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Autódromo de Jacarepaguá mais araraquarense do que nunca

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“Esta matéria é uma das memórias mais importantes do motociclismo de Araraquara; foi no dia em que participamos de uma corrida no Rio de Janeiro, no autódromo de Jacarepaguá, quando devolvemos uma participação de pilotos fluminenses que aqui em Araraquara vieram para participar de nossos eventos. Esse foi o início da carreira de todos os pilotos na história mencionados, que tornaram-se depois astros nacionais”.

Autodromo 1Definitivamente, o fim dos anos 60 e o começo dos anos 70 foram diferentes. A par do momento político, existia uma poética, uma simplicidade. Foi sem dúvida um momento lúdico. Dentro desta perspectiva, o movimento da liberdade, da emoção, do novo, ganhava cada vez mais adeptos. Não foi diferente em Araraquara e o nosso motociclismo, impulsionado pelas corridas de carro que aqui eram realizadas, com a presença ilustre de astros do automobilismo nacional, nomes como Marinho Camargo Filho, do famoso DKV nº10, Bird Clemente, Jan Balder, Wilsinho Fittipaldi, Karol Figueiredo entre outros, jovens da nossa comunidade iam formando um grupo de corredores que o tempo transformou em amizades duradouras.

O momento eufórico do novo, levava todos esses jovens a outros universos que naquele momento ainda era muito distante, e, assim quando surgiu a oportunidade da participação em uma corrida na cidade do Rio de Janeiro, rapidamente a organização da viagem, que tinha na liderança o advogado José Carlos Bonilha, na época presidente do Automóvel Clube de Araraquara, de quem em princípio o Moto Clube foi um irmão caçula. Diante disso, juntou-se uma enorme quantidade de pessoas, acompanhadas de suas lambretas, motonetas e motocicletas, vinte e duas ao todo, para a participação do evento.

Nem todos foram competir, ato este exclusivo de Eduardo Luzia, Dario Pires, José da Penha Moreira, Olympio Bernardes Ferreira Neto, Victorinho Barbugli, Evaldo Salerno, Jose (Duvilio) Roberto Tedeschi, José (Faito) Luccas Martinez, Diogo Martinez, Celso (Baiano Faito) Martinez, Sergio (Faito) Martinez, Luiz (Negão) Antonio Candido, Luiz Antonio Bianchini e ainda também, Francisco Circilli que era natural de Ribeirão Preto, porém por aqui filiado.

É BOM RECORDAR

A corrida foi realizada no autódromo antigo de Jacarepaguá e o transporte aconteceu em três veículos: um caminhão Ford F-600 dirigido por “Mingão” Machioni, uma perua Kombi sob a responsabilidade de Celso Falcão e uma perua Rural Willis, da família Barbugli.Autodromo 3

Na categoria especial os grandes duelos aconteceram entre as Ducati, Norton Manx e Silpo de Eduardo Luzia, Fifa Carmona, Ivo Caprotti, Fracisco Circilli, Olympio Bernardes e o chileno Kurt Horta, que veio especialmente para a prova.

Na cinquenta cilindradas, o duelo mais acirrado foi do carioca Contra-pino (Delmir Muniz), de Evaldo Salerno com sua Mondial, dos paulistas José de Oliveira Peixoto (Peixotinho) e de Adu Celso. Nesta época atribuía-se o título de campeão brasileiro por etapas e dessa turma, sem exceção, todos são detentores da áurea máxima.

Como sempre, a direção mecânica e técnica era do brilhante Adolpho Tedeschi Neto e o registro fotográfico do jovem Luis Carlos Oliveira e ainda a presença marcante de Luis Rossi e Ronaldo Mancini, o Nhé, da Santa Paula Parafusos.

As provas foram vencidas por Contra-pino (Delmir Muniz), Adu Celso e Ivo Caprotti e o Moto Clube de Araraquara ficou com a taça de maior equipe participante do evento.

Autodromo 2O autódromo, com muita insensatez foi demolido, mas a memória está preservada, foi num período recente da história, palco de estonteantes vitórias de Nelson Piquet e Valentino Rossi, mas nada se compara a oportunidade que tive, de ouvir com a voz embargada, do relato emocionado, com os olhos lacrimejados de Evaldo Salerno, descrevendo na palma da mão o traçado, as nuances, as oportunidades de ultrapassagens e os duelos em início de carreira com Adu, Delmir Muniz e Peixotinho, que marcaram definitivamente a sua vida que se confunde com a própria história do Moto Clube de Araraquara. Um tempo que deixou enorme saudade.

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Texto: Benedito Salvador Carlos, o Benê, com a colaboração de Pedro Scabello