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Bolsonaro há dois passos da condenação que pode chegar até 28 anos, diz Viana

O jornalista e sociólogo José Maria Viana escreve sua página política nos fins de semana no RCIA; nesta edição ele foca o triste caminhar do ex-presidente Jair Bolsonaro e anuncia que pode pegar uma pena de até 28 anos pelos supostos crimes cometidos.

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Alexandre de Moraes e Bolsonaro na efervescência política

FLERTE COM O PERIGO
Jair Bolsonaro sempre flertou com o perigo de governos fortes e ditaduras… Na Escola Superior de Guerra (ESG) representava as lutas de cabos e soldados em suas associações, espécies de sindicatos da categoria. Na ditadura, sonhava em se tornar um general e ser presidente da República. Seu sonho foi minado porque a ditadura não deu conta do recado e tinha que entregar o poder aos civis. Logo agiu explodindo a própria caserna, o que lhe custou um pedido para sair e saíram com ele reformando-o em capitão na reserva. Perdeu.

DE DEPUTADO A PRESIDENTE
Meteu-se na política elegendo-se vereador no Rio de Janeiro em 1986. Em 1990 foi eleito deputado federal e depois reeleito por mais seis vezes. Agia sempre com muito rigor na matéria que foi gerado em arrogância e enfrentamento, no baixo clero do Congresso. O PT se perde em escândalos de corrupção com seus líderes presos até o seu líder máximo Lula, o centro se esfacela. Sem Lula, após uma facada (planejada?) se elege presidente da República.

DIVIDIU A PÁTRIA
Agora no poder máximo, trabalhou no enfraquecimento das instituições para tornar-se um autocrata e se eternizar na Presidência com mão de ferro como faz Vladimir Putin e agora seu líder incontestável Donald Trump. Burro como sempre foi, não soube administrar a pandemia de Covid-19 agindo contra o povo, a ciência e tudo mais. Criou essa loucura de radicalismo, esse tal de bolsonarismo para dividir a Pátria e perdeu a Presidência para seu rival Lula.

TENTANDO O GOLPE
E agora, o que fazer? Tinha certeza absoluta de sua reeleição! Acabrunha-se, no início, mas não se dá por vencido. “Vamos tentar um golpe”? Reuniu seus asseclas… Todos no mesmo nível de inteligência que ele. Estudaram todos os terrenos possíveis. Uma minuta de golpe, e viriam prisões do presidente do TSE, Alexandre de Moraes – por eleições fraldadas pelas urnas eletrônicas – e depois prisão de Lula e continuaria no poder com o apoio dos militares.

GOLPE ABORTADO
Não havia combinado com os russos. Então chamou os russos, ops, os chefes militares em duas reuniões no Planalto. Na última, dois deles, o do Exército e o da Aeronáutica negaram apoio à aventura golpista… Posaram de democratas e salvaram a pele das Forças Armadas por algum tempo, embora estivessem atoladas por suas elites mais cavernosas no sonho do golpe. Não deu certo. Por último tramaram o 8 de janeiro no triste quebra-quebra dos prédios dos Três Poderes. As instituições funcionaram e o golpe foi abortado novamente. Nunca deu certo!

FICA INELEGÍVEL
Bolsonaro sempre se esquivando de responsabilidade mesmo com todas as digitais sujas e as reuniões gravadas no palácio. Para ele, o 8 de janeiro teria sido apenas ações de pessoas inconformadas por ter perdido as eleições que teriam sido fraldadas. Perde os poderes políticos e é tornado inelegível pelo TSE. Não desiste! Bola com seus asseclas e apoiadores no Congresso uma anistia geral para todos os envolvidos no 8/1 com ele dentro. Pode, Arnaldo?

MORTE DE LULA E MORAES
Agora a Polícia Federal descobre um plano, urdido no palácio e impresso ali em três folhas para matar o presidente Lula (PT) envenenado, o seu vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes que seria envenenado ou explodido. Depois se formaria um gabinete de transição com Jair Bolsonaro na sua frente, ou exercendo o poder numa ditadura ou se convocaria nova eleição sobre os auspícios do Exército, em que o ex-presidente ganharia…

MAIS NO CONLUIO
A trama golpista, que tinha como objetivo manter Jair Bolsonaro (PL) no poder, foi discutida em 12 de novembro de 2022, na casa do general da reserva e ex-ministro Braga Neto – vice na chapa derrotada do então ex-presidente – e coordenada pelo general da reserva Mário Fernandes que trabalhou diretamente no gabinete da Presidência. Participaram do conluio, ainda, os generais Augusto Heleno e também Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

OS ‘KIDS PRETOS’
Além do general Fernandes, foram presos os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo – da tropa de elite do Exército, os chamados “kids pretos”, especializados em ações de guerra irregular – e o policial federal Wladimir Matos Soares (PF), que fazia parte da segurança de Lula e é suspeito de repassar informações sobre a segurança do petista durante a transição de governo para pessoas ligadas a Bolsonaro.

ACABOU BOLSONARO
A operação chamada de “Punhal Verde e Amarelo” chegou a monitorar o presidente, o vice Alckmin e Alexandre de Moraes. A missão teria sido colocada em prática contra Moraes em 15 de dezembro de 2022, mas acabou sendo abortada com os oficiais já posicionados para executá-lo, segundo a PF que poupou a prisão de Braga Neto para não melindrar os militares. O que se pergunta é como fica Jair Bolsonaro depois de mais esse crime descoberto? Se estaria acabado ou ainda tem sobrevida para inventar mais uma lorota como faz sempre na vida?

BOLSONARO INDICIADO
Em tempo, antes de fechamos a Seção, a Polícia Federal concluiu o inquérito da trama golpista, indiciando o ex-presidente Jair Bolsonaro, o vice na sua chapa derrotada e ex-ministro da Casa Civil, Walter Souza Braga Neto e mais 35 pessoas. Entre essas pessoas estão seis generais. Os assessores mais próximos de Bolsonaro indiciados, são o general Augusto Heleno, do GSI; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais; Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens, Alexandre Ramagem, da Abin e Waldemar da Costa Neto.

CHEFE DA TRAMA GOLPISTA
Foram indiciados também o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos – que colocou sua força à disposição do golpe e o ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. O inquérito vai agora para o Supremo Tribunal Federal que o enviará à Procuradoria Geral da República (PGR) que poderá ofertar a denúncia ou arquivá-lo. A PF aponta o ex-presidente Bolsonaro como chefe da trama golpista.

28 ANOS DE CADEIA
Todos os indiciados, se condenados, deverão responder pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. O ex-presidente disse que Alexandre de Moraes “prende sem denúncia” e que sua “luta agora será na PGR”. Se processado e condenado, Bolsonaro poderá pegar uma pena de até 28 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos. Cadeia é o que merece alguém que trai a própria pátria, conspira contra a democracia e trama o assassinato de autoridades para continuar no poder.