Os Laboratórios da Unesp de Biologia Molecular do Hemocentro da Faculdade de Medicina, câmpus de Botucatu; de Imunologia Clínica e Biologia Molecular do Departamento de Análises Clínicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, câmpus de Araraquara; e o de Estudos Genômicos do Departamento de Biologia do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, câmpus de São José do Rio Preto, serão centros de referência em testes da Covid-19 no interior do Estado de São Paulo.
São unidades especiais da Rede de Diversidade Genética Viral, programa financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) no início dos anos 2.000, classificados em Nível de Biossegurança (NB) 3 e 2, em uma escala que vai até 4. É importante ter esses níveis de segurança porque irão trabalhar com testes de identificação da Covid-19 do tipo Polymerase Chain Reaction (PCR) ou Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real, que manipula material genético do microrganismo. O laboratório em Araraquara é NB3. Botucatu e São José do Rio Preto são NB2.
BOTUCATU
A iniciativa de formar uma rede dentro da Unesp para implementação de testes diagnósticos para a detecção do vírus começou com pesquisadores do câmpus de Botucatu, em parceria com o Hospital das Clínicas que tem a gestão da Secretaria de Estado da Saúde e o corpo clínico formado por docentes da Medicina e da Enfermagem da Unesp, com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde e da prefeitura local. O primeiro caso confirmado de Covid-19 em Botucatu, anunciado pela prefeitura local em 26 de março, foi testado pela Unesp.
“Neste momento, estamos com a reação padronizada já testada com controles positivos e prontos para seguir para a próxima etapa, que é a validação do exame pelo Instituto Adolfo Lutz”, relata a professora Rejane Maria Tommasini Grotto, do Departamento de Bioprocessos e Biotecnologia da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) e da Pós-Graduação da Faculdade de Medicina, ambas da Unesp, além de responsável pela padronização e execução dos exames no complexo do Hospital das Clínicas de Botucatu.
Essa primeira iniciativa foi ampliada com o envolvimento de dois outros laboratórios da Unesp habilitados para a realização dos testes diagnósticos. O que permitirá atender outras duas regiões do interior paulista com identificação rápida de casos da doença.
ARARAQUARA
O trabalho em Araraquara será feito pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Unesp e pela unidade auxiliar de atendimento à comunidade, que é a Coordenadoria de Análises Clínicas e Hemoterapia da FCF, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e o Serviço Especial de Saúde da Escola de Saúde Pública da USP.
“Essa semana, fizemos toda a adequação dos equipamentos do nosso laboratório de segurança máxima e regulamos as pressões positivas e negativas dessa estrutura para que possamos receber o material que será coletado pelo município. A logística da operação está sendo definida e a metodologia, padronizada para que tenhamos condições de receber esse material no começo da semana que vem, com todo cuidado e critério de biossegurança. Nesse primeiro momento, a expectativa é conseguir processar em torno de 20 amostras por dia. De acordo com a necessidade, iremos ampliar o atendimento para os demais municípios da Diretoria Regional de Saúde de Araraquara”, explica o professor Paulo Inácio da Costa, coordenador do Laboratório de Imunologia Clínica e Biologia Molecular e docente associado voluntário do Departamento de Análises Clínicas da FCF.
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Em São José do Rio Preto, além da Secretária Municipal de Saúde, também faz parte da parceria com o Laboratório de Estudos Genômicos da Unesp, a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).
“Nessa rede estabelecida pela Unesp, nós vamos utilizar protocolos iguais, o que vai permitir a contabilização do número de testes. Teremos uma rede para comunicação entre os pesquisadores, com troca de informações e a implementação de diagnósticos em cada um desses laboratórios. Atenderemos à população e, ao mesmo tempo, produziremos dados valiosos para a pesquisa em regiões diferentes do estado, contribuindo para estudos que poderão ajudar no combate à pandemia”, diz a virologista Paula Rahal, coordenadora do laboratório e professora do Departamento de Biologia do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp.
“Essa ação integrada da Unesp demonstra que temos capacidade tecnológica e pesquisadores renomados no interior do Estado de São Paulo capazes de, em curto espaço de tempo, implementar ações que congreguem os três pilares da Universidade: ensino, pesquisa e extensão, e ainda contribuir para a mobilização da ciência na luta contra a Covid-19”, afirma a assessora da Pró-Reitoria de Pesquisa (Prope) da Unesp, professora Célia Regina Nogueira.
Célia Regina Nogueira também é a presidente do Comitê Científico Covid-19, criado pela Reitoria da Unesp para facilitar a formação de uma rede de pesquisa da Universidade em torno do combate à pandemia. Também integram este comitê a professora Paula Rahal (vice-presidente), do câmpus de São José do Rio Preto; o professor Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, da Faculdade de Medicina do câmpus de Botucatu; a professora Rejane Maria Tommasini Groto, da Faculdade de Ciências Agronômicas do câmpus de Botucatu; a professora Claudia Maria de Lima, do câmpus de São José do Rio Preto; o pesquisador Roberto André Kraenkel, do Instituto de Física Teórica do câmpus de São Paulo; e o professor Jayme Augusto de Souza Neto, da Faculdade de Ciências Agronômicas do câmpus de Botucatu.
Para Sandro Roberto Valentini, Reitor da Unesp, esta mobilização da universidade para termos testes de qualidade contra a Covid-19 no interior do Estado é um exemplo do compromisso da nossa comunidade acadêmica no combate a esta pandemia. Estou impressionado com a mobilização eficiente de todas as áreas da Unesp na organização do fluxo das atividades da Universidade, numa situação onde quase tudo é novo para quase todos. Seguimos nossa missão de manter a Unesp respondendo aos seus compromissos sociais e de cuidados com a população”.