
A tarde ensolarada e quente de 8 de janeiro de 2023 explodiu em fúria quando milhares de manifestantes, transportados em cerca de cem ônibus, tomaram a Praça dos Três Poderes, coração de Brasília. Parecia ser mais um dos tantos protestos contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, que completava oito dias na Presidência da República.
Não. Era muito mais do que isso. Os ativistas de extrema direita queriam impedir, à força, a continuidade do governo.
Por volta das 15h, os extremistas, a maioria ornamentada com símbolos em verde e amarelo, cruzaram os gramados, ultrapassaram cordões de isolamento, avançaram sobre atônitos guardas palacianos e ingressaram nos principais prédios públicos do país: o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). Em um efeito manada, centenas de vândalos quebraram tudo o que encontraram pela frente: vidraças, mobílias, quadros, microfones, aparelhos de som. Alguns defecaram sobre os móveis usados por ministros e parlamentares.
A reação demorou, mas veio. Policiais militares, agentes federais e militares do Exército fizeram um cerco e começaram a prender os autores do badernaço. A retomada do controle dos prédios levou horas, mas resultou na detenção de 1,9 mil pessoas.
Dessas, algumas centenas acabaram liberadas por serem idosos ou terem problemas de saúde. E 1,3 mil foram presos em flagrante. Passado um ano, 66 deles continuam presos. E todos os detidos naquele momento seguem na mira da Justiça.
As prisões resultaram em indiciamentos e mais de duas centenas de envolvidos respondem hoje a processos judiciais que podem lhes render mais de 20 anos de reclusão. São os acusados de tentativa de golpe de Estado. (Informações GZH)