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Vírus da covid-19 é identificado na retina

Pesquisadores fizeram a remoção post-mortem do globo ocular dos pacientes usando tecnologia de transplantes de córnea

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Pesquisadores das universidades federais de São Paulo (Unifesp) e do Rio de Janeiro (UFRJ) identificaram a presença de partículas do SARS-CoV-2 na retina de pacientes que morreram devido a complicações da COVID-19. Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico JAMA Ophthalmology.

Para fazer essa identificação, entre junho e julho de 2020, os pesquisadores fizeram a remoção post-mortem do globo ocular dos pacientes usando tecnologia de transplantes de córnea. O tecido da retina foi analisado por meio de técnicas como imunofluorescência, imuno-histoquímica e microscopia eletrônica de transmissão. Os dados foram correlacionados com as informações clínicas obtidas durante o período de internação hospitalar.

“As proteínas do vírus foram observadas nas células endoteliais [que revestem os vasos sanguíneos], próximo à chama capilar e às células das camadas nucleares interna e externa da retina. Na região perinuclear dessas células, foi possível observar, por microscopia eletrônica de transmissão, vacúolos de membrana dupla consistentes com o vírus”, conta Rubens Belfort Júnior, professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e coordenador da investigação.

Para os pesquisadores, a presença dessas partículas virais não só reforça a possibilidade de manifestações clínicas oculares da infecção como acende um importante sinal de alerta para a possibilidade de o vírus estar diretamente relacionado a alterações em diversas partes do corpo, inclusive neurológicas. Também levanta a possibilidade de os tecidos oculares constituírem santuários de persistência viral.

“Agora, está claro que, após a infecção inicial no sistema respiratório, o vírus pode se espalhar por todo o corpo, atingindo diferentes tecidos e órgãos. Assim, as descobertas podem ajudar a elucidar a fisiopatologia do vírus e seus mecanismos etiológicos, o que pode permitir melhor entendimento das sequelas da doença e direcionar alguns caminhos de pesquisas futuras”, conclui o professor.

(Agência FAPESP – Com informações da Assessoria de Imprensa da Unifesp)