Na metade dos anos 60, um time de futebol formado por funcionários da Graciano R. Affonso, como era conhecida a revenda Chevrolet, assombrou Araraquara. O time durante toda sua existência teve apenas um presidente: Euzébio Perez, inesquecível colaborador
Sempre que andava pelas oficinas da Chevrolet, Euzébio Perez era abordado pelos colegas de trabalho: “Fala com o pessoal e pede ajuda pra gente disputar o Amador”. Até então, o Gracianauto era uma equipe de final de semana, onde um grupo saía para jogar amistosamente contra times de fazendas ou em bairros”.
“Seo Graciano” era o dono da concessionária e foi com ele que Euzébio trocou conversas. Todos gostaram da ideia mas havia uma recomendação: preservar o nome da empresa, afinal de contas os funcionários partiriam para uma disputa esportiva e tudo podia acontecer. Daí o motivo de Euzébio ter sido o primeiro e único presidente do Gracianauto por quase 20 anos.
Com o aval da empresa, Euzébio Perez foi conversar com o presidente da Liga Araraquarense de Futebol, Leônidas Mori, que foi taxativo: “A vaga na Segunda Divisão está garantida. Se subir passa para a Especial”.
Era 1964. Final de novembro. Euzébio desce as escadarias da sede da LAF, que ocupava uma das salas de um prédio em frente a agência central do Banco do Brasil, pensando: segunda etapa do projeto fora cumprida. O time estava fundado e o nome seria uma homenagem ao velho Graciano, juntandose Graciano com a finalidade da empresa – comércio de automóveis.
No ano seguinte, 1965, o Gracianauto já entrava em campo para disputar a Segunda Divisão. O time azul e branco, cores escolhidas por Euzébio e um grupo de funcionários, obteve o vice-campeonato. No ano seguinte, tudo foi bem. O Gracianauto sagrava-se campeão, adquirindo o direito de disputar, em 1967, a Primeira Divisão. Em 1969, o Gracianauto desenvolvia uma bela campanha, terminando a competição em terceiro lugar. Euzébio então comentava com o treinador Augustinho, estamos indo no caminho certo.
As reuniões da equipe eram feitas nas oficinas da Chevrolet, na maioria das vezes no horário de almoço ou logo após o encerramento do expediente. Os treinos, apenas um por semana, as quartas-feiras, aconteciam no Estádio Municipal cedido pela Prefeitura.
Em 1970, o time levantou o Torneio Início da Primeirona. O ano de 1971 marcou as maiores glórias do Gracianauto. Conquistou a Taça Cidade de Araraquara; foi campeão da Taça A Gazeta Esportiva; e tornou-se vice-campeão do Campeonato Amador da LAF.
A final da Taça A Gazeta Esportiva de 1971 foi realizada no Estádio Municipal de Araraquara, entre Gracianauto Futebol Clube e Associação Ferroviária de Esportes (AFE). Contra o forte quadro amador da Ferroviária, o Gracianauto conseguiu igualar-se no marcador, no tempo regulamentar: 0 a 0. Na disputa de pênaltis, levou a melhor, erguendo o troféu da importante competição amadora em Araraquara.
Na ocasião, o Gracianauto apresentou a seguinte formação: Laerte; Pastori, Fermentão, Wilsinho e Roberto; Pedrinho e Nelsinho; Osvaldo, Tim, Zé Carlos e Hudson.
AS LEMBRANÇAS PERMANECEM
Era o futebol arte. Estavam em campo atletas que enchiam os olhos de quem fosse ao Estádio Municipal “Tenente Siqueira Campos”. O mercado da bola nos fins de ano era um centro nervoso, onde os clubes buscavam reforços – às vezes até mesmo com promessas e vantagens. A disputa pelos melhores da cidade era tida como normal: todos os times queriam se reforçar para o ano seguinte.
O Gracianauto nem tanto: fora feito acordo de que a maioria dos atletas teria que trabalhar na empresa. Euzébio Perez tinha que manter o compromisso junto à Chevrolet. Poderia se fosse o caso, trazer algum reforço da Usina Maringá ou Fazenda Java, propriedades da Família Graciano.
Mas, houve um período com excessões. Em 1970, Augustinho conseguiu montar um elenco praticamente imbatível com uma linha de causar inveja para qualquer time profissional.