
Num dia que pode marcar um novo começo para o setor sucroenergético, as principais entidades do agronegócio se reuniram em Piracicaba para fechar um acordo que promete acalmar os ânimos no campo. A AFOCAPI, ASSOCAP, CANASOL e a UNICA assinaram, nesta segunda-feira (24), um Memorando de Entendimentos que praticamente sela a paz nos critérios de remuneração da cana-de-açúcar.
A cerimônia, realizada no Centro Canagro “José Coral”, não foi só um evento protocolar. Foi a confirmação de uma virada de página. Lá, líderes do setor e autoridades governamentais testemunharam o fim de uma era de possíveis conflitos sobre como calcular o que o produtor realmente merece receber.
DO PAPEL PARA O BOLSO: O QUE MUDA NA PRÁTICA
A grande vitória desse memorando é a padronização. A partir de agora, não haverá mais espaço para dúvidas ou metodologias paralelas no cálculo de dois indicadores cruciais: o ATR (Açúcar Total Recuperável) e o VTC (Valor da Tonelada de Cana). As entidades vão divulgar os valores em conjunto, criando uma referência única e transparente para toda a cadeia.
“Isso aqui é um marco de maturidade”, comemorou Evandro Gussi, presidente da UNICA. “Garantimos, de forma conjunta, que produtores e indústrias falem a mesma língua na hora de fechar a conta. É previsibilidade e segurança jurídica na veia.”
E os efeitos são imediatos. O acordo assegura a manutenção da metodologia de cálculo que o setor já conhece, evitando surpresas desagradáveis. Um dos pontos mais aguardados, o ajuste para produtores elegíveis (o VTC-e), já tem data para entrar em cena: a safra 2025/2026, claro, respeitando as negociações individuais de cada um.
Para blindar a credibilidade técnica de todo o processo, o CEPEA/USP-ESALQ mantem seu papel de “árbitro confiável”. A entidade continua responsável por apurar e divulgar os indicadores de preços, com total autonomia. O acordo também deixa a porta aberta para que outras associações de produtores, que queiram jogar pelo mesmo livro de regras, possam aderir no futuro.
A mensagem que fica é clara: o setor aprendeu que a união é o melhor caminho para gerar negócios previsíveis e relações mais transparentes. E no final do dia, quem ganha é todo mundo que faz a bioenergia brasileira girar.
CANASOL COMEMORA
A Associação dos Fornecedores de Cana de Araraquara (Canasol) na atualidade uma das maiores forças representativas do setor canavieiro na região central do Estado não apenas demonstrou o grau de maturidade da sua diretoria, mas também mostrou sua força representativa em defesa da categoria, comemorou o presidente da entidade, Luís Henrique Scabello de Oliveira.
O dirigente não tem poupado esforços para dar o tom de equilíbrio nas suas iniciativas como administrador, mas coloca em evidência o que a Canasol hoje representa aos olhos do agronegócio brasileiro. A Canasol ganhou espaço junto a Feplana e o seu presidente na atualidade é um dos membros mais respeitados na diretoria da federação, isso significa o avanço e a presença indispensável da associação na discussão das políticas diretamente ligadas ao setor canavieiro, motivo de orgulho para nós araraquarenses.
COMO TUDO COMEÇOU
A necessidade da assinatura do referido memorando fez-se necessária diante do impasse criado nas negociações do CONSECANA-SP, o que impossibilitou até o momento de circulares válidas para o fechamento do preço do valor do ATR da Safra 2024 e dos valores mensais do ATR para a Safra 2025.

Esse sistema de precificação da cana existe há quase 30 anos e veio em resposta à liberação dos preços da cana pelo governo federal. Ele se baseia na contribuição dos custos agrícolas e industriais para a produção de açúcar e de etanol, na qualidade tecnológica da cana, no rendimento industrial, resultando nos fatores técnicos de conversão, no mix de produção, na curva de comercialização e nos preços médios de venda do açúcar e do etanol na safra. Em resumo, o preço da cana é calculado a partir de uma participação no faturamento obtido com a venda do açúcar e do etanol.
Ainda que estatuto social da Canasol confira poderes para representar e defender a classe dos fornecedores junto às unidades de processamento de cana, sendo desnecessária a convocação de Assembleia, tivemos o cuidado de convocar uma reunião, ocorrida no dia 28 de agosto, para ouvir os associados sobre o tema e, ao final, a entidade foi autorizada pelos associados presentes à reunião a firmar acordo com a Unica, caso a revisão não prosperasse”, afirma Luís Henrique.
“Portanto, transcorridos quase 90 dias da referida reunião e persistindo o impasse, a Canasol, referendada por seus associados, assinou o Memorando de Entendimentos na data de ontem”, completa o presidente da Canasol.
O memorando consolida o arranjo técnico de caráter setorial, construído de forma paritária entre as entidades, com o propósito de preservar os parâmetros historicamente adotados pelo setor no que diz respeito às normas de qualidade da matéria-prima, aos procedimentos de cálculo e às referências utilizadas para a remuneração da cana-de-açúcar. Nada daquilo que foi formalizado diverge das premissas e resultados conhecidos da revisão do sistema que ora enfrenta o impasse.
“A Associação dos Fornecedores de Cana de Araraquara – Canasol reitera seu compromisso com a defesa dos interesses da classe dos fornecedores de cana e espera que o impasse nas negociações relativas à revisão do sistema Consecana-SP possa ser superado, restabelecendo assim a normalidade nos negócios, a segurança jurídica, a harmonia e o desenvolvimento do setor sucroenergético do Brasil”, finaliza Luís Henrique.













