O Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti, da Unicamp, em São Paulo, diagnosticou um bebê recém-nascido com o superfungo Candida auris. Trata-se do primeiro caso confirmado da doença no estado.
Segundo informações da Secretaria de Saúde, a presença do fungo foi detectada no paciente em 18 de maio. Ele está recebendo tratamento e acompanhamento médico. A identidade do paciente não foi revelada.
Em nota, o estado informou que, até o momento, nenhum profissional ou outro paciente recebeu um diagnóstico positivo para a doença, e todas as medidas de prevenção já foram adotadas. “Todas as medidas de contenção da disseminação estão sendo adotadas, com ampla investigação em relação aos profissionais e pacientes do hospital”, informa o comunicado.
Segundo o MS, o superfungo foi identificado pela primeira vez como causador de doença em humanos em 2009, no Japão. A Candida auris tem alta resistência a tratamentos e pode ser fatal, além de se espalhar rapidamente nos ambientes de saúde em que os casos forem confirmados.
CASO EM PERNAMBUCO
Em maio deste ano, a confirmação de casos de contaminação por Candida auris deixou o estado de Pernambuco em alerta. O primeiro caso, identificado em 11 de maio, foi em Paulista (PE); o segundo, em 14 de maio, em Olinda; o último, em 23 de maio, na capital, Recife.
No Hospital Miguel Arraes, situado em Paulista, a identificação do Candida auris em um paciente de 48 anos levou o estabelecimento a fechar as instalações para novos atendimentos. O objetivo foi evitar que outras pessoas fossem expostas ao fungo.
O QUE É CANDIDA AURIS
O fungo pertence à família Candida, Saccharomycetaceae, e é considerado o primeiro a evoluir a patógeno humano, ou seja, a ter capacidade para se instalar e permanecer no corpo humano, devido ao aquecimento global. “A diferença dele para o resto dos fungos, e por isso que ele se torna uma ameaça global, é que é uma Cândida muito mais resistente aos tratamentos, além de se disseminar muito mais fácil nos ambientes, principalmente em hospitais”, explica a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas. Algumas cepas do fungo são resistentes às três principais classes de remédios antifúngicos, por isso é denominada de superfungo pela comunidade científica.
A primeira ocorrência do fungo em humanos foi descoberta em 2019, mas o caso ocorreu em 2009. Uma mulher japonesa foi identificada com uma doença causada por um fungo, que só foi descoberto ser o Candida auris em 2019, pelos pesquisadores Arturo Casadevali e Vincent Robert. Os cientistas afirmam que o organismo parasita dos superfungo é resultado das mudanças climáticas, que aqueceram as florestas onde o Candida auris estava e o fez se adaptar de maneira mais fácil em mamíferos: primeiro em aves, depois em humanos.