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Feito só para você: em alta, o mercado de roupas ultrapersonalizadas

A eterna busca humana por novidade, aliada à preocupação em não castigar o planeta, abre espaço para a tendência

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Camiseta de A Loja do Ed, produzida na plataforma Montink (à esq.) e moletom Basquiat, da Reserva: tudo on demand (Instagram/Reprodução/Reserva/Divulgação)

Espremida entre a permanente necessidade de despejar lançamentos em araras físicas e virtuais e se reger pela boa cartilha da sustentabilidade, a indústria da moda abraça com cada vez mais vigor um modelo que, além de tudo, lhe dá estofo financeiro. É o esquema do on demand, em que se produz ao sabor da demanda, sem brecha para desperdício (que, só no Brasil, chega a 17 000 toneladas de tecido por ano).

Agora, essa engrenagem saltou um degrau, adentrando o ascendente terreno da ultrapersonalização, onde as peças não apenas têm destino conhecido, como são concebidas sob medida para se encaixar aos anseios de quem as compra. No rol dos gigantes que já marcham firme sobre esse nicho tão promissor estão marcas globais como Nike e H&M Group, que passaram a oferecer um leque de escolhas para looks personalizados, o que vai muito além do tradicional nome gravado na camiseta do time de futebol. O clique do cliente dá a partida a toda uma cadeia produtiva em que o resultado final será algo com jeito exclusivo — uma ideia que a humanidade persegue com rara intensidade.

A nova lógica, que é quase um retorno ao modo artesanal, mas em elevada escala, abre também portas para uma ala de pequenos empreendedores, que mantêm seus negócios na base do dropshipping.

O vocábulo, usado no Brasil em inglês mesmo, se refere a um modelo segundo o qual estilistas estreantes ou os que ainda brigam para se fincar entram apenas com a concepção do item — a cobrança e a logística, assim como a escolha do fornecedor, ficam a cargo de plataformas especializadas. Sem capital nem experiência no universo corporativo, o designer gráfico goiano Edval Domingues, 47 anos, queria há tempos pôr de pé uma grife que traduzisse seu apreço pela arte e pelo meio ambiente.

Procura daqui e dali, e eis que esbarrou com a Montink, rede nacional voltada para o dropshipping. “Criei a marca A Loja do Ed, desenhei as estampas e montei a loja no site”, conta Domingues. “A roupa só é fabricada depois de o cliente escolher o modelo, a cor e o tamanho.” Ele e tantos outros que enveredam por essa empreendedora trilha não precisam se envolver nas demais etapas que se desenrolam a partir daí. Inaugurada há oito anos, a Montink foi se expandindo e, hoje, conta com 200 000 lojas digitais.

“O processo é tão ágil que permite a criação de uma camiseta em minutos”, garante o fundador Ramiro Neto, que planeja estender a operação para os Estados Unidos ainda em 2023. A companhia fatura com a mensalidade paga pelos lojistas e com um percentual sobre cada venda. É princípio semelhante ao que a Amazon, em dimensão planetária, começou a explorar com o serviço Merch on Demand, que conecta empresários e consumidores envolvidos nesse mercado de itens que ninguém mais tem. (Por Valéria França/Veja)