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Em Araraquara as vendas de CDs e LPs superam downloads pela 1ª vez desde 2011

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Música Amanda RochaA fotógrafa e musicista Amanda Rocha

Engana-se quem pensa que a internet matou a venda de CDs e LPs. Claro que plataformas online mudaram a maneira de muita gente ouvir música, porém a parcela que não abre mão de uma mídia física ainda existe. E cada vez mais mostra sua força. Ao menos é o que indica recente relatório da Associação da Indústria de Gravação da América (Recording Industry Association of America), órgão que contabiliza as produções musicais do continente.

Segundo o levantamento, os downloads digitais despencaram 25% (faturaram 1,3 bilhão de dólares) em relação ao ano anterior. A receita de produtos físicos, como Lps e CDs, por outro lado, caiu apenas 4% (1,5 bilhão). Logo, o documento aponta que as vendas de produtos físicos superaram então os virtuais, fato que não ocorria desde 2011. Além disso, a indústria da música cresceu pelo segundo ano consecutivo, alcançando 8,7 bilhões de dólares em receita total, melhor resultado desde 2008.

Em Araraquara o assunto repercute, no mundo daqueles que amam a música e a arte, de maneira geral.

Fomos às ruas para ouvir a opinião de dois proprietários de sebos da cidade, afinal, espaços do tipo são as principais vias de consumo para aqueles que cultivam o hábito de comprar CDs e LPs. Para Celso Monari Paiva, do Uraricoera, a venda de discos de vinil segue em constante crescimento, com novas fábricas surgindo no mundo todo. Uma prova disso é que cada vez mais artistas contemporâneos lançam seus trabalhos em LP e inúmeros relançamentos são anunciados todo mês.

“Esse mercado ainda deve crescer nos próximos anos, uma vez que somente em 2016, começaram a reaparecer fabricantes de equipamento para produção de discos. Até então, todas as fábricas de discos de vinil em atividade no mundo atuavam com o escasso maquinário do século passado, muitas vezes recuperado da condição de sucata.

Este entrave para o surgimento de novas fábricas acabou, o que deve ampliar a oferta de discos para um mercado que tem absorvido bem sua produção atual”, analisa Celso.

E sobre a eterna discussão sobre a qualidade de cada meio de reprodução, no caso CD e LP, o empresário pontua que existe um público para cada um deles, ou ainda quem quer desfrutar de todos eles. Para ele, mesmo o CD, que segue uma tendência de baixa, deve encontrar um ponto de estabilidade, pois muita gente continua não abrindo mão de uma boa mídia física.

Música Ricardo SotherRicardo Sother Sciubba, da Ricks Records

“Um álbum de música é quase sempre um projeto complexo, que vai da criação e escolha do repertório ao trabalho gráfico e sua distribuição. Ouvir músicas aleatoriamente no celular distancia um pouco os ouvintes desse universo de criação. Já a mídia física representa a síntese de todo esse processo, sua materialização. Acabam de sair duas pessoas aqui da loja levando discos para presentear: um Beatles (‘Sgt. pepper’s Lonely Hearts Club Band’) e um Queen (The Game). Imagine se ao invés desses presentes, o felizardo ganhasse uma assinatura do Spotify? Duvido que a sensação seria a mesma”, finaliza.

Para Ricardo Sother Sciubba, da Ricks Records, o público que ainda procura CD´s e LP´s vai ao encontro de fãs de estilos como jazz, rock e MPB. Para ele, que viaja o Brasil em feiras do tipo, amantes dessa arte ganham força em eventos relacionados, que apresentam muita coisa antiga, o que desperta ainda mais a vontade de colecionar.

“A BBC divulgou uma pesquisa que atesta como até mesmo o streaming de música digital, tem impulsionado a venda dos bons e velhos bolachões nos últimos anos, no que parece ser uma convivência cada vez mais azeitada entre os diferentes formatos”, diz Sciubba.

Para a fotógrafa e guitarrista/vocalista da banda La Burca, de Araraquara, Amanda Rocha, comprar discos de vinil é um hábito de mais de anos, que ela adquiriu junto aos pais.

Quanto a CDs, hoje, ela não compra com frequência, mas aceita como presente. Para ela, a mídia física nunca morrerá, afinal, com a solidão e frieza que uma música online pode passar, é superada pela aproximação com o artista através do encarte, com letras e textos específicos. “Tem que caçar, mas dá para achar coisa boa, com certeza”, revela.

Música Celso Paiva CAPAÁlbum musical é quase sempre um projeto complexo: criação e escolha do repertório, trabalho gráfico e distribuição, diz Celso Paiva