonizado aos domingos pela manhã, com Jonas Tanuri, Arlindo Baréa e Marly Dorsa?
Em 1965, Adilson entrevista Pelé, na Estância Suissa (São Carlos)
GRANDES NOMES
Almeida Santos era o produtor principal da emissora. Foi sua criação o jornalístico “Rotativa 219”, das 20h às 20h30, apresentado por Baréa, Jonas e Falcone. Na hora do almoço, Farid Azzen apresentava e produzia o “Radar de Notícias”. E havia o “550 Telefone Famoso” com Rubens Santos, para o ouvinte pedir sua música preferida. Na área sertaneja, Jerônimo Zingarelli, o “Nho Zélio”, abria as manhãs e posteriormente veio o Juca da Serra. A equipe esportiva tinha no seu início, Luiz Gonzaga, como narrador, Denizar Alves o comentarista, Antonio Carlos Araujo como repórter e Cláudio G. Bazolli no plantão esportivo. Isso tudo na década de 60.
Tempos depois, houve uma jogada de mestre em busca da audiência! Ennio Rodrigues Caraça trocou a Cultura pela Rádio Voz e chegou a acompanhar a Ferroviária em duas memoráveis excursões pelo exterior, narrando os jogos pela nova emissora, antes de ser chamado para o “Scratch do Rádio” da Bandeirantes”.
Foi no prefixo da “Voz” como era chamada, que revelações aconteceram no rádio da cidade, como Farid Azzen, Adilson João Tellaroli, Wagner José Belline, José Luiz Carcel, Antonio Moreira, Elcio Machado, Ierto Lopes, Geremias Naline, Geraldo Polezze, Horacio Campos Martinez, Ivan Roberto Peroni, José Conde Sobrinho, Irene Volpatti, Manoel Moreno, Osvaldo Zaniollo; os engenheiros de som, Nelson Santana e Paulo Bily Cortez; os operadores de áudio, Zeni José Zácaro, Horacio Toloy, Venicio Bruneli, Antonio Carlos Rodrigues dos Santos, Jair Volpatti, José Delbon e muita gente mais. Alguns mudaram de profissão, outros permaneceram e até trocaram de prefixo.
Novembro de 1966, jogo entre Rádio Voz/O Diário 2 x Rádio Cultura/O Imparcial 2, no Estádio da Fonte Luminosa. Defenderam a Voz/Diário: Jonas Tanuri, Odair Cardia, Zezinho Linotipista, Ivan Roberto, Ierto Lopes, Nino, Pinguinha e Zaniolo. Agachados: Toninho de Prince, Geraldo Polezze, Geraldo Moreira, Toninho Junquetti, Wagner Belline, Dito, Gerente, Mesquita e Adilson Tellaroli
No final de 1968, a emissora foi negociada com o empresário Awad Barcha, que resolveu através do seu tino empresarial, modernizar as instalações, transferindo os estúdios para a Rua Voluntários da Pátria, entre avenidas Duque e Espanha, quase em frente ao então Cartório de Registro Civil. No final do primeiro semestre de 1969, a rádio foi adquirida pela família Montoro, à qual pertence até hoje. Em agosto daquele ano, passou a chamar-se “Rádio Morada do Sol” em homenagem à cidade.
Wilson Luiz, em 1967 na sua chegada à Rádio Voz
A GRANDE MUDANÇA
O araraquarense Roberto Montoro, seu diretor principal, com a experiência vivida na Rádio e TV Globo, mudou toda a programação, equipamentos, identificação, enfim deu um salto de qualidade na emissora e o sucesso não parou mais. Para isso, contou com a experiência do diretor artístico Waldemar de Moraes e do diretor comercial Rodolpho Celiberti, vindos da capital paulista.
RÁDIO MORADA
No dia 22 de agosto de 1969, o desfile comemorativo de aniversário da cidade, tinha mais um motivo de festa! Estava no ar a programação da Rádio Morada do Sol, jovem, moderna, vibrante que se destacava pela qualidade de som e pelos sucessos musicais do momento. 0 que se ouvia nas principais rádios das capitais, tocava ao mesmo tempo por aqui.
Adilson Tellaroli e Tadeu Alves, na inauguração do FM da Rádio Morada do Sol, quando aqui esteve o ministro das Comunicações Euclides Quantd de Oliveira
NO SETOR ESPORTIVO
No setor esportivo, a Morada também fez escola. Em 1975, Araraquara sediou o Campeonato Sul Americano de basquetebol juvenil masculino. Araujo foi buscar em Colina, o locutor José Roberto Fernandes para se revezar com Wilson Luiz, que acompanhava a Ferroviária, nas narrações. O sucesso foi tão grande que após passar um período como “freelance”, Zé Roberto mudou-se em definitivo para nossa cidade.
O próximo passo foi fundar a equipe ”Campeões da Bola” em 1985, com Adilson Tellaroli, o comentarista `bola branca`. Pela equipe passaram Jair Motuca, Osnei Montanari, Antonio Moreira, Wagner Belline, Sidney Schiavon, Paulo de Campos, Jose Conde Sobrinho, Tadeu Alves, Geraldo Marchese, João Renato, Fábio Santiago, Wilson Silveira Luiz e outros.
Jair Motuca, José Roberto Fernandes e Adilson Tellaroli recebendo o Sol de Ouro
MORADA FM
Em 8 de fevereiro de 1979, o então Ministro das Comunicações, Euclides Quandt de Oliveira, veio a Araraquara para inaugurar a emissora Morada FM, 98,1, de alcance regional, instalada em novos estúdios, nos Altos dos Britos. Mais um passo importante do grupo Roberto Montoro de Comunicações.
Entre os programas de maior audiência nesta fase, vale lembrar do “Música a Cores”, irradiado pela manhã. O ouvinte pedia a reprise da música desejada, através da cor. “Qual você quer, música verde ou amarela”? – dizia o locutor.
Outro campeão de correspondência era o “Amor sem Fim” na década de 80. O ouvinte escrevia uma carta com mensagens de amor e pedia sua música. Muitos namoros que se transformaram em casamento, começaram através do programa. E para os jovens, a tarde terminava com o “Top Music”, uma sequência de músicas internacionais de sucesso. Entre as vozes-padrão da Morada FM, estavam à época, Wagner Luiz, Angelo Itavo Neto e Fernando Ferreira, coordenados por Gilberto Ascenção.
José Carlos Magdalena, a maior audiência do rádio regional, hoje à frente do jornalismo da Morada do Sol
Neste setembro de 2018, a emissora completa 60 anos. Muita história, muitas inovações e principalmente a companhia permanente para tantos ouvintes que viveram parte da sua vida, embalados pelo som da Morada do Sol, AM ou FM, que antes foi da Rádio A Voz da Araraquarense.