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Erro não tem perdão em política

Por Aristóteles Drummond

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A política é uma arte que não perdoa erros. A arrogância, a autossuficiência, o deslumbramento pelo poder e o rompimento de compromissos acabam por ser cobrados. E embora a história registre estes erros, em todo o mundo, eles são repetidos com imensa frequência.

Uma boa lição de humildade é se observar a vida de homens que algum dia foram poderosos, depois de afastados de posições de mando. Quem soube honrar compromissos, manteve amigos, respeito, consideração. Os frios, egoístas, imprestáveis, omissos em relação a atos de grandeza, têm o final triste, vendo o capim crescer a sua porta, como se dizia antigamente. Ficam pessoas amargas, que, isoladas, agridem os poucos que o frequentam, quando não as próprias mulheres e filhos.

Nosso Imperador Pedro II errou ao convidar Silveira Martins para formar o governo e provocou com isso a fúria do Marechal Deodoro, fatal para o Império. O dr. Tancredo perdeu a eleição de 1960 para o governo de Minas, pois conspirou para substituir José Maria Alkmin no Ministério da Fazenda de JK. Não conseguiu seu intento, mas ganhou um adversário de muito peso. E, quando chegou a campanha de 60, viu o sonho de todo político mineiro perdido. Teve de esperar mais 22 anos para realizá-lo.

Invadir a Rússia gelada foi erro de Napoleão, e um século depois de Hitler. Ambos delirantes. Mussolini não tinha nada que entrar na guerra, deveria ter feito como Franco e Salazar, e teria vivido décadas no comando e no coração dos italianos.

Washington Luís foi deposto por romper o compromisso com Minas e tentar fazer sucessor paulista, Júlio Prestes. Jânio Quadros representou uma renúncia que não era para valer e, em um minuto, viu a jogada genial virar fumaça. Não contava com a sagacidade do mesmo Alkmin e a agilidade de Moura Andrade em acatar a carta de renúncia e declarar vaga a Presidência. Não restou a Jânio nada mais do que chorar em Cumbica.

O destino e as circunstâncias podem levar muitos ao poder. Mas só a competência permite a longevidade com dignidade e um lugar no coração dos seus contemporâneos ou sucessores.

Neste delicado momento da vida brasileira, um erro, um equívoco, pode custar caro não ao governo e suas forças políticas, mas ao próprio Brasil que vive uma rara oportunidade de encontrar, finalmente, seu grande futuro. Mas todo cuidado é pouco!

Aristoteles Drummond, é jornalista

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