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Teresa Telarolli: “Pensar na demolição ou descaracterização do prédio histórico da Beneficência Portuguesa é absolutamente inconcebível”

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Tereza Telarolli
Secretária Municipal da Cultura, Teresa Telarolli

Tereza Telarolli

A historiadora e diretora de Cultura em Araraquara, Teresa Telarolli, ao acompanhar a divulgação de que o Plano de Saúde São Francisco, que adquiriu inicialmente a carteira de usuários da Benemed e posteriormente o prédio da Beneficência Portuguesa, estaria transferindo do interior do hospital para o prédio administrativo da entidade na Rua Padre Duarte, móveis e documentos hospitalares históricos, mediante autorização judicial, emitiu nota que repudia qualquer descaracterização do imóvel.

Na verdade, a operadora ainda vem enfrentando ação que contesta as circunstâncias em que o prédio foi arrematado em leilão, já que havia um outro grupo – Rio de Janeiro – interessado em resgatar e administrar o hospital que foi ao caos por não ter recursos para continuar sua atividade.

Como novo proprietário do prédio, o São Francisco chegou a divulgar que até setembro o atendimento médico-hospitalar estará restabelecido e que respeitará as decisões que norteiam o tombamento do prédio junto ao COMPPHARAe CONDEPHAT. A preservação arquitetônica da fachada por enquanto se mantém, no entanto, a parte técnica é que preocupa, pois está longe dos olhos da população e das autoridades.

A nota assinada por Teresa Telarolli, como diretora municipal de Cultura e profissional de laços com importante trabalho na cidade como historiadora, representa um alerta aos diretores do São Francisco. Nesta nota há uma posição firme e até mesmo severa por parte de Teresa sobre o acompanhamento das obras e fiscalização para que o prédio mantenha sua totalidade, principalmente da chamada parte velha da Beneficência a partir da capela.

Há outro aspecto que preocupa: o prefeito Edinho e o São Francisco estariam discutindo desta parte antiga passar para o município que poderia criar estratégias de manter um novo Centro Hospitalar, disponibilizando assim atendimento as pessoas que normalmente recorrem as UPAs e centros de saúde na periferia. No entanto, isso estaria sendo mantido em sigilo já que está no campo dos estudos. Se isso ocorrer o São Francisco vai colocar em funcionamento o que lhe interessa, que é a parte nova do prédio.

A NOTA DE TERESA TELAROLLI

“Pensar na demolição ou descaracterização do prédio histórico da Beneficência Portuguesa de Araraquara é absolutamente inconcebível sob qualquer ponto de vista. Legalmente a edificação já se encontra protegida pelo Plano Diretor da cidade, pelo COMPPHARA, uma vez que a partir do momento que o pedido de tombamento deu entrada no conselho, a proteção se dá automaticamente e também pelo organismo estadual, o CONDEPHAT, pelo conceito de zona envoltória.

Não há brecha ou justificativa legal que permita a intervenção não autorizada no prédio em questão – isto é fato! Mas indo além disto, há questões de ordem ética e cidadã, que devem ser ponderadas. Araraquara é uma cidade que já perdeu muito da sua memória por causa de intervenções desastradas deste tipo. A agressão ou supressão de edificações históricas vai, inclusive, na contramão de tudo o que se faz no resto do mundo.

Como Secretária de Cultura, estou tomando todas as providências legais por meio da notificação aos conselhos municipal e estadual, à Coordenadoria de Preservação de Acervos e Patrimônio, à Secretaria de Desenvolvimento Urbano e ao grupo proprietário do prédio.

Como cidadã e pesquisadora, me sinto preocupadíssima com esta notícia e estou pronta para lutar pela nossa memória.”

“Pensar na demolição ou descaracterização do prédio histórico da Beneficência Portuguesa de Araraquara é absolutamente inconcebível sob qualquer ponto de vista. Legalmente a edificação já se encontra protegida pelo Plano Diretor da cidade, pelo COMPPHARA, uma vez que a partir do momento que o pedido de tombamento deu entrada no conselho, a proteção se dá automaticamente e também pelo organismo estadual, o CONDEPHAT, pelo conceito de zona envoltória.

Não há brecha ou justificativa legal que permita a intervenção não autorizada no prédio em questão – isto é fato! Mas indo além disto, há questões de ordem ética e cidadã, que devem ser ponderadas. Araraquara é uma cidade que já perdeu muito da sua memória por causa de intervenções desastradas deste tipo. A agressão ou supressão de edificações históricas vai, inclusive, na contramão de tudo o que se faz no resto do mundo.

Como Secretária de Cultura, estou tomando todas as providências legais por meio da notificação aos conselhos municipal e estadual, à Coordenadoria de Preservação de Acervos e Patrimônio, à Secretaria de Desenvolvimento Urbano e ao grupo proprietário do prédio.

Como cidadã e pesquisadora, me sinto preocupadíssima com esta notícia e estou pronta para lutar pela nossa memória.”

NOTA SÃO FRANCISCO

A respeito do prédio adquirido na cidade de Araraquara, a São Francisco Saúde informa que como é uma empresa de saúde, segmento que possui regulação específica e rigorosa, a implementação de um novo projeto envolve uma série de cuidados – não é diferente neste caso.

O local em questão é tombado pelo patrimônio histórico, além de ser um prédio antigo, com a necessidade de atualização da infraestrutura. Estes são alguns dos fatores exigem um planejamento mais detalhado, além da avaliação de autoridades regulatórias.

As obras devem ter início em meados de março, com previsão de abertura gradual, da seguinte forma: atendimento ambulatorial com parte do suporte diagnóstico, internação, centro cirúrgico e algumas áreas de apoio indireto ao paciente, ambos com previsão até setembro – ou um pouco antes. A efetiva conclusão da obra, com ampliação das áreas de internação e implementação total do setor diagnóstico, está prevista para janeiro de 2019.

É importante salientar que, para atender a todas as regras e oferecer o que há de melhor aos moradores da cidade e região, os investimentos na unidade irão ultrapassar os R$ 50 milhões até o final do projeto. 

Atenciosamente, 
Diretoria São Francisco Saúde