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A política não foi pensada para as mulheres”, afirma Thainara

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Thainara Faria participou do encontro que discutiu a representatividade feminina na administração pública

Thainara 21Amanda Vizoná, Thainara Faria e Soraya Lunardi em mesa redonda na Unesp

No Brasil, a participação feminina no Congresso Nacional é em média de 10%, colocando o país na posição 156ª de uma lista de 188 países da União Interparlamentar, atrás de nações de menor abertura política ou condição socioeconômica, como Turquia e Etiópia. Em Araraquara, não é diferente. Dos 18 vereadores, apenas duas são mulheres. “A vida na política é muito solitária para as mulheres, e a violência psicológica muito maior”, afirmou a vereadora Thainara Faria (PT) em mesa redonda promovida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) nesta terça-feira (18).

Também compuseram a mesa a professora do curso de Administração Pública, Soraya Lunardi, e a coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres no Município, Amanda Vizoná. A primeira abordou a misoginia na política e criticou a legislação brasileira no que tange à promoção de maior representatividade feminina no parlamento. “Embora exista uma lei que determine que, no mínimo, 30% dos registros de candidaturas dos partidos devam ser preenchidos por mulheres, isso não assegura o assento. Trata-se apenas de uma lei formal e bastante capciosa, pois não reflete o compromisso dos partidos em, de fato, ter aquelas mulheres eleitas”, pontuou.

Amanda Vizoná parabenizou o Executivo municipal pela paridade na gestão pública, com 50% de mulheres no comando de secretarias e coordenadorias. E, embora, considere um avanço a cidade contar com um Centro de Referência à Mulher, lamenta a necessidade da medida. “Poderíamos estar pensando em políticas para mulheres que envolvessem cultura, esporte. Mas, não. É preciso um centro de referência para proteger as mulheres vítimas de violência”, comentou. De acordo com a coordenadora, só em 2017, Araraquara registrou mais de 50 estupros e dois mil boletins de ocorrência de violência doméstica.

Na plateia, 62 meninas, entre 15 e 16 anos, da Escola Estadual Pedro José Neto escutavam tudo atentamente. A iniciativa é resultado de um projeto de extensão universitária com os alunos do primeiro ano do curso de Administração Pública da Unesp, que visa à inclusão da mulher no ambiente acadêmico. Após a mesa redonda, as estudantes percorreram as instalações da universidade. Dentro do projeto também está prevista uma campanha.