A segunda autorização estava em andamento, já com pareceres favoráveis, conforme o Executivo havia comunicado à direção do hospital
A Santa Casa de Araraquara emite carta aberta à população sobre corte de árvores na última semana em Araraquara.
CARTA ABERTA À POPULAÇÃO DE ARARAQUARA
Os questionamentos e debates acerca das árvores removidas pela Santa Casa de Araraquara no perímetro da instituição fazem crer que nossa democracia, ainda relativamente jovem, mostra seus valores à sociedade. O mesmo não pode ser dito das árvores: eram elas que não estavam saudáveis.
Doentes, ocas e comprometidas, elas (1) colocavam em risco a saúde da comunidade, tanto pela iminência de queda quanto – uma delas, em particular – por atrapalhar o trânsito de ambulâncias, que, para estacionarem e saírem, precisavam ser manobradas diversas vezes, quando todos sabemos que, em saúde, o tempo é um bem valioso, é um fator que concorre para determinar o salvamento de uma vida; e (2) prejudicavam a locomoção com cadeira de rodas – aqui, não estamos nos referindo apenas às pessoas com necessidades especiais, com traumas irreversíveis, mas também a diversos pacientes que se encontram temporariamente dependentes de cadeiras de rodas em função de tratamentos.
Árvores doentes, cujas raízes levantam as pedras das calçadas, prejudicando a acessibilidade, um conceito inegociável nas sociedades mais civilizadas, não podem ser mais importantes do que pessoas. Principalmente para um hospital.
É fundamental destacar que a Santa Casa recebeu autorização dos órgãos municipais competentes para remover parte das árvores. A segunda autorização estava em andamento, já com pareceres favoráveis, conforme o Executivo havia comunicado à direção do hospital.
Se oito árvores deletérias foram removidas, vale destacar que nove ipês estão sendo plantados no jardim em frente à fachada principal; que esse mesmo jardim receberá dez palmeiras; e que a Santa Casa entregará 180 mudas de árvores nativas e exóticas à Prefeitura de Araraquara.
Resumindo: foram removidas oito árvores doentes e quase 200 estão sendo plantadas.
Em relação ao questionamento, válido, das sombras, cumpre dizer que ninguém precisa esperar lá fora. O princípio do acolhimento em saúde é amplo e se estende ao conforto dos acompanhantes dos pacientes. A nova recepção disponibiliza 150 cadeiras, em ambiente climatizado adequadamente.
As principais tendências hospitalares de grandes centros do País e do mundo – a saber, logística, funcionalidade, humanização, acolhimento, gerenciamento de risco e acessibilidade – estão sendo acompanhadas pela Santa Casa aqui em nossa cidade.
Um hospital que prioriza árvores doentes em vez de pessoas certamente terá sua credibilidade em xeque. Disso a Santa Casa de Araraquara não quer ser acusada.
Muito obrigado.
Valter Curi Rodrigues
Provedor | Santa Casa de Araraquara