Matão: vereadora acredita em manipulação de dados sobre coronavírus

Ana Maria Mondini neste domingo viralisou as redes sociais com acusações sobre o comportamento do prefeito da cidade e deixou claro que vai levar o assunto ao Ministério Público. O Secretário Municipal da Saúde buscou minimizar os impactos das declarações com live que durou quase 10 minutos.

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Poucas horas depois de postar nas redes sociais um vídeo em que faz críticas ao prefeito Edinardo Squetini que estaria buscando apoio da Câmara Municipal de Matão para aprovar verba de R$ 2,3 milhões e com isso, custear publicidade em ano eleitoral, a vereadora Ana Maria Mondini, já havia viralisado sua live nas redes sociais, alcançando milhares de visualizações. A parlamentar associou sua fala à intenção do prefeito em ver aprovado o projeto aos casos de Coronavírus existentes no município e que segundo ela contém informações manipuladas.

Ana Maria diz ter recebido planilhas de acompanhamento médico, contendo data de entrada do paciente com nome, telefone e endereço, que teriam saído do interior do hospital no dia 23 de março anunciando cerca de 80 casos suspeitos, que no seu entendimento são números que não estariam espelhando a realidade. O documento veiculado por ela apresenta teor bem definido: “Planilhas: Suspeitos de Covid 19 – Mês 03/2020)”.

Foi nisso que ela se baseou para dizer que “a Saúde de Matão está um caos, a gente não tem medicamento, os profissionais de Saúde não têm IPIs, não têm máscara adequada para trabalhar em pleno coronavírus e sem contar que ao Hospital de Matão ele está devendo, não paga e o hospital está fazendo coleta de canequinha para sobreviver em meio ao caos da Saúde Pública de Matão”.

O QUE DIZ O HOSPITAL

Em nota a direção do Hospital Carlos Fernando Malzoni explica que – todo paciente que comparece ao Pronto Socorro com quadro de suspeita de coronavírus é atendido, medicado e orientado em permanecer em isolamento social, exceto aqueles que têm indicação de internação. O hospital pelo protocolo estabelecido pelo Comitê Municipal encaminha à Secretaria Municipal de Saúde a lista de pacientes com endereço e telefone de contato pois, não se tratando de paciente internado é da Secretaria Municipal de Saúde com exclusividade o prosseguimento de tratamento do paciente, incluindo visita domiciliar e controle. Tal informação é de caráter confidencial e por isso é transmitido apenas a agentes públicos”.

Mais adiante, o hospital reforça que “não é do Hospital Carlos Fernando Malzoni a responsabilidade de divulgar o número de pacientes suspeitos de coronavírus porque tais pacientes também podem ser atendidos na Rede Básica de Saúde. A divulgação da quantidade total de pacientes suspeitos é de responsabilidade exclusiva da Prefeitura Municipal através da Secretaria Municipal de Saúde”.

É neste momento que a vereadora Ana Maria se apega e busca desfazer a dúvida através de dados comparativos entre o hospital e a prefeitura já que no dia 23 de março, de acordo com as planilhas do hospital seriam aproximadamente 80 casos suspeitos; já no dia 28, também em nota, a Prefeitura de Matão informou que eram 23 casos suspeitos. Para a parlamentar, ainda que seja um período de cinco dias os casos suspeitos não conferem e a tendência seria de um cenário de crescimento.

Dr. João Guimarães, secretário municipal de Saúde em Matão

Ainda neste domingo à noite, o secretário municipal de Saúde, João Guimarães Junqueira Neto, através de live procurou minimizar os impactos causados pela vereadora Ana Maria Mondini, dizendo que “a prefeitura e a secretaria de Saúde nunca vão esconder nada da população”. Guimarães fez um comparativo entre Ribeirão Preto, Araraquara e Matão, destacando a população de cada uma e o número de casos suspeitos, salientando que “a divulgação dos resultados de exames em casos suspeitos é um problema estadual”.

Para ele, o número de 85 casos suspeitos não são especificamente de Covid e sim de síndrome gripal – pessoas que vão a Unidade de Saúde ou Pronto Socorro com nariz escorrendo, sem febre e sem falta de ar, mas um caso que merece ficar em casa para um repouso, sendo monitorado a partir da elaboração de um protocolo. “Será chamado dependendo do resultado”, procurou explicar o secretário.

Para Guimarães – os profissionais envolvidos em todas as ações seguem rigorosamente normas técnicas disponibilizadas no Estado de São Paulo como um todo. Assim, pelos dados passados são 85 casos protocolados pelo Pronto Socorro e mais 59 casos nas UBS/PSF, totalizando 144 notificações: “Isso não quer dizer que seja coronavírus. Vão ser testados? Não existe essa recomendação em lugar nenhum do mundo”, destacou.