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22 militares foram eleitos para o Legislativo. Como eles atuarão?

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Camara dos Deputados 35

Os brasileiros elegeram o dobro de representantes do exército para Câmara e Senado; se Bolsonaro for eleito, generais também assumem ministérios

Camara dos Deputados 35Jair Bolsonaro na formatura do Colégio Militar em Brasília

No primeiro turno das eleições, os brasileiros elegeram 22 representantes militares para ocupar vagas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

A partir do ano que vem, haverá o dobro de militares em relação ao pleito anterior: serão 20 deputados federais e 2 senadores. Em 2014, foram eleitos 10 na Câmara e nenhum no Senado.

A contagem considerou os políticos que se declararam militares integrantes das Forças Armadas, bombeiros militares, policiais militares ou militares reformados.

Analistas apontam que o resultado positivo para a categoria foi impulsionado pela popularidade do capitão reformado do exército, Jair Bolsonaro (PSL), que lidera a corrida presidencial com o general Hamilton Mourão de vice-presidente.

Só o PSL elegeu 13 militares e se estabeleceu como o principal partido da categoria. Um exemplo é do Major Olímpio Gomes (PSL), ex-policial militar, que conquistou uma das vagas no Senado, por São Paulo.

Em destaque, de outra sigla, está o general da reserva Sebastião Roberto Peternelli (PSC), eleito deputado federal em São Paulo com 74 mil votos.

Carlos Fico, professor de história do Brasil na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Laboratório de Estudos sobre Militares na Política, explica que o conservadorismo influenciou no resultado. 

“O Brasil passa por uma grande onda conservadora, e naturalmente, a escolha dos militares expressa essa realidade”, diz. O especialista afirma, ainda, que as ideias conservadoras se sobrepõem à preocupação com a segurança pública dos eleitores.

PAUTAS

Em comum, políticos que pertencem a corporações tendem a atuar de forma unificada pela defesa dos interesses da sua categoria. Entre os militares, a defesa principal deverá envolver a manutenção da aposentadoria integral.

Os militares tinham ficado de fora da reforma da Previdência apresentada pelo governo Michel Temer e não se sabe se um eventual governo Bolsonaro retomaria o projeto antigo ou apresentaria um novo, mas não haverá como escapar do tema para equilibrar as contas públicas.

Além disso, a “bancada da bala”, que também reúne ex-policiais civis e federais, deve priorizar a aprovação de pautas como endurecimento das regras penitenciárias, a revogação do Estatuto do Desarmamento, a facilitação do acesso às armas de fogo pela população e mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

“Muito frequentemente eles trazem uma pauta de segurança publica, mas não são todos. Muitos deles têm aderência a temas mais variados, que dizem mais respeito à conjuntura política conservadora”, completa Fico.