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Diretórios municipais avaliam volta da coligação nas eleições como “retrocesso”

Dirigentes do PT, MDB, PSDB e Republicanos discordam da decisão da Câmara dos Deputados; matéria será avaliada pelo Senado e, para entrar em vigor, PEC precisa virar emenda constitucional antes de outubro

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Nas eleições municipais de 2020, a polarização protagonizada por PT e PL não teve tanta força na disputa pelas prefeituras dos grandes centros urbanos

A volta da coligação partidária nas eleições proporcionais (deputados e vereadores) a partir de 2022, aprovada em segundo turno na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (17), dentro da PEC da reforma eleitoral (Proposta de Emenda à Constituição 125/11), não agradou os dirigentes dos diretórios municipais de Araraquara.

Para Everson Miguel Inforsato, o Dicão, presidente municipal do Partido dos Trabalhadores (PT), a decisão enfraquece o processo democrático. “Somos contra! O eleitor vota em um partido e elege representante de outro. Defendemos a Federação Partidária como saída para os pequenos partidos”, analisa.

Aluisio Braz, o Boi, presidente do MDB Araraquara e presidente da Câmara, também discorda da decisão da Câmara Federal e se diz entusiasta da chapa única. “A coligação alimenta legendas de aluguel, que só aparecem nas eleições para negociar e ganham força de barganha com tempo de televisão e rádio”, define Boi.

O presidente do PSDB, Jorge Bedran, resume a medida como um retrocesso. “A reforma política de 2017 foi bem delineada e somente agora estamos vendo seus resultados. A volta das coligações enfraquece os partidos políticos, na medida em que se dará menor força às ideologias e fortalece o pragmatismo partidário, em busca de verbas e tempo de televisão”, completa.

“Retrocesso” também foi a palavra utilizada por Marcelo Eduardo Lopes, presidente municipal do Republicanos. “Demoramos muitos anos para conseguir aprovar essa medida e ela acabou durando uma eleição só, em 2020. O Republicanos, desde a sua criação em Araraquara, em 2008, praticamente não teve coligação na proporcional”, enfatiza.

A matéria foi enviada ao Senado e para que a medida entre em vigor, a PEC precisa virar emenda constitucional antes do começo de outubro (um ano antes do pleito). Atualmente, a Emenda Constitucional 97, de 2017, proíbe as coligações, que não puderam ser usadas nas eleições municipais de 2020.