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Vida de Papai Noel. Quem disse que é fácil?

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Papai Noel 15

De quatro anos para cá, a vida de Papai Noel foi abatida pela crise econômica e quase virou um inferno. Este Natal já pinta com cores diferentes e parece que será melhor.

Papai Noel 15Valdemar Dadério, o mais autêntico dos papais-noéis, sempre emocionado ao lado das crianças

Vista quase que sendo uma ‘raça’ em extinção, muitos noéis ainda sobrevivem pela pureza das crianças. E é por causa desta inocência e sonhos dessa meninada, que Valdemar Dadério ainda se enfeita, ano após ano, pacientemente, para tê-las sob o cenário de um mundo em fantasia. “As pessoas me consideram um Papai Noel original, talvez pela barba e cabelos esbranquiçados, ou quem sabe, pela voz rouca mantida pelos traços e os costumes italianos que ainda trago comigo”.

De fato, nascido em Régio, na Calábria, uma cidade do sul da Itália hoje com aproximadamente 200 mil habitantes, Valdemar Dadério ainda guarda na memória o clima ameno da sua terra natal. Sua infância foi passada em meio aos bombardeios e as sirenes que disparavam por conta da Segunda Grande Guerra, em companhia da sua avó Ema. Os pais de Valdemar vieram para o Brasil em 1940, logo após o seu nascimento, saltando em Santos e com parada em Nova Paulicéia, então uma vila de Gavião Peixoto, distrito de Araraquara.

Papai Noel 16Programa Tic-Tac, onde Dadério atuava como câmera nos anos 60

“Assim que completei 7 anos, pedi para a minha tia-nona, que me deixasse ficar para ajudar a reerguer a nossa ‘Itália’ pós-guerra. Disse ela, você tem razão de querer ficar aqui, mas o dever de cumprir a promessa feita à sua mãe é de levá-lo de volta. O trato com os seus verdadeiros pais é muito sagrado”. Assim, Ema trouxe Valdemar para o Brasil.

VIDA EM TERRA ESTRANHA

Do Porto de Santos a São Paulo, daí a São Carlos onde dormiram uma noite, Dadério e sua avó seguiram no trem da Douradense até Nova Paulicéia, distrito de Gavião Peixoto. No mesmo dia, seus pais o aguardavam para o registro em cartório, dando-lhe  3 de junho de 1947 como data de nascimento e com o nome de Valdemar Dadério (e não com o sobrenome de Da’ddério).

Papai Noel 18Em São Paulo com um colega de trabalho

Em Nova Paulicéia toda família de Valdemar Dadério agora estava reunida; os pais Antonia e José, além dos irmãos Feliciano, João Antônio, Antônio, Aparecida, Mafalda, Tercília, Sérgio e Dionéia.

Hoje, aos 68 anos, Valdemar recorda que até 1950 ficaram todos em Nova Paulicéia, daí se transferindo para a Fazenda Lagoa dos Patos (Ibitinga), do fazendeiro Benvindo Borccetto, menos Aparecida e Mafalda que já estavam casadas.

Nas idas e vindas, os Dadério agora residiam em Ibitinga (1953) onde Valdemar cursou o primário e com os irmãos tocava na banda musical da cidade. A proximidade com  a música levou também o pai a consertar acordeón e ele nunca esquece que uma das sanfonas consertadas foi de Mário Zan, durante um show na cidade.

Porém, Ibitinga ficou para trás; em 1962, a família veio para Araraquara passando a residir na Avenida 15 de Novembro, 1551, no bairro do Carmo. Como o pai José acabou adoecendo, Waldemar era um dos filhos que deveria se profissionalizar, o que o levou para São Paulo tentar a sorte como cinegrafista na Rede Bandeirantes, com o apoio do radialista araraquarense Ênio Rodrigues Caraça. Com o pouco dinheiro que ganhava, ajudava a família a manter a compra dos medicamentos para o pai que estava com câncer em fase avançada. “Em fevereiro de 67 fiz treinamento na extinta TV Tupi passando a ser câmera-man, mas como a Bandeirantes inaugurou oficialmente seu canal de televisão, voltei e passei a trabalhar como câmera de externa com o jornalista Bahia Filho.

Papai Noel 19Valdemar Dadério será homenageado em novembro pela Câmara Municipal

VOLTA AO NINHO ANTIGO

O tempo foi passando para Dadério. Estimado pelos amigos e colegas de trabalho, viveu um período empolgado pela fama, porém optou em viver mais para a família com quase todos os irmãos residindo em São Paulo. A saudade contudo por Araraquara foi mais forte e ele voltou em 1973, passando por diversos serviços até entrar para o DER (Departamento de Estradas de Rodagens), onde se aposentou depois de um acidente.

“Em 1978 fazendo um trabalho de pesquisa em um hospital da cidade, encontrei uma jovem e pela qual me apaixonei; comecei a namorar e logo estava casado. Cleuza Mansano e eu nos casamos em fevereiro de 1980 e hoje temos três filhos: Rodrigo, Roberta e Rafaela”, conta Dadério.

Com a promessa de que nunca cortaria os cabelos e a barba, ele tornou-se no mais original dos “papais-noéis” da cidade e também num personagem requisitado para as festas de final de ano.