O mercado pet em tempos de pandemia tem tido um bom crescimento nesse período, reflexo de um setor que já vem em ascensão nos últimos anos. De acordo com o IBGE, existem mais de 139 milhões de animais de estimação no país. Por trás deles, donos ávidos por novidades para agradar seus bichinhos. O resultado é um mercado aquecido, que deve atingir um faturamento de R$ 20 bilhões em 2020. Hoje, o Brasil é o segundo maior mercado pet do mundo, com 5% da fatia do faturamento global, de US$ 124,6 bilhões.
Da mesma forma que humanos estocaram alimentos e medicamentos, por exemplo, os donos dos pets também se preocuparam em garantir a alimentação e saúde de seus bichos de estimação. Desde o início da pandemia, o setor disparou em 30%.
A Zee.Dog e a Zee.Now têm recebido uma demanda ainda maior durante a pandemia da Covid-19. Tanto o e-commerce da marca, quanto o aplicativo de delivery, que apenas durante a quarentena teve crescimento de 40% no total de pedidos e 52% de aumento no volume de receita. Além disso, o número de downloads do App, em menos de um ano, já totaliza mais de 230 mil, sendo 60 mil apenas entre os meses de fevereiro e março. Além disso, as marcas também estão com demandas tanto para produtos essenciais, o que já era esperado, quanto para os não essenciais, como brinquedos e acessórios. A demanda representa 65% x 35%, respectivamente.
O setor pet também teve aumento na venda de produtos de higiene, devido à redução da frequência de passeios na rua. A Dog’s Care, por exemplo, viu um aumento de 30% nas vendas de tapetes higiênicos e fraldas em seu site. Ana Carolina Vaz, cofundadora e CEO da marca, acredita que, com a redução de passeios, donos têm visto a importância em manter os cuidados também com os animais de estimação.
O setor pet foi considerado como essencial em meio à pandemia e, por isso, a empresa manteve todo seu time administrativo/comercial home office e parte de seus funcionários da fábrica trabalhando. Ana explica que, na linha de produção, houve reforço nos cuidados de prevenção e higiene, com avisos espalhados por toda a empresa e alinhamento diário para conscientização. “Já temos na nossa prática o uso de máscaras e álcool em gel em todas as estações, pois trabalhamos com produtos que são esterilizados, mas estamos redobrando os esforços e cuidados para evitar a transmissão do vírus, inclusive medindo a temperatura de todos duas vezes ao dia. Outra ação importante foi a contratação de uma empresa para vacinação de todos contra H1N1”, pontua.
Além disso, vendo a preocupação de lojistas do setor, a equipe de vendas da Dog’s Care criou um movimento de conscientização do mercado pet por meio de vídeos sobre as melhores formas de lidar com clientes durante esse período.
As medidas de prevenção estabelecidas para o combate à pandemia do novo coronavírus, com o fechamento de alguns estabelecimentos comerciais e a determinação de distanciamento social, também afetaram a rotina de pet shops e clínicas veterinárias. Apesar de considerados serviços essenciais, eles têm funcionado com algumas restrições, como, por exemplo, em relação aos serviços de banho e tosa, que não estão autorizados em muitas localidades do país.
De acordo com a analista do Sebrae, Hannah Salmen, agora é o momento de buscar diminuir os prejuízos causados pela pandemia e aproveitar o período de confinamento em casa para incentivar, junto aos clientes, atividades que possam gerar mais conexão entre o tutor e os seus bichinhos de estimação. “Passar mais tempo em casa significa ampliar essa conexão, estar mais atento à sua alimentação, ao enriquecimento ambiental, com atividades que possam demandar brinquedos e outras atividades”, analisou.
O ARARAQUARENSE FELIPE MOURA
Felipe de Carvalho Moura, CEO da Pet Moura, empresa que está no mercado pet há 25 anos desenvolvendo softwares para o mercado, observou que: “Na terceira semana de março foi visível o susto e a mudança de comportamento dos consumidores, quando as 1.800 lojas espalhadas pelo Brasil, que são clientes de nosso software tiveram o aumento de 75% na venda de ração e medicamentos. Depois logicamente caiu abaixo do fluxo normal nas semanas seguintes, entretanto, agora, praticamente todas estão com seu fluxo normalizado”, avaliou o empresário.
Para Moura o mercado pet foi um dos menos atingidos com a crise. “De uma maneira geral o segmento pet foi muito menos atingido, praticamente na minha avalição, já está praticamente entrando no ritmo normal quando falamos da ponta, o consumidor final. Já na cadeia como um todo, quem tem sofrido o reflexo da crise tem sido a cadeia fabricante, atacadista e distribuidores. Todos diminuíram seus prazos de pagamento dos pequenos varejistas, que por sua vez ‘queimaram’ seus estoques antes de recomprar, aumentando o ciclo de reposição. E dentro desse período, muitas fábricas, principalmente de acessórios, acabaram fechando”, argumentou o CEO.
Com essa vida “cibernética” o CEO da Pet Moura acredita que a visão de mundo já mudou e de mercado também. Quem não se adaptou à era on-line terá que acelerar o seu processo para garantir a vida no universo pós-pandemia.
“Quando realmente acabar essa pandemia ou desenvolverem a vacina, o mundo já terá mudado radicalmente em seus costumes e, principalmente, a forma de compra e consumo. Quem não se preparar para esse novo mundo terá desaparecido. Hoje o mundo é multicanal (omnichannel), você precisa fazer delivery, precisa estar no e-commerce, nos marketplaces, no app e nos aplicativos de mensagens, enfim, precisa estar ligado no universo on-line. Antes da pandemia até o final de fevereiro, mais ou menos, o e-commerce representava 5% das vendas do varejo no Brasil. Hoje já deve estar acima de 15%. O coronavírus está sendo o principal fator para transformação digital que está ocorrendo mundialmente e será feita ‘5 anos em 5 meses’”, conclui Felipe.
Nota da Redação: Reportagem publicada pela Revista NP – Negócios Pet