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Thainara diz que vem sofrendo casos de racismo na Alesp e faz denuncia ao Ministério Público

Thainara Faria protocolou uma representação na Corregedoria da Alesp e outra no Ministério Público de São Paulo que se investigue os casos; em um deles funcionária foi afastada da função.

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Thainara ao denunciar os casos de racismo que vem sofrendo na Alesp

A deputada estadual por Araraquara, Thainara Faria, do PT, utilizou sua página nas redes sociais nesta sexta-feira (31) para denunciar os casos de preconceito racial que vem sofrendo na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Ela menciona em vídeo, chorando, que em duas oportunidade passou pelo constrangimento por ser negra.

“Hoje, após participar da cerimônia de entrega da Medalha Theodosina Ribeiro, fui vítima de racismo por parte de uma servidora da Alesp”, disse a deputada eleita em outubro do ano passado e empossada recentemente.

“Fui impedida de assinar o livro de presença, pois este era “apenas para os deputados”. No dia da minha posse, aconteceu a mesma coisa. Fui impedida de entrar no plenário por ser “exclusivo para deputados”, comentou a parlamentar.

Ela confessa que desde que chegou a ALESP tem sido vítima desse ódio que dói, humilha e mata. “Não vou aceitar isso. Não vou me calar, não vou deixar que isso passe impune”, destacou. Argumenta ainda que essa situação já teria passado por cerca de dez episódios.

Em um dos casos, ocorrido na última sexta-feira (25), durante uma solenidade da deputada Leci Brandão, Thainara foi impedida por uma servidora de assinar a lista de presença dos deputados, sob a alegação de que “esses livros são só para deputados”.

Thainara, deputada negra mostrou seu bóton de identificação de parlamentar, assinou o livro e, em seguida, deu entrevista à TV Alesp, momento em que ouviu a servidora reclamando para outra deputada: “é difícil”.

Revoltada, Thainara retornou até a servidora e a confrontou: “é difícil ser confundida todos os dias nessa Casa”.

A deputada contou que, pela manhã, havia solicitado às suas assessoras o bóton de identificação que havia esquecido em casa, mas num primeiro momento, o pedido foi negado. Ela insistiu e resistiu, até que acabou recebendo o acessório amarelo.

“Eu pedi o bóton para que eu não precisasse passar racismo. Porque não estão acostumados com mulher preta, jovem, de 28 anos, circulando por essa Casa. Eu sabia que por estar de trança seria confundida, queria evitar esse tipo de situação”, disse a deputada, que chorou na tribuna ao lembrar dos episódios.

“Dói muito toda hora sofrer racismo. Quando não dói, ele mata. E eu não quero que mais ninguém passe por isso”, completou.

Além do episódio da última sexta-feira, Thainara relatou que durante a cerimônia de posse na Alesp, foi confundida diversas vezes com outras pessoas e que uma policial e uma servidora pediram para que ela liberasse o caminho para que os deputados pudessem passar, mesmo após afirmar que era uma deputada eleita.

A deputada protocolou uma representação na Corregedoria da Alesp e outra no Ministério Público de São Paulo para que os casos sejam investigados.

O presidente da Alesp, André do Prado (PL), se solidarizou com Thainara Faria e afirmou ter determinado “de imediato” providências ao Secretário Geral Parlamentar, que substituiu a funcionária pública envolvida no episódio de sexta-feira. O caso será avaliado em âmbito administrativo.