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Transtorno alimentar atinge até 10% dos adolescentes no Brasil

No mês da campanha Janeiro Branco, psiquiatra do Grupo São Francisco, orienta sobre os cuidados em relação às questões psicológicas individuais e sociais, como bullying e "cultura da magreza", que podem provocar transtornos alimentares

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Psiquiatra Gabriel Elias Corrêa de Oliveira, coordenador geral do setor de Psiquiatria do Grupo São Francisco (Foto: Érico Andrade)

Os transtornos alimentares afetam cerca de 4,7% dos brasileiros, sendo que entre os adolescentes esse índice pode chegar até a 10% da população, de acordo com levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde).

No mês da campanha “Janeiro Branco”, o psiquiatra Gabriel Elias Corrêa de Oliveira, coordenador geral do setor de Psiquiatria do Grupo São Francisco, que faz parte do Sistema Hapvida, alerta sobre os cuidados necessários em relação às questões psicológicas individuais e sociais, como bullying e “cultura da magreza”, que podem ser gatilhos para os casos de transtornos alimentares.

“Precisamos trabalhar profundamente os estigmas da obesidade e o ideal de beleza na nossa sociedade, em especial, nas escolas e espaços frequentados por jovens. Óbvio que cuidar do peso é uma questão de saúde, porém, perseguir um ideal falso de beleza corporal é adoecedor e precisamos repensar ao que expomos os nossos jovens”, afirma Oliveira.

Segundo ele, não há um padrão específico relacionado ao perfil dos pacientes que apresentam transtornos alimentares. “São síndromes heterogêneas e que podem estar presentes em perfis bastante diferentes. Enquanto lembramos dos pacientes com anorexia e seus corpos muito emagrecidos, temos de nos lembrar também dos supostos “sarados de academia” que ficam horas a fio se exercitando unicamente para se aliviar após o consumo de alimentos mais calóricos minutos atrás”, acrescenta o médico.

Gabriel ressalta que é importante ficar atento às mudanças de padrão, principalmente, quando as pessoas apresentarem sinais de depressão, ansiedade ou isolamento. “Portadores de distúrbio alimentar com muita frequência evitam comer junto de outras pessoas, demonstram comportamentos esquivos após as refeições (como se trancar no quarto ou banheiro) ou práticas de atividades físicas inadequadamente excessivas, além de perda súbita de peso. É recomendada sempre a avaliação de um profissional para a formação de um diagnóstico e tratamento do paciente”, explica Oliveira.

RISCOS E TRATAMENTO

O psiquiatra afirma que os casos de transtorno alimentar podem apresentar situações leves, mas também podem ocorrer estágios mais graves. Assim, o tratamento deve ser multidisciplinar, ou seja, com o acompanhamento integrado de profissionais de diferentes áreas da saúde e com o apoio dos familiares. “Todos os profissionais de saúde, familiares e o paciente devem estar bem integrados e empenhados em um cuidado constante e bem organizado. Medicações psicotrópicas podem ajudar no controle da impulsividade e do apetite, além de tratar sintomas secundários ou comórbidos como ansiedade, depressão e instabilidade emocional. Além disso, a psicoterapia é fundamental na organização do indivíduo com ele mesmo e na relação dele com seu corpo, seu alimento e seu ambiente, que deve ser acompanhada de um plano nutricional muito bem articulado por um profissional da área. Cuidados gerais como atividade física também são importantes”, declara.

TRANSTORNOS MENTAIS

A OMS estima que cerca de 700 milhões de pessoas sofrem de algum tipo de transtorno mental, ou seja, um em cada quatro indivíduos no mundo. Atualmente, os problemas relacionados à saúde mental como ansiedade, depressão, uso de substâncias, transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia, transtornos alimentares e de personalidade ficam atrás apenas das doenças do coração. Diante desse quadro, a Campanha “Janeiro Branco” também tem o objetivo de divulgar e conscientizar a população sobre a importância e os impactos destes tipos de problemas na qualidade de vida das pessoas.