Por Juraci Brandão de Paula
O músico João Carlos Mazzei conta que, quando Caldeira começou a montar Os Bruxos, o convidou para tocar. Como tinha apenas quinze anos, Caldeira teve que falar com o seu pai, João Mazzei, que também era seu colega de trabalho no DER. O pai concordou mas impôs condições. Iria acompanhar o filho, menor de idade, nos locais onde o conjunto fosse se apresentar. Realmente, em todos os bailes dos Bruxos na nossa região, sempre tinha uma mesa reservada para o João Mazzei, sua esposa Maria Aparecida Alves Mazzei e a filha Vânia Maria. Por motivos escolares o Mazzei acabou saindo do conjunto. Entretanto ao criar o Grupo 5, Caldeira foi buscá-lo novamente que, agora com 18 anos, já não precisou mais da autorização dos pais. O Betão, Arlindo, Haroldo e Paulão já estavam no grupo e ensaiando. Então chegou o Mazzei e, posteriormente, veio o Aníbal. O Paulão confessa que eles todos eram praticamente iniciantes, exceção feita ao Aníbal que tinha tocado nos Atômicos e ao Mazzei nos Bruxos.
Então, segundo o Arlindo, a primeira formação ficou da seguinte forma: José Roberto de Oliveira (Betão), baixo e voz; Paulo Cezar Benetti Mendes (Paulão), bateria; João Carlos Mazzei, teclado; Haroldo Ribeiro da Silva, sax; Arlindo Pires, guitarra base e vocal e Aníbal Ângelo Romano, guitarra solo.
Definidos os músicos, começaram os ensaios para montar um repertório para bailes jovens, com músicas que passavam por vários cantores e grupos como Tim Maia (“Eu amo você”, “Azul da cor do mar”, “É primavera”), Terry Winter (“Summer holiday”) e pelos Pholhas (“My mistake”). Incluía também clássicos da excelente banda norte-americana de soft-rock, o grupo Bread, com suas canções românticas como: “If” de 1971 e“Baby I’m a want you”, “Everything I own”,“The guitarman”e “Down on my knees”, todas de 1972.
O uniforme era um terno vermelho e, o primeiro baile, foi o réveillon de 1972 em Ibitiuva, um povoado com cerca de 2.000 habitantes na época, distrito de Pitangueiras/SP, onde o Paulão tinha morado.
Os bailes eram mais nas cidades da nossa região, e lá estava sempre o médico, advogado e professor, Dr. Guaracy Lourenço da Costa (já falecido), amigo da família Mazzei, que adorava o grupo. Com o passar do tempo e maior experiência e entrosamento dos músicos, Caldeira passou a vender bailes também em algumas cidades de outros estados, como o norte do Paraná, sul de Goiás e Minas Gerais.
No final de 1973, com a saída de alguns componentes, o conjunto adotou o nome de “Paranóia”, tendo a seguinte formação: Paulo Benetti (bateria), Sergio Sanches (baixo e voz), Luiz Antonio Pavan (guitarra), Flavio Gattaz (teclado e voz), Marco Antônio Pascoal (Totó / voz e percussão). Depois de sua primeira fase, a banda passou por essa outra, que podemos chamar de intermediária, que durou pouco tempo. Pedro Caldeira constatou que o novo nome não era sugestivo o bastante e não ajudava a vender os bailes.
A ÚLTIMA PARADA
Os músicos então retornaram o nome para “Grupo 5”, adquiriram novos instrumentos e aparelhagens, deixaram Pedro Caldeira, passando a ser independentes e exclusivamente empresariados agora pela Som de Ouro – Promoções Artísticas Ltda, de Pedro Rodrigues (Mugão). Essa segunda e última fase durou até final de 1975.
Gattaz conta que nesta formação a banda ficou madura, com músicos mais experientes, exceção feita apenas no seu próprio caso. Som mais pesado e melhor qualidade, graças aos novos equipamentos, deram um toque de requinte.
O repertório adequado para bailes agradava o público formado de jovens e adultos, tocando Deep Purple, Sant’Anna, Pink Floyd mas também sambas, boleros e músicas românticas. Passaram a tocar em cidades da região como Jaú, Bauru, Ribeirão Preto, Bebedouro, Sertãozinho, Barretos, com o calendário fechado para o ano todo em cidades nos estados vizinhos, por sinal onde já tocavam (norte do Paraná e sul de Minas Gerais e Goiás).