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Araraquara realiza o I Encontro de Tambores Ecos de Ngoma

Nos dias 05, 06 e 07 de agosto, atividades celebram a identidade e a ancestralidade através dos tambores, valorizando as culturas negras e as religiões de matriz africana e ameríndia

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Sapopemba apresenta show no Sesc Araraquara (sexta) e oficina no Palacete das Rosas (sábado)

Nos dias 05, 06 e 07 de agosto – a Secretaria Municipal de Cultura e a Fundart, por meio da Coordenadoria Executiva de Cultura, realizam o I Encontro de Tambores Ecos de Ngoma, com programação gratuita e parceria cultural com o Sesc Araraquara e o Centro de Referência Afro Mestre Jorge.

Vale destacar que, entre os povos bantos da África Central, tambor é “ngoma” e não é só o instrumento. Nas palavras de Paulo Dias, diretor da Associação Cultural Cachuera, implica também “a dança e o canto que o tambor põe em ação e, por extensão, toda a comunidade que se reúne em torno do instrumento para a celebração ritual e prazerosa. ”

O encontro visa a valorização das culturas negras, das religiões de matriz africana e ameríndia, “e de todas as comunidades que, de uma forma ou de outra, celebram sua existência, sua identidade e sua ancestralidade através dos tambores”, explica o coordenador executivo de Cultura, Carlos Fonseca.

“O evento deve reunir artistas, pais, mães, filhos e filhas de santo, bem como todos aqueles que reconhecem a importância de reconhecimento, valorização e integração dessas comunidades, tradicionalmente atingidas por processos de marginalização social, a proposta é a realização de um grande encontro constituído de oficinas, mesas temáticas, vivências e compartilhamento de experiências”, aponta.

Fonseca lembra que, apesar da liberdade religiosa ser garantida pela Constituição, a herança da escravidão, expressa nas várias formas de racismo, reforça de modo iterativo uma condição marginal para as religiões de matriz africana. “Este projeto é um esforço de resistência contra o desequilíbrio que contribui para a invisibilidade e a marginalização das religiões de matriz africana. Por meio da visibilidade, reivindica-se o reconhecimento e respeito”, pontua.

ROTEIRO

 A abertura do encontro acontece na sexta-feira (05), na Área de Convivência do Sesc Araraquara, com o show “Encontro de Tambores”, com Sapopemba. Não há necessidade de retirada prévia de convites: é só chegar e participar.

O ogã, cantor e percussionista Sapopemba pesquisou a cultura popular afro-brasileira por mais de 50 anos e mantém a memória viva de ritmos e canções de raiz africanas, passadas oralmente através de gerações. Inspirou o documentário “O Canto Afro de Sapopemba”, lançado pelo Sesc em 2019, e o documentário “Sapopemba pelos Amigos”, de Paula Rocha e Caio Csermak.

Na abertura do I Encontro de Tambores, o show de Sapopemba apresenta o álbum “Gbọ́”, lançado pelo Selo Sesc e primeiro solo do mestre alagoano aos 72 anos. Representa 30 anos de sua carreira musical e mais de 50 de atuação como ogã no Candomblé. Uma mescla de composições próprias com cantigas de Candomblé – das nações Ketu, Ijexá, Angola e Jêje – que mostram a diversidade musical das muitas Áfricas que aportaram ao longo dos séculos no Brasil.

Sábado (06) haverá: duas oficinas, cortejo de tambores, roda de capoeira e espetáculo musical. A oficina “Cantigas e toques afros e caboclos” abre a programação do sábado, às 10h, no Palacete das Rosas Paulo A.C. Silva, com mestre Sapopemba trazendo sua vivência nos terreiros de diversas nações. A oficina será dividida em duas partes: “Toques e cantigas afros (Angola, Ketu e Jejê)” e “Toques e cantigas caboclas – como se toca para caboclo no candomblé na mesa de Jurema, no Catimbó e na Xambá”. São 20 vagas gratuitas e as inscrições já podem ser realizadas pelo fone (16) 3322-2770.

À tarde, também no Palacete das Rosas, a partir das 14h tem a Oficina “Ngomas/Tambores”, com Daniel Antônio proporcionando uma vivência percussiva das possibilidades sonoras e do seu uso nos diversos ritmos dos cultos de matriz africana, numa prática em conjunto para estimular a reflexão e saberes das religiões afro-brasileiras e seus impactos na construção do fortalecimento e resistência do negro na comunidade.

Serão desenvolvidos exercícios que proporcionam a exploração, escuta e prática dos participantes e atividades que incentivam: a exploração do atabaque e agogô; aprender algumas levadas básicas nesses instrumentos; proporcionar uma vivência artística em grupo; conhecer os ritmos dos cultos de matriz africana; estimular a criatividade e desenvolver a coordenação entre o tocar e o cantar. São 25 vagas gratuitas e as inscrições também já podem ser realizadas pelo fone (16) 3322-2770.